26/03/2020

Mônica #54

Coleccionismo







Está actualmente à venda em Portugal - mais especificamente em alguns dos quiosques e bancas que continuam abertos, o n.º 54 da revista Mônica que, na verdade, para desespero de (alguns) coleccionadores, deveria ser o n.º 600.
Passo a explicar: há uns poucos anos - 54 meses, exactamente! - a Panini brasileira decidiu reiniciar a numeração das suas revistas - gesto que já não era original… - num truque que o marketing explica mas que os coleccionadores lamentam, afectando também - mais uma vez… - a revista Mônica.
Como leitor e comprador regular - que fui - de revistas durante muitos anos, para mim os ‘números especiais’ - de aniversário, de Natal, os centenários… - eram aguardados - por mim e tantos outros - com (maior) expectativa: porque, eram, realmente especiais pela selecção de histórias, pelo maior número de páginas, por ofertas ou concursos proporcionados, pelas páginas a cores incluídas… Recordo, especialmente, por absurdo que a alguns pareça hoje, o n.º 1000 de O Falcão que no dobro de páginas habitual, incluía as grandes séries da publicação e custava… o mesmo preço de sempre - algo raro (ou até único?) no historial destas edições. E recordo, também, como o Mundo de Aventuras, na sua segunda série, a partir de certa altura passou a incluir na primeira página a numeração como se ela nunca tivesse sido reiniciada, assinalando até (pelo menos) n(um)a capa o número centenário: 1600…
Mas adiante, que hoje o assunto é a Mônica #54 que, também na capa, indica a ‘comemoração’ de ‘600 edições no Brasil’ - e ‘reinventa’ a capa da primeira revista.
E fá-lo, mais ainda, na história de abertura - 6oo edições grandes emoções - que, abrindo com uma aproximação à icónica imagem da capa da Mônica #1 - e ao grafismo e à linguagem então utilizados, parte para uma longa viagem por diversos momentos da história da revista, com um entrar e sair (literal) de personagens (mais ou - principalmente - menos) relevantes e situações nela exploradas. Um (enorme) piscar de olho aos que acompanham a revista desde sempre - mas bem menos relevante para os leitores mais novos (ou recentes), até porque as memórias evocadas são mais distantes do que recentes. E, por isso, se quiserem, uma história mais lógica num n.º 600 do que num n.º 54…
Numa edição quase completamente sob o signo dos ‘contadores de histórias’, uma chamada de atenção ainda para No tempo da pré-história na qual, em seis páginas divertidas e inspiradas, descobrimos como teriam sido o Cebolinha, a Magali, o Cascão e a Mônica, se tivessem sido colocadas no tempo dos dinossauros em vez de no Brasil actual… bem como o seu criador!

Nota final
Entre a Mônica #1 e a #54 (#600) passaram quase 50 anos! Se a Turma é a mesma, se, mais do que isso, o espírito, o bom humor e os valores se mantiveram - adaptados sucessivamente a cada novo tempo, claro - a principal diferença - uma das principais, pelo menos - é a creditação da autoria das histórias. Nada mais justo, do que reconhecer o contributo daqueles que contribuem para perenizar as criações de Maurício de Sousa.

Mônica #54
Vários autores
Panini Comics
Brasil, Outubro de 2019
135 x 190 mm, 80 p., cor, capa mole, mensal
R$ 7,00/2,25

(capa da Mônica disponibilizada pela Panini; capas do Mundo de Aventuras e de O Falcão recolhidas na base de dados BDPortugal; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

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