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17/06/2020

Kick-Ass: A miúda nova

Títulos




Não sei que importância dão os leitores deste blog aos sub-títulos de cada um destes meus textos de análise, mas a verdade é que tento que eles sejam apelativos e, com uma ou outra excepção, surgem-me espontaneamente.
Desta vez, se optei por 'Títulos', a reboque desta introdução - alheia ao livro! - tinha diversas outras hipótese e é com base nelas que desenvolvo o texto sobre este novo Kick-Ass, já a seguir.

23/10/2019

Huck

Agradável previsibilidade





Das histórias de Mark Millar sabemos sempre o que esperar: uma boa ideia de base, conceitos originais, uma narrativa consistente e um par de horas de leitura cativante.
Huck, uma nova abordagem tangencial ao universo de super-heróis - a um universo com um super-herói… - e o mais recente lançamento da G. Floy na linha editorial Millarworld, confirma esta ideia feita.

29/07/2019

Renascidos

Conceitos

Acho que não erro ao afirmar que Mark Millar, antes de tudo, é um autor de conceitos, de boas ideias que, muitas vezes, transformam ou subvertem géneros estabelecidos, mesmo que nem sempre a sua explanação seja tão conseguida quanto o ponto de partida prometia.
Renascidos - Reborn no original norte-americano - é mais um (bom) exemplo do atrás escrito, conseguindo - desta vez - um equilíbrio bastante interessante entre o conceito base e a forma como o desenvolve depois.

15/04/2019

Kick-Ass

Homenagem e subversão





Finalmente em português, Kick-Ass, de Mark Millar e John Romita Jr., assume o duplo papel de homenagem ao fascínio que os comics de super-heróis exercem sobre os mais novos, ao mesmo tempo que subverte de forma hiper-violenta mas divertida esse mesmo género.

23/01/2019

Starlight: O Regresso de Duke McQueen

Uma boa 'coboiada'




Confesso a minha surpresa quando vi este livro entre as melhores edições de 2018 para o seu editor, José de Freitas. Resgatei-o, por isso, do meio da pilha de leituras por fazer onde estava mais ou menos anodinamente, para tentar compreender o porquê dessa indicação. Revelou-se uma boa 'coboiada'...

12/12/2018

O Legado de Júpiter - Livro dois: revolta

Grandes expectativas…


Do primeiro para o segundo volume, tudo mudou. Literalmente.
Se abordei o Livro um: Luta de Poderes, sem expectativas, o segundo era das obras que mais aguardava. Se as grandes expectativas que deixei avolumar não se cumpriram integralmente - como se cumpririam…? - a verdade é que este é um dos grandes lançamentos do ano e uma das obras que vale a pena ler e Millar foi capaz de (me) dar a volta.

07/08/2018

Km/h

(Mais do que) uma boa ideia



Uma boa ideia chega para escrever um bom livro? Não, mas ajuda. (Será necessário sempre também o talento e a inspiração.)
Mas uma boa ideia, com um toque de génio - chamo-lhe assim à falta de melhor - pode proporcionar uma boa leitura. Mesmo que leve e sem pretensões para mais do que um bom divertimento.

06/03/2018

O Legado de Júpiter: Luta de poderes


Sem expectativas





Uma das coisas que mais aprecio - enquanto leitor - é ser surpreendido por obras sobre as quais não tinha expectativas.
Isso aconteceu - mais uma vez, embora seja cada vez mais raro, num tempo em que a informação circula velozmente e nos chega mesmo sem queremos - com este primeiro volume de O Legado de Júpiter.

13/10/2017

Serviço Secreto: Kingsman

Adaptações (II)





A adaptação de uma obra a outro suporte narrativo, para ser conseguida, implica -incontornavelmente - dois aspectos: fidelidade ao espírito do original e a sua adequação ao novo meio.
O Diário de Anne Frank (ontem) e Serviço Secreto: Kingsman (hoje) são dois exemplos recentes, embora díspares.

29/04/2016

Guerra Civil






A estreia – ontem – do filme Capitão América: Gerra Civil é o pretexto – desnecessário mas justificável até pela oportunidade de comparar os inevitáveis desvios e diferenças, o que ficará eventualmente para nova oportunidade – para voltar à Guerra Civil original, aos quadradinhos e complementar a leitura já feita aqui.

