26/02/2020

Billy “o Botas”

Reler







Se ler é um vício que me acompanha praticamente desde que o sei fazer, reler é outro que lhe está associado e que desde então pratico. Cada vez menos, ao longo dos anos, reconheço, porque o tempo é menor e a oferta cada vez maior - para além da vida ter mudado.
Sendo verdade que não reli tudo que li na minha infância/juventude, por outro lado houve livros e bandas desenhadas que reli até à exaustão - ou não, porque surgia sempre algo novo, porque havia pormenores a relembrar, porque algo mais podia reter.
A título de exemplo, o meu primeiro Mundo de Aventuras - o #47 da (então) chamada quinta série (que na verdade é a segunda), com Rip Kirby em O envelope trocado e Príncipe Valente em A Vingança da Feiticeira (títulos escritos de memória…) - oferecido pelo meu pai - “porque eu já estava a ficar grande para o Mickey” - numa segunda ou terça-feira, foi lido seis ou sete vezes (!), antes de comprar o #48 - Buffalo Bill em Os Terroristas do Arkansas.
Hoje, já o disse, releio menos mas, quando regresso a (re)leituras daquele tempo, nunca me deixo de surpreender com o que a minha memória reteve: o enredo em geral, quase sempre, claro, mas também sequências completas ao pormenor, diálogos integrais, frases ‘letra por letra’…
Foi o que se passou com este Billy, o Botas, número inaugural da Desporto & Aventura, uma das (muitas) colecções da Portugal Press de Roussado Pinto, lançado em 1973.
s (poucos) anos mais tarde, suponho, na verdade… - tive um exemplar que - para não variar - li e reli, deliciando-me com os feitos futebolísticos do jovem Billy Dane - um adolescente como eu… Na verdade, Billy era uma nulidade no futebol mas, quando calçava umas velhas botas que tinham pertencido ao seu ídolo “Chuto Mortal” (“Dead Shot” Keen, no original), clonava todas as suas jogadas e tornava-se um astro dos relvados… e pelados! Para além disso, era um bom rapaz, com o seu lado trágico - era órfão, vivendo com a avó; eram pobres, trabalhava para ajudar em casa - e com tudo o que é normal na sua idade - sonhos, falhas nos estudos...
anda desenhada de origem britânica, com o desporto em geral e o futebol em particular como temática, como tantas naquela época - o início da década de 1960 - foi escrita por Fred Baker e desenhada por John Gillatt, primeiro, e depois por Mike Western, tendo tido versões para revista e jornais, irregularmente ao longo de três décadas.
Reencontrada recentemente num leilão do Facebook, poucos dias após um publicação sobre a série num grupo da mesma rede que na altura comentei, relida agora, mais de 40 anos depois da primeira vez, surpreendeu-me por tudo o que (ainda) recordava, sendo várias as situações em que já sabia o que ia acontecer - e o que iria ler nos textos de apoio e/ou nos balões - antes de voltar a página ou de passar à tira ou vinheta seguinte. Primeiros sucessos, o desaparecimento das botas, a lesão grave, os problemas em casa e na escola, as várias conquistas e feitos - como os 8 golos na segunda parte de um jogo! - transformaram uma leitura a que reconheço algum simplismo e pouco aprofundamento das situações, apesar de competentemente escrita e desenhada num estilo realista, numa leitura nostálgica muito satisfatória… que, quem sabe, um dia destes vou repetir!

Billy “o Botas”
Colecção Desporto & Aventura #1
Portugal Press
Portugal, Novembro de 1973
170 x 240 mm, 48 p., pb, capa mole, mensal

(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

3 comentários:

  1. Boa tarde...pergunto se este Billy não era o Peter o Gato que foi publicado no Jornal do Cuto. Obrigado.
    Cumprimentos
    António Vasques

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    1. Não, o Peter, o Gato era guarda-redes e o Billy é avançado... No entanto, a confusão justifica-se porque ambas são criações inglesas e graficamente são muito semelhantes, embora os desenhadores sejam diferentes.
      Boas leituras!

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  2. Pois de facto Peter era guarda-redes...daí o apelido "O Gato"...esqueci-me...mas o que me confundiu foi de facto o grafismo, muito semelhante mesmo.
    Obrigado

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