17/06/2020

Kick-Ass: A miúda nova

Títulos




Não sei que importância dão os leitores deste blog aos sub-títulos de cada um destes meus textos de análise, mas a verdade é que tento que eles sejam apelativos e, com uma ou outra excepção, surgem-me espontaneamente.
Desta vez, se optei por 'Títulos', a reboque desta introdução - alheia ao livro! - tinha diversas outras hipótese e é com base nelas que desenvolvo o texto sobre este novo Kick-Ass, já a seguir.

Franchise
O modelo foi criado há anos: um ser humano normal, disfarça-se de super-herói e vai para a rua combater os bandidos.
O registo é fundamentalmente realista - pese o exagero hiper-violento de muitas das cenas - daí um dos motes desta série poder ser "sem (super-)poderes vêm muitas nódoas negras" (no mínimo...)
No caso actual, a nova Kick-Ass surge no Novo México, onde a sargento Patience Lee, recém-chegada do Afeganistão, decide tornar-se super-herói à medida e à imagem do Kick-Ass original - quase como um franchise, mas sem ter de pagar direitos! - com a vantagem de ter (melhor) formação (militar). Como motivação, tem uma das mais primária de todas: sustentar a família e pagar as dívidas. Inclusive as que o marido contraiu enquanto ela combatia pelo país, antes de a deixar por uma mulher mais nova.

Mais humano
Embora se possa apontar o lado humano do Kick-Ass original - em especial a ingenuidade do protagonista e eu sei que alguns preferirão estupidez ou ignorância - a verdade é que essa nunca seria um dos principais factores a apontar para qualificar a obra.
No caso presente, as motivações da sargento Lee - alimentar a família, pagar as dívidas, ter implicitamente o reconhecimento e a compensação pelo tempo de vida que usou para servir a pátria - devem ter posto uma lágrima no canto de olho a muitos americanos patriotas. Para os europeus, menos dados a este tipo de sentimentalismo pátrio, funcionam mais como uma forma de humanização do Kick-Ass 'de serviço', atenuando a violência empregue em nome dos nobres ideais em jogo. Acreditando que os meios - roubar traficantes e ladrões à custa de muita porrada e mesmo algumas mortes - são justificados pelos fins que os motivaram. Simples questão de ponto de vista...
Em termos objectivos, a humanização torna mais vulnerável a protagonista e aqueles que ama tornam-se alvos óbvios de quem busca vingança.

Escolhas
Uns criticarão o salto cronológico que a série deu com este A miúda nova, questionando o esquecimento dos anteriores títulos pela G. Floy que, relembro, até agora só lançou o livro 'fundador'.
Outros, elogiarão a opção, por ser um título mais recente e apontando como atenuantes a ausência de continuidade entre este e os restantes livros, para além da ténue ligação apontada atrás: a protagonista segue o modelo e o exemplo do Kick-Ass original...
Mais terra-a-terra, possivelmente, será a verdadeira explicação (digo eu): a G. Floy nacional aproveitou a boleia da edição polaca, poupando alguns (significativos) euros na impressão...

Mais porrada
No final, é a isso que tudo se resume e é isso que o leitor deve esperar. A miúda nova distribui pancadaria a torno e a direito e, mesmo sem chegar aos excessos que se tornaram imagem de marca de Kick-Ass, rebenta aqui uma cabeça, ali fura um olho, acolá parte uns quantos ossos, mais além esturrica uns quantos adversários!
Ou seja, a diversão continua, pelo menos para os leitores que não têm estômago sensível!

Nota final
O preço do livro é 16 €. Nalgumas bancas e quiosques em que se encontra à venda, devido a um erro na distribuição, foi marcado a 20 €. Estejam atentos.

Kick-Ass: A miúda nova
Inclui Kick-Ass: The new Girl #1-#6 (USA, 2018)
Mark Millar (argumento)
John Romita Jr. (desenho)
Peter Steigerwald (arte-final digital e cores)
G. Floy
Portugal, Junho de 2020
175 x 265 mm, 152 p., cor, capa dura
16,00 €

(imagens disponibilizadas pela G. Floy; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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