14/01/2014

Super-Heróis DC Comics – série II: Herança Vermelha





Por vezes, as ideias simples são as melhores.
Herança Vermelha, sétimo tomo da colecção Super-Heróis DC Comics – Série II, que a Levoir está a publicar em parceria com o semanário SOL, é um bom exemplo disso.
Para o desenvolver, Mark Millar partiu de um pressuposto aliciante: o que teria mudado no Super-Homem, se a nave em que veio de Krypton tivesse aterrado na União Soviética e não nos Estados Unidos?
Ou, de outra forma: já nascemos como vamos ser ou é o ambiente em que crescemos que nos molda, limita e/ou nos estimula?
A resposta do argumentista escocês já a seguir.

21/11/2013

Hit-Girl









Mark Millar (argumento)
John Romita Jr. (desenho)
Tom Palmer Sr. (arte-final)
Dan White e Michael Kelleher (cor)
Panini Comics
Espanha, Julho de 2013
185 x 280 mm, 136 p., cor, cartonado
15,00 €


Depois do sucesso dos dois tomos de Kick-Ass, Millar decidiu preencher o vazio entre eles e assim nasceu este Hit-Girl que, apesar do protagonismo da doce (?!) Mindy, dedica também bom número de páginas à busca de si mesmo e dos instrumentos para a sua vingança encetada pelo jovem Chris Genovese, passando para plano inferior – e depois afastando mesmo - o protagonista inicial.
Com a trama claramente ambientada num universo que se pretende realista, com a sombra dos (verdadeiros) super-heróis sempre a pairar, como modelo e exemplo – e a busca iniciática de Genovese, à imagem da de Bruce Wayne, é um achado de ironia e sarcasmo – o choque das explosões de hiper-violência continua a abalar os leitores, até pelo facto de serem em menor número nesta compilação dos cinco comic-books da edição original.
Millar continua a divertir-se à grande – e, assim, a divertir-nos a nós – jogando neste tomo com o impossível das situações super-heróicas face ao realismo da crueldade adolescente das colegas de escola de Mindy (que tenta a todo o custo fazer-se aceitar e viver uma vida normal…), numa narrativa que, desta forma, continua ambiguamente a balançar entre a abordagem séria e a desconstrução dos princípios que regem os universos – Marvel e DC Comics – de super-seres.
Quanto a Romita Jr., se despoja ainda mais o seu traço de pormenores – por vezes excessivamente…? – enquanto acentua o lado caricatural do tratamento que dá a (algumas d)as personagens, continua a dar lições de enquadramento e de dinamismo, adequando-os aos diferentes momentos que o ritmo narrativo vai impondo em função da acção.
A edição, mais uma vez impecável, fecha com algumas das capas alternativas originais, onde se encontram as assinaturas de Geof Darrow, Phil Noto ou Bill Sienkiewicz. 


17/10/2013

Kick-Ass










Mark Millar (argumento)
John Romita Jr. (desenho)
Tom Palmer Sr. (arte-final)
Dan White (cor)
Panini Comics
Espanha, 2010
185 x 280 mm, 224 p., cor, cartonado
19,95 €

Kick-Ass é uma ode à violência, ao mesmo tempo que desconstrói, a dois tempos, os cânones dos relatos de super-heróis.
No início, numa abordagem realista, quando apresenta Dave Lizewski, um adolescente nerd fã de super-heróis que decide imitá-los, acreditando que bastava vestir um fato de licra – faltaram-lhe as cuecas por fora… - para adquirir poderes e sair pelas ruas a enfrentar marginais.
O resultado, mostrado de forma crua por Millar e Romita, é demolidor (desculpem o trocadilho) para ele, que acaba – durante semanas… - numa cama de hospital, com muitos ossos partidos, sujeito a várias operações e a longas sessões de fisioterapia.
Esta abordagem – tivesse Kick-Ass terminado aqui – faria desta uma obra sobre o fim dos sonhos infanto-juvenis e o duro despertar para a (dolorosa) realidade da vida.
No entanto, Millar não parou e, num segundo fôlego, leva a sua abordagem de desconstrução dos super-heróis, para o extremo oposto, introduzindo Hit-Girl, pouco mais do que uma menina, exímia na utilização de espadas de samurai, e transforma Kick-Ass numa explosão de sangue a jorros – e não apenas ‘salpicos’ como lhes chama Celes J. López no conseguido prefácio – mostrando o que realmente aconteceria se a violência dos relatos de super-heróis fosse transposta para o mundo real.
E se, pessoalmente, penso que a obra ganharia se tivesse ficado pela primeira parte - mas nesse caso não teriam surgido as inevitáveis (e rentáveis) sequelas… - sem concessões reconheço que Kick-Ass, para lá de um regalo para os olhos – sim, eu sou fã do traço de Romita Jr. – é também uma narrativa que vai além da leitura imediata, provocadora e (muito) divertida, e desafia o leitor a (re)ler os comics de super-heróis com outros olhos. 

