Há
livros cuja leitura - a nível exclusivamente pessoal - transcende a
qualidade intrínseca da obra. Para mim, este é um deles.
Começo
então por aí. Para alguém que utiliza muito do seu tempo a
divulgar banda desenhada (no caso), é sempre gratificante quando
vejo as minhas sugestões reconhecidas e/ou apreciadas ou
simplesmente comentadas ou sublinhadas.
No
que diz respeito às edições da Sergio Bonelli Editore, há mais de
uma década que as venho a divulgar. Só aqui no blog, há mais de
200 entradas com essa
etiqueta, porque acredito que as suas propostas variadas, de uma
qualidade média muito interessante, apesar do seu pendor comercial e
do seu direccionamento global
para o grande público, mereciam a atenção dos editores
- e dos leitores -
portugueses.
Agora,
depois das apostas da Polvo em Tex - nas colecções Tex
Romance Gráfico
e Universo
Tex
- e da colecção
Bonelli
com que a Levoir e o Público nos brindaram no ano passado,
surge a vez de a G. Floy começar a mergulhar
no arquivo Bonelli, propondo-nos - para já...?
- dois títulos de Dylan Dog... e deixando em aberto a possibilidade
de explorar outras séries da editora nesta nova colecção Aleph,
criada para publicar obras que saem da linha - de comics - mais
habitual da editora, e onde poderemos vir a encontrar também títulos
de outras proveniências europeias, nomeadamente franco-belga.
Mas
não é só pela minha 'ligação' com a Bonelli e mesmo com Dylan
Dog que este será um dos meus grandes destaques deste mês.
Paradoxalmente,
se Dylan Dog - depois do bom acolhimento de Mater
Morbi
e dos dois volumes (A
saga de Johnny Freak
e Os
Inquilinos Arcanos)
incluídos na colecção já citada - era a proposta mais óbvia para
a G. Floy no catálogo Bonelli, quer pela imensa popularidade que
goza em Itália (onde as vendas chegaram a ultrapassar as de Tex),
quer pela boa aceitação fora do círculo alargado de quem lê BD,
quer pela forma como aborda a temática fantástica, em
paralelo muitas
vezes será 'pouco popular' - ou de difícil
compreensão... - para o tal 'grande público'.
O Velho que lê,
demonstra uma das grandes qualidades das edições Bonelli: a sua
excelência gráfica. O trabalho de traço fino de Fabio Celoni é
magnífico: os rostos são expressivos, os fundos pormenorizados, a
variação dos ângulos de aproximação às cenas multiplica-se,
a transição entre diversos contextos narrativos faz-se sem choques
nem sobressaltos e há neste volume uma série de pranchas soberbas,
pela
sua qualidade plástica, o
seu ritmo e/ou montagem. [Como
aliás foi possível observar nos originais, durante o recente
Coimbra BD.]
Mas,
para além do seu excelente desempenho gráfico, Fabio Celoni, um dos
poucos
autores completos de Dylan Dog, oferece-nos igualmente uma narrativa
cativante em que, a pretexto do misterioso desaparecimento de um
velho que passava (literalmente) os dias a ler, nos leva por uma
divagação melancólica e onírica pelos problemas da velhice e da
solidão e pelos prazeres da leitura e do conhecimento. Entre
fantasmas e pesadelos, sonhos e anseios, somos transportados num
relato incómodo pela forma como nos obriga a deixar as nossas zonas
de conforto e a mergulhar em conceitos, propostas e desafios que
fogem ao habitual.
Mas
- outra vez - a edição não fica por aqui e presenteia-nos
igualmente com A
Pequena Biblioteca de Babel,
uma daquelas pequenas pérolas com que a BD por vezes nos deleita.
É
uma história de apenas 16 páginas, em que os criadores de Dylan
Dog, Tiziano Sclavio e Angelo Stano, numa nova incursão (não
convencional) na literatura, a coberto de uma escapadela romântica
de DD, presumivelmente com uma das suas (belas e sensuais) clientes,
nos desvendam um dos maiores mistérios da humanidade: quem somos, de
onde vimos, para onde vamos. E porque desaparecemos às vezes.
Dylan Dog: O velho que lê
Fabio Celoni e Tiziano Sclavi (argumento)
Fabio Celoni e Angelo Stano (desenho)
G. Floy
Portugal, Março de 2019
170 x 230 mm, 120 p.,
pb, capa dura
12,50 €
Olá,
ResponderEliminareste livro do dylan dog já se encontra nas bancas? Li por aí que estaria em banca a partir de dia 20 de março mas ainda não o vii em lado nenhum...
Trouxe o meu do Coimbra BD...
EliminarEra suposto ter sido distribuído hoje, mas ainda não tive qualquer confirmação nesse sentido.
Boas leituras!
Muito obrigado! Vou andar atento.
ResponderEliminarInominável, O Velho que lê vai ser distribuído no dia 10 de Abril. Houve um atraso na gráfica a entregar a edição, que motivou este atraso na distribuição.
ResponderEliminarO segundo volume desta colecção, Até que a Morte vos Separe, vai chegar às bancas sensivelmente u mês depois, em inícios de Maio, mas antes disso estará em pré-venda nas Jornadas do Clube Tex Portugal, na Anadia, na presença do desenhador, Bruno Brindisi.
Olá JML, muito obrigado pela informação.
EliminarOlá, parece que anteciparam o lançamento do Até que a morte vos separe, pois já está nas bancas mas o Velho que lê ainda não apareceu em banca.
EliminarSegundo informação da editora, devido a um erro nos armazéns da distribuidora VASP, o volume 2 de Dylan Dog - Até que a morte vos separe - foi distribuído antes do volume 1 - O velho que lê. Este último será distribuído a partir de dia 17.
EliminarA apresentação oficial de Até que a morte vos separe continua agendada para a 6.ª Mostra do Clube Tex, em Anadia, nos dias 28 e 29 de Abril, onde estará presente o seu desenhador, Bruno Brindisi.
Boas leituras!