06/11/2019

Moonshine #2 Comboio do Tormento

Afinal continua… e bem!




Se quando li o primeiro volume de Moonshine: Sangue e Whisky, me convenci que era uma - boa! - história fechada, o saber que teria continuação deixou-me de pé atrás - tantas vezes desiludido por o sucesso de uma narrativa desencadear sequelas menores…
Não aconteceu desta vez - não se trata sequer de uma sequela, mas sim da continuação de um arco de história, agora fechado - e Azzarello e Risso saíram-se bem da empreitada.
Recordo o contexto: nos anos 1930, em plena Lei Seca, um gangster nova-iorquino é enviado à província para garantir o fornecimento da produção de um habitante local, que se distingue pela sua qualidade. No entanto, o que aparentava ser uma questão simples, revela-se complicado pois os ‘campónios’ não o são tanto assim, as beldades locais dão-lhe a volta à cabeça e o aparecimento de um - ou mais? - lobisomens vão tornar tudo (muito mais) complicado, com os cadáveres a multiplicarem-se.
Partindo do ponto em que terminou o volume #1, Azzarello e Risso vão revelando contornos do passado dos diversos intervenientes e complicando os respectivos presentes. A chegada de mais gangsters face ao falhanço do primeiro, a divisão da família local produtora da bebida alcoólica tão desejada, as intervenções do lobisomen e os vários confrontos, fazem com que a violência dispare, o sangue abunde, o suspense cresça e vão sendo frustradas as sucessivas suposições dos leitores.
Tudo num relato desenhado por Eduardo Risso em traço fino, de forma hábil e expressiva, que fazendo uso de grandes planos e de uma planificação de vinhetas sobrepostas lhe confere um grande dinamismo e um ritmo à medida das sucessivas surpresas.
Uma palavra final para o soberbo trabalho de cor de Risso com Cristian Rossi, assente em tons planos e blocos (quase) monocromáticos que conferem o ambiente e acentuam o tom narrativo.

Capas
Nem sempre são valorizadas, mas uma boa capa é meio caminho para melhores vendas. Se é verdade que até considero que as capas destas compilações estão longe de ser das mais conseguidas graficamente por Risso, acho imperativo que vejam com atenção as ilustrações que separam os capítulos e que na origem ornamentaram os comics originais.
E que apreciem como com - aparente e enganadora - economia de meios, que é como quem diz ilustrações despojadas e circunscritas a uma área limitada da capa, nalguns casos só recortadas no fundo, e uma paleta de cores muito limitada em cada caso, é possível dizer tanto - ou tão pouco… e estimular o leitor.

Em tempo útil
Tem acontecido entre nós cada vez com, mas isso não significa que se deixe de destacar: este volume 2 de Moonshine tem menos de um ano nos Estados Unidos e surge menos de um ano após a edição nacional do primeiro.

Moonshine #2 Comboio da Tormenta
Brian Azzarello (argumento)
Eduardo Risso (desenho)
Eduardo Risso e Cristian Rossi (cor)
G. Floy
Portugal, Outubro de 2019
190 x 280 mm, capa dura, 152 p., cor, capa dura
ISBN: 978-87-65938-65-7
14,00 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)

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