20/12/2012

Heróis Marvel série II #10 - Novos Vingadores; Guerra Civil











Mark Millar (argumento)
Steve McNiven (desenho)
Dexter Vines (arte-final)
Levoir/Público (Portugal, 20 de Dezembro de 2012)
170 x 260 mm, 192 p., cor, cartonado
8,90 €




Resumo
Uma explosão causada por um grupo de super-heróis ao serviço de um reality-show televisivo, quando tentava capturar alguns super-vilões, provoca a morte de quase um milhar de pessoas, provocando uma reacção de rejeição dos familiares e conterrâneos das vítimas em relação àqueles que era suposto protegê-los.
Na sequência desses acontecimentos o senado norte-americano aprova uma lei que obriga ao registo de todos os super-heróis, o que provoca a criação de duas facções, pró-lei (encabeçados pelo Homem de Ferro) e anti-lei (guiados pelo Capitão América) que terminará num confronto inevitável.

Desenvolvimento
Pode-se dizer que este tomo foi uma forma de a colecção Heróis Marvel terminar em beleza. Não tanto por esta saga em si, mas pela relevância que ela teve aquando da sua publicação original e pelos efeitos que causou ao equilíbrio do universo Marvel – pese embora o facto de, paradoxalmente, quase todos eles terem já sido apagados e tudo tenha voltado (sensivelmente…) à primeira forma.
Da autoria da mesma equipa criativa que deslumbrou com o fantástico “Wolverine: Velho Logan”, não atinge, no entanto, o brilhantismo daquele.
Apesar dos muitos confrontos entre super-heróis que engloba, mostrados pelo traço hiper-realista e muito expressivo de Steve McNiven, “Guerra Civil” nunca atinge a espectacularidade visual de “Velho Logan”, mesmo desenrolando-se a bom ritmo, com uma planificação multifacetada que recorrentemente explode em painéis de página inteira.
O argumento de Mark Millar revela-se consistente e está desenvolvido num crescendo, com (quase todos) os super-heróis a assumirem a posição que deles esperávamos o que provoca uma certa familiaridade com o leitor, com os factos relevantes e marcante a sucederem-se a um ritmo acelerado.
Por isso, logo após a explosão inicial – uma original exploração de algo que recorrentemente acontecia de forma anónima nos comics de super-heróis, onde os danos e as vítimas colaterais raramente eram mencionados – assistimos a um primeiro confronto do Capitão América com a SHIELD e sua consequente deserção e passagem à clandestinidade, à revelação pública da identidade secreta do Homem-Aranha (que posteriormente levará à quase morte da Tia May e à eliminação do casamento de Peter e Mary Jane, uma das duas consequências mais relevantes desta Guerra Civil), ao primeiro combate entre o Capitão América e o Homem de Ferro, ao aparecimento de um falso e mortífero Thor, à morte trágica de um super-herói, à quebra da relação entre Sue e Reed Richards, à prisão de inúmeros heróis, ao dar de carta branca a super-vilões e ao confronto final entre ambas as facções, que terminará de forma a um tempo surpreendente, digna e trágica, pois conduzirá à segunda grande consequência desta saga: a posterior morte do morte do Capitão América.
O suficiente, sem dúvida, para tornar obrigatória este volume que, para lá dos super-heróis propriamente ditos, tem um inegável tom politizado, assente no confronto entre as posições fascizantes de Tony Stark/Homem de Ferro e o discurso idealista de Steve Rogers/Capitão América, potenciado pelas sombras do 11 de Setembro e as perspectivas de novas ameaças que ele abriu.


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