Não sei que importância dão os leitores deste blog aos sub-títulos de cada um destes meus textos de análise, mas a verdade é que tento que eles sejam apelativos e, com uma ou outra excepção, surgem-me espontaneamente.
Desta
vez, se optei por 'Títulos', a reboque desta introdução - alheia
ao livro! - tinha diversas outras hipótese e é com base nelas que
desenvolvo o texto sobre este novo Kick-Ass,
já a seguir.
O
modelo foi criado há anos: um ser humano normal, disfarça-se de
super-herói e vai para a rua combater os bandidos.
O
registo
é fundamentalmente
realista - pese o exagero hiper-violento de muitas das cenas - daí
um dos motes desta série poder ser "sem (super-)poderes
vêm muitas nódoas negras" (no mínimo...)
No
caso actual, a
nova Kick-Ass surge
no
Novo México, onde a sargento Patience Lee, recém-chegada do
Afeganistão, decide tornar-se super-herói à medida e à imagem do
Kick-Ass original - quase como um franchise,
mas sem ter de pagar direitos!
-
com a vantagem de ter (melhor)
formação (militar). Como motivação, tem
uma das
mais primária de todas: sustentar
a família e pagar as dívidas. Inclusive as que o marido contraiu
enquanto ela combatia pelo país, antes de a deixar por uma mulher
mais nova.
Mais humano
Embora
se possa apontar o lado humano do Kick-Ass original - em especial a
ingenuidade do protagonista e eu sei que alguns preferirão estupidez
ou ignorância - a verdade é que essa nunca seria um dos principais
factores a apontar para qualificar a obra.
No
caso presente, as motivações da sargento Lee - alimentar a família,
pagar as dívidas, ter implicitamente o reconhecimento e a
compensação pelo tempo de vida que usou para servir a pátria -
devem ter posto uma lágrima no canto de olho a muitos americanos
patriotas. Para os europeus, menos dados a este tipo de
sentimentalismo pátrio, funcionam mais como uma forma de humanização
do Kick-Ass 'de serviço', atenuando a violência empregue em nome
dos nobres ideais em jogo. Acreditando que os meios - roubar
traficantes e ladrões à custa de muita porrada e mesmo algumas
mortes - são justificados pelos fins que os motivaram. Simples
questão de ponto de vista...
Em
termos objectivos, a humanização torna mais vulnerável a
protagonista e aqueles que ama tornam-se alvos óbvios de quem busca
vingança.
Escolhas
Uns
criticarão o salto cronológico que a série deu com este A
miúda nova,
questionando o esquecimento dos anteriores títulos pela G. Floy que,
relembro,
até agora só lançou o livro 'fundador'.
Outros,
elogiarão a opção, por ser um título mais recente e apontando
como
atenuantes a
ausência de continuidade entre este e os restantes livros, para além
da ténue ligação apontada atrás: a protagonista segue o modelo e
o exemplo do Kick-Ass original...
Mais
terra-a-terra, possivelmente, será a verdadeira explicação (digo
eu): a G. Floy nacional aproveitou a boleia da edição polaca,
poupando alguns (significativos)
euros
na impressão...
Mais
porrada
No
final, é a isso que tudo se resume
e é isso que o leitor deve esperar.
A
miúda nova distribui
pancadaria a torno e a direito e, mesmo sem chegar aos excessos que
se tornaram imagem de marca de Kick-Ass,
rebenta aqui uma cabeça, ali fura um olho, acolá parte uns quantos
ossos, mais além esturrica uns quantos adversários!
Ou
seja, a diversão continua, pelo menos para os leitores que não têm
estômago sensível!
Nota
final
O
preço do livro é 16 €. Nalgumas bancas e quiosques em que se
encontra à venda, devido a um erro na distribuição,
foi
marcado a 20 €. Estejam atentos.
Kick-Ass:
A miúda nova
Inclui
Kick-Ass: The new Girl #1-#6 (USA, 2018)
Mark
Millar
(argumento)
John
Romita Jr. (desenho)
Peter
Steigerwald (arte-final digital e cores)
G.
Floy
Portugal,
Junho de 2020
175
x 265 mm, 152
p.,
cor, capa dura
16,00
€
(imagens
disponibilizadas pela G.
Floy;
clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Sem comentários:
Enviar um comentário