25/10/2019

Lúcio Oliveira: “Estava numa missa quando me veio a ideia de criar um personagem beberrão”







Chama-se Lúcio Oliveira, é brasileiro, um dos convidados do Amadora BD e uma das apostas recentes da Polvo. Tudo graças a Edibar, um dos heróis dos quadradinhos mais politicamente incorrectos da actualidade, que há mais de uma década deixa a sua marca e o seu (mau) hálito na internet, onde nasceu, no jornal A Folha Londrina e na revista Expresso, em edições da HQM e a partir de amanhã também da Polvo.
O lançamento de dois volumes da Edição Integral das tiras de Edibar tem lugar amanhã, às 16h15 no auditório do Fórium Luís de Camões onde está a decorrer o 30.º Amadora BD e o autor estará presente para autógrafos nos dias 26 e 27 de Outubro e 1, 2 e 3 de Novembro.
A entrevista que se segue, foi feita por correio electrónico e ajuda a conhecer melhor o autor e, principalmente, a personagem.

As Leituras do Pedro - Como nasceu o Edibar?
Lúcio Oliveira - Uma vez eu estava numa missa na igreja, em meados de 1999, quando de repente um homem bêbado entrou pela porta lateral, passou por detrás do padre e acendeu o cigarro na vela do altar, saiu pela outra porta sem que o padre percebesse. Eu, que já trabalhava como chargista no jornal da cidade e ainda não tinha criado nenhum personagem, foi aí que me veio a ideia de criar um personagem beberrão.
As outras peças/personagens foram juntadas de anos frequentando os botecos da vida e vendo várias situações engraçadas que meus amigos e frequentadores do boteco passaram.
As Leituras do Pedro - Como é possível criar alguém tão desagradável, cretino e mal-educado?
Lúcio Oliveira - Me inspirei nos amigos brasileiros. Por aqui, todo mundo conhece um Edibar da vida.

As Leituras do Pedro - Quanto do Lúcio Oliveira há nele?
Lúcio Oliveira - A sinceridade do personagem. Edibar fala o que pensa mas tem o coração bom. No fundo ele é um cara legal. (Bem no fundo. (Do copo))

As Leituras do Pedro - O Edibar é o sonho de todos os homens?
Lúcio Oliveira - Com certeza. Falar a verdade sem consequências, viver no Bar, fazer aventuras com os amigos, poder admitir que não gosta da sogra e ter noitadas com mulheres, é o sonho de todo homem. Inclusive para uma legião de fãs, Edibar é um herói.

As Leituras do Pedro - Pensa que há muitos leitores que se revêem no Edibar?
Lúcio Oliveira - Muitos. Até as próprias esposas marcam os maridos nos comentários das tiras que posto no facebook para compará-los. Me divirto muito com os comentários nas redes sociais.

As Leituras do Pedro - O Edibar tem alguns limites?
Lúcio Oliveira - Ele não é agressivo, não usa drogas e não fala palavrão.
As Leituras do Pedro - Posso perguntar em quem se inspirou para criar a Edimunda?
Lúcio Oliveira - Edibar precisava de um motivo para beber. Então criei a mulher e a sogra.

As Leituras do Pedro - Num tempo em que impera o politicamente correcto, como têm sido recebidas as tiras do Edibar?
Lúcio Oliveira - Tenho uma aceitação de 100% dos leitores pois Edibar sempre se dá mal no final das histórias. A cada vez que ele apronta uma, ele tem alguma consequência.
Também tomo o cuidado de colocar um linguajar apropriado, não falar sobre religião, política e futebol. Confesso que muitas piadas foram para o lixo justamente por estarmos vivendo nesse campo minado.
Invisto em coisas do cotidiano e assuntos neutros.

As Leituras do Pedro - Volta e meia, o Edibar encontra Tex e os seus amigos. Por que é que isto acontece? Ele está a candidatar-se a ser o quinto pard?
Lúcio Oliveira - Eu sou um grande fã do Tex e Kit Carson. Não passo um dia sem ler uma aventura do Tex.
Então me inspirei em fazer algumas aventuras do Edibar no mundo Western. Mas não seria ruim ter o Edibar como o quinto pard!

As Leituras do Pedro - O salto da internet para livros, no Brasil e agora em Portugal, significa o quê?
Lúcio Oliveira - A consolidação do personagem. Por mais que a internet ultrapasse as barreiras, manusear um livro é um prazer inigualável. Após meu primeiro livro lançado, pude ver o quão aceito é o meu trabalho. E agora em Portugal só prova que estou no caminho certo. Isso me motiva ainda mais a levar humor e alegria por onde o Edibar passar, inclusive além do oceano.

 

(entrevista tornada possível por Rui Brito, da editora Polvo, a quem As Leituras do Pedro agradecem a oportunidade; imagens disponibilizadas pela editora ou recolhidas na página de Facebook da personagem; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

6 comentários:

  1. E eu quero "Um sábado qualquer"!!!! Polvo? Não querem arriscar no Ruas e nos seus deuses???
    Relativamente ao Edibar, tenho pena que ele não arrisque religiões (incluindo o futebol), mas percebo inteiramente a razão....
    Estes serão aquisição certa:
    - porque já acompanho o Edibar à algum tempo
    - poprque faltam edições de humor na "enxurrada" de edições que estão surgindo nesta terrinha

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    1. Idem Idem Aspas Aspas

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    2. Um sábado qualquer está dentro do livro que sai do Quintanilha Folia de Reis.

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    3. Sim, o Folia de Reis que a Polvo lançou agora. no Amadora BD, inclui os livros Sábado dos meus amores e Almas Públicas.
      Boas leituras!

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  2. Eu sou fa numero 1 do Edibar,seu criador e um mestre em tirinhas,

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  3. Tiras bem humoradas, com excelentes desenhos...Parabéns!

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