22/04/2019

Dylan Dog: Até que a morte vos separe

Cuidado!






Depois do magnífico O velho que lê, a segunda aposta da G. Floy em Dylan Dog é este Até que a morte vos separe, uma das histórias ‘fundadoras’ da série.
Razões para uma recomendação expressa da sua leitura e alerta para um grave problema…
Embora corresponda ao volume #121 da série original italiana - número especial para assinalar os 10 anos da publicação de DD - esta história deve ser encarada como uma das fundadoras da série, pois nela são-nos apresentadas as razões que levaram o investigador do pesadelo a deixar - a ser expulso… - da Scotland Yard o que, posteriormente, o levaria a abrir a sua própria agência de detectives. É importante também porque assinala o seu primeiro encontro com o seu (futuro) assistente Groucho Marx (clone do célebre actor cómico) e porque nos mostra a relação próxima com o inspector Bloch, da polícia britânica.
E ainda - como diria alguém - ou principalmente, porque narra a grande paixão que Dylan Dog viveu com Lillie Conolly, uma activista do IRA - o Exército de Libertação Irlandês, responsável por inúmeros atentados - e, possivelmente, como essa relação que se revelou trágica afectou todas as suas relações amorosas futuras.
O conflito, que opôs os nacionalistas irlandeses e os britânicos anos a fio e que assumiu proporções mais fatídicas - ou mais mediáticas…? - nas décadas de 1970 e 1980, serve aliás de pano de fundo e tema central a toda esta história, forte, densa e com uma elevada carga realista - algo que não é muito vulgar em Dylan Dog - questionando a forma de actuar de ambas as partes - o IRA e a polícia britânica.
Com Dylan afectado pela morte de um colega da polícia num atentado e dividido entre a sua obrigação profissional, as dúvidas sobre a justeza dos seus actos, o amor que sente por Lillie e as mudanças comportamentais desta, Até que a morte vos separe, pelo seu tom realista, as diversas referências factuais que apresenta e algumas citações que expôem o lado culto da série, é não só uma óptima porta de entrada em Dylan Dog como também um belo exemplo do seu potencial, que a tornou leitura de culto fora do círculo dos leitores habituais de BD.
...embora seja importante referir que Dylan Dog apresenta um grave problema: a sua leitura vicia, deixa o leitor carente de mais e os meses que previsivelmente será necessário esperar por nova edição portuguesa, certamente serão muito difíceis de passar.
Ficam avisados, para decidirem por vossa conta e risco...

Nota 1
O título português - Até que a morte vos separe - não faz jus ao título original italiano - Finché morte non vi separi, literalmente ‘Até que a morte não vos separe’.
Se a frase utilizada em português é a fórmula tradicional dos casamentos e faz sentido numa óptica de interpretação literal do relato, o original era bem mais forte pois, para além de utilizar um trocadilho, algo muito habitual em Dylan Dog, apontava igualmente para a perpetuação da relação de Dylan e Lillie, através das memórias, recordações e marcas que deixou no detective.

Nota 2
Este livro - já distribuído nas bancas e quiosques desde o dia 10 devido a um erro da distribuidora, tal como aliás O Velho que Lê que chegou a 17 - terá apresentação oficial na 6.ª Mostra do Clube Tex Portugal, que decorre em Anadia nos próximos dias 27 e 28 de Abril, e na qual estará presente o seu (excelente) desenhador, Bruno Brindisi.

Nota 3
Esta é uma edição histórica e única, pois é a primeira vez que Até que a morte vos separe é publicada a preto e branco, pois a edição original da Sergio Bonelli Editore era a cores, com o belo preto e branco de Brindisi coberto pelas (então) cores planas da editora.

Dylan Dog: Até que a morte vos separe
Mauro Marcheselli e Tiziano Sclavi (argumento)
Bruno Brindisi (desenho)
G. Floy
Portugal, Abril de 2019
170 x 230 mm, 120 p., pb, capa dura
12,50 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

4 comentários:

  1. Um bom resumo/comentário, Pedro. Este livro é muito importante para para compreensão e contextualização de muitos aspectos da série, apontados no resumo. Mas funciona também muito bem sozinho como um todo.
    Apesar de não ser uma obra prima como o Mater Morbi, gostei mais deste do que "O velho que lê". A única coisa que não gostei foi o facto de terem mantido uma capa de cores tão garridas para uma edição a PB.
    Que continuem a vir mais como este, e de preferênica evitar outros como "Os Inquilinos Arcanos" (livro completo) que achei sem conteúdo substantivo.

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  2. Como fã de Dylan Dog, agradeço muito a publicação destes dois livros. Há uma grande saudade de poder comprar os livrecos da Bonelli nos quiosques, em particular Julia

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  3. onde se pode comprar agora sem ser em quiosques?

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  4. As duas edições de Dylan Dog da G. Floy serão distribuídas nas livrarias no início/meados de Junho.
    No imediato podem ser encomendadas directamente à editora e possivelmente encontram-se à venda em livrarias especializadas como a Dr. Kartoon (Coimbra) ou Kingpin Books (Lisboa).
    Boas leituras!

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