Depois
do magnífico O velho que lê,
a
segunda aposta da G. Floy em Dylan
Dog é
este
Até
que a morte vos separe,
uma das histórias ‘fundadoras’ da série.
Razões
para uma recomendação expressa da sua leitura e alerta para um
grave problema…
E
ainda - como diria alguém - ou principalmente, porque narra a grande
paixão que Dylan Dog viveu com Lillie Conolly, uma activista do IRA
- o Exército
de Libertação Irlandês, responsável por inúmeros atentados - e,
possivelmente, como essa relação que
se revelou trágica
afectou todas as suas relações amorosas futuras.
O
conflito, que opôs os nacionalistas irlandeses e os britânicos anos
a fio e que assumiu proporções mais fatídicas - ou mais
mediáticas…? - nas décadas de 1970 e 1980, serve aliás de pano
de fundo e tema central a toda esta história, forte, densa e com uma
elevada carga realista - algo
que
não é muito
vulgar
em Dylan Dog - questionando a forma de actuar de ambas as partes - o
IRA e a polícia britânica.
Com
Dylan afectado pela morte de um colega da polícia num atentado e
dividido entre a sua obrigação profissional, as dúvidas sobre a
justeza dos seus actos, o amor que sente por Lillie e as mudanças
comportamentais desta, Até
que a morte vos separe,
pelo seu tom realista, as diversas referências factuais que
apresenta e
algumas citações que expôem o lado culto da série, é não só
uma óptima porta de entrada em
Dylan Dog
como também um belo exemplo do seu potencial, que a tornou leitura
de culto fora
do círculo dos
leitores habituais de BD.
...embora
seja
importante referir que Dylan Dog apresenta
um grave problema: a sua
leitura
vicia, deixa o leitor carente de mais e os meses que previsivelmente
será necessário esperar por
nova
edição portuguesa, certamente serão muito difíceis de passar.
Nota
1
O
título português - Até
que a morte vos separe
- não faz jus ao título original italiano - Finché
morte non vi separi,
literalmente ‘Até que a morte não vos separe’.
Se
a frase utilizada em português é a fórmula tradicional dos
casamentos e faz sentido numa óptica de interpretação literal do
relato, o original era bem mais forte pois, para além de utilizar um
trocadilho, algo muito habitual em Dylan Dog, apontava igualmente
para a perpetuação da relação de Dylan e Lillie, através das
memórias, recordações e marcas que deixou no detective.
Nota
2
Este
livro - já distribuído nas bancas e quiosques desde
o dia 10 devido
a um erro da distribuidora, tal como aliás O
Velho que Lê que
chegou a 17 -
terá apresentação oficial na 6.ª Mostra do Clube Tex Portugal,
que decorre em Anadia nos próximos dias 27 e 28 de Abril, e na qual
estará presente o seu (excelente) desenhador, Bruno Brindisi.
Nota 3
Esta é uma edição histórica e única, pois é a primeira vez que Até que a morte vos separe é publicada a preto e branco, pois a edição original da Sergio Bonelli Editore era a cores, com o belo preto e branco de Brindisi coberto pelas (então) cores planas da editora.
Nota 3
Esta é uma edição histórica e única, pois é a primeira vez que Até que a morte vos separe é publicada a preto e branco, pois a edição original da Sergio Bonelli Editore era a cores, com o belo preto e branco de Brindisi coberto pelas (então) cores planas da editora.
Dylan
Dog: Até que a morte vos separe
Mauro
Marcheselli e Tiziano Sclavi (argumento)
Bruno
Brindisi (desenho)
G.
Floy
Portugal,
Abril de 2019
170
x 230 mm, 120 p., pb, capa dura
12,50
€
Um bom resumo/comentário, Pedro. Este livro é muito importante para para compreensão e contextualização de muitos aspectos da série, apontados no resumo. Mas funciona também muito bem sozinho como um todo.
ResponderEliminarApesar de não ser uma obra prima como o Mater Morbi, gostei mais deste do que "O velho que lê". A única coisa que não gostei foi o facto de terem mantido uma capa de cores tão garridas para uma edição a PB.
Que continuem a vir mais como este, e de preferênica evitar outros como "Os Inquilinos Arcanos" (livro completo) que achei sem conteúdo substantivo.
Como fã de Dylan Dog, agradeço muito a publicação destes dois livros. Há uma grande saudade de poder comprar os livrecos da Bonelli nos quiosques, em particular Julia
ResponderEliminaronde se pode comprar agora sem ser em quiosques?
ResponderEliminarAs duas edições de Dylan Dog da G. Floy serão distribuídas nas livrarias no início/meados de Junho.
ResponderEliminarNo imediato podem ser encomendadas directamente à editora e possivelmente encontram-se à venda em livrarias especializadas como a Dr. Kartoon (Coimbra) ou Kingpin Books (Lisboa).
Boas leituras!