Acho
que não erro ao afirmar que Mark Millar, antes de tudo, é um autor
de conceitos, de boas ideias que, muitas vezes, transformam ou
subvertem géneros estabelecidos, mesmo que nem sempre a sua
explanação seja tão conseguida quanto o ponto de partida prometia.
Renascidos
- Reborn
no original norte-americano - é mais um (bom) exemplo do atrás
escrito, conseguindo - desta vez - um equilíbrio bastante
interessante entre o conceito base e a forma como o
desenvolve depois.
De
forma simplista, pode-se afirmar que Renascidos
responde à grande dúvida do ser humano: para onde vamos quando
morremos? E fá-lo - surpreendentemente - sob a forma de um relato de
espada e fantasia!
Não
vou esmiuçar mais o seu conteúdo, para não estragar o prazer
da leitura que
eu tive,
mas revelo ainda que esta proporcionará bastantes surpresas e alguns
momentos bem conseguidos, num equilíbrio muito interessante entre os
medos e anseios de quem morre a a aventura pura e dura que serve de
suporte ao relato.
Desenvolvida
maioritariamente no mundo ficcional, entre-cortada
com flash-backs à ‘realidade’ que permitem compreender opções,
reacções e interacções, Renascidos
parece-me uma das obras mais consistentes de Millar, completa e
auto-conclusiva em si mesma, com
um desenho competente e intenso de Greg Capullo, que saltita com
grande à-vontade entre os dois registos abordados.
Fico,
por isso, algo apreensivo, perante a possibilidade de uma sequela que
será sempre desprovida da surpresa que a obra original tem e,
consequentemente, expurgada de vários dos aspectos que a tornam tão
estimulante.
No dossier final, que encerra mais uma bela edição da G. Floy, para além de uma entrevista com os autores, são propostas várias capas alternativas da autoria de outros ilustradores que não Capullo. Imaginar Renascidos desenhada por cada um deles, poderá proporcionar um sentimento de mágoa ou de alívio, consoante as preferências gráficas de cada um...
No dossier final, que encerra mais uma bela edição da G. Floy, para além de uma entrevista com os autores, são propostas várias capas alternativas da autoria de outros ilustradores que não Capullo. Imaginar Renascidos desenhada por cada um deles, poderá proporcionar um sentimento de mágoa ou de alívio, consoante as preferências gráficas de cada um...
Renascidos
Inclui
os comics #1 a #6 da mini-serie Reborn
Mark
Millar
(argumento)
Greg
Capullo
(desenho)
G.
Floy
Portugal,
Maio
de
2019
185
x 280
mm, 176
p., cor, capa dura
16,00
€
Pois eu achei uma desilusão. Já li à algum tempo, pelo que já nem me lembro bem da coisa. Só me lembro que não consegui peceber porque é que a heroina é o que é. Não há qualquer explicação. Ela é o que é porque sim. E continua a partir daí....
ResponderEliminarNão sendo a primeira desilusão deste argumentista, do Millar já não compro mais nada.
Também foi uma desilusão para mim, achei o conceito preguiçoso na sua execução, mas isto porque conheço histórias de FC onde acontece algo semelhante.
ResponderEliminarSob a brand dele considero o Superior, o Huck, o Nemesis e o Kick Ass interessantes, acima da média mesmo mas o MPH com o seu twist não me convenceu, o Super Crooks é excelente, o Wanted, o Kingsman idem, mas o Crononautas, o Renascidos, Imperatriz e o Starlight considero muito clichés, o Millar é uma pessoa inteligente, sabe reunir-se com bons artistas que melhoram a qualidade da sua escrita mesmo quando a mesma é fraca e depois tem o condão de elevar o plágio a uma forma de homenagem, tem um novo título agora: Sharkey The Bounty Hunter e aquilo é uma cópia descarada do Lobo da DC.
Neste momento parece que as suas obras são concebidas para serem usadas como guiões de filmes, com um objectivo muito comercial.
"Neste momento parece que as suas obras são concebidas para serem usadas como guiões de filmes, com um objectivo muito comercial."
EliminarOu não tivesse ele vendido a Millarworld à Netflix e anunciado que todas as suas BDs passadas e futuras serão adaptadas para séries e filmes ;)
As únicas obras dele verdadeiramente interessantes curiosamente têm sempre uma ajuda externa. Red Son teve o Grant Morrison a oferecer-lhe o final e Wolverine #32 teve uma dica do Will Eisner que melhorou de sobremaneira essa história. Quando se dedica a conceitos que exigem alguma finess (Chosen p.ex.), nota-se que sem uma ajuda externa não consegue entregar aquilo que prometeu.