Se quando li o primeiro volume de Moonshine: Sangue e Whisky, me convenci que era uma - boa! - história fechada, o saber que teria continuação deixou-me de pé atrás - tantas vezes desiludido por o sucesso de uma narrativa desencadear sequelas menores…
Não
aconteceu desta vez - não se trata sequer de uma sequela, mas sim da
continuação de um arco de história, agora
fechado
- e Azzarello e Risso saíram-se
bem da empreitada.
Recordo
o contexto: nos
anos 1930, em plena Lei Seca, um gangster nova-iorquino é enviado à
província para garantir o fornecimento da produção de um habitante
local, que se distingue pela sua qualidade. No entanto, o que
aparentava ser uma questão simples, revela-se complicado pois os
‘campónios’ não o são tanto assim, as beldades locais dão-lhe
a volta à cabeça e o aparecimento de um - ou mais? - lobisomens vão
tornar tudo (muito mais) complicado, com os cadáveres a
multiplicarem-se.
Partindo
do ponto em que terminou o volume #1, Azzarello e Risso vão
revelando contornos do passado dos diversos intervenientes e
complicando os respectivos presentes. A chegada de mais gangsters
face ao falhanço do primeiro, a divisão da família local produtora
da bebida alcoólica tão desejada, as intervenções do lobisomen e
os vários confrontos, fazem com que a violência dispare, o sangue
abunde, o suspense cresça e vão sendo frustradas as sucessivas
suposições dos leitores.
Tudo
num relato desenhado por Eduardo Risso em traço fino, de forma hábil
e expressiva, que fazendo uso de grandes planos e de uma
planificação de vinhetas sobrepostas lhe confere um grande
dinamismo e um ritmo à medida das sucessivas surpresas.
Uma
palavra final para o soberbo trabalho de cor de Risso com Cristian
Rossi, assente em tons planos e blocos (quase) monocromáticos que
conferem o ambiente e acentuam o tom narrativo.
Capas
Nem
sempre são valorizadas, mas uma boa capa é meio caminho para
melhores vendas. Se é verdade que até considero que as capas destas
compilações estão longe de ser das mais conseguidas graficamente
por Risso, acho imperativo que vejam com atenção as ilustrações
que separam os capítulos e que na origem ornamentaram os comics
originais.
E
que apreciem como com - aparente e enganadora - economia de meios,
que é como quem diz ilustrações despojadas e circunscritas a uma
área limitada da capa, nalguns casos só recortadas no fundo, e uma
paleta de cores muito limitada em cada caso, é possível dizer tanto
- ou tão pouco… e estimular o leitor.
Em tempo útil
Tem
acontecido entre nós cada vez com, mas isso não significa que se
deixe de destacar: este volume 2 de Moonshine tem menos de um
ano nos Estados Unidos e surge menos de um ano após a edição
nacional do primeiro.
Moonshine
#2 Comboio da Tormenta
Brian
Azzarello (argumento)
Eduardo
Risso (desenho)
Eduardo
Risso e Cristian Rossi (cor)
G.
Floy
Portugal,
Outubro de 2019
190 x 280 mm, capa dura, 152 p.,
cor, capa dura
ISBN: 978-87-65938-65-7
14,00
€
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