12/12/2018

O Legado de Júpiter - Livro dois: revolta

Grandes expectativas…


Do primeiro para o segundo volume, tudo mudou. Literalmente.
Se abordei o Livro um: Luta de Poderes, sem expectativas, o segundo era das obras que mais aguardava. Se as grandes expectativas que deixei avolumar não se cumpriram integralmente - como se cumpririam…? - a verdade é que este é um dos grandes lançamentos do ano e uma das obras que vale a pena ler e Millar foi capaz de (me) dar a volta.
Recordo o contexto: no início da década de 1930, um grupo de americanos, desiludidos pelos efeitos da Grande Depressão de 1929, guiados pelos sonhos (literalmente) de um deles, chegam a uma ilha que não figurava em nenhum mapa, de onde regressam, tempos depois, com super-poderes.
Apostados em concretizar o sonho americano no que ele tem de melhor e mais estimulante, tornam-se o braço armado dos sucessivos governos, usando as suas capacidades para o bem. Pelo menos, para o bem que identificam como tal.
O passar dos anos, as novas gerações de super-heróis, a perda de referências, a não vivência das situações que os levaram os primeiros a assumir determinadas posições - bem como questões bem humanas que se atravessaram no seio de uma grande família alargada - levam ao agravar das tensões que sempre existiram e à concretização de um golpe que derruba aquele que até aí sempre tinha sido o seu guia e ideólogo, numa tentativa - bem intencionada…? - de repor a justiça e a igualdade sociais nos Estados Unidos e na Terra.
Numa bom conseguida desconstrução do género de super-heróis - embora eles imperem e sejam omnipresentes em todo o relato - Mark Millar despoja-os do que os torna ‘maravilhas’ - muitos de vocês sabem o que estou a citar! - para os reduzir - apesar da diferença - ao pior que são: simples seres humanos.
E, por isso, a sociedade que reconstroem espelha o pior das sociedades humanas: opressão, subjugação, imposição pela força, perseguições…
[E agora, a par da justificação das palavras com que encerrei a introdução, lá em cima, vêm também algumas revelações que poderão impedir a completa fruição da leitura… Prossigam por vossa conta e risco.]
Então, para derrotar os super-heróis (que pelas posições assumidas bem se pode dizer que) se tornaram vilões e repor a verdadeira ordem em que o importante são as pessoas e não as ideias, os ideais, os modelos económicos ou a imposição da vontade, é necessário que os (verdadeiros) super-vilões (na clandestinidade) se unam e revoltem - assumindo eles o papel dos bons, uma vez que estes escolheram ser os maus - organizando a Revolta que dá título a este Livro Dois, imbuídos das melhores intenções.
Nada mais do que a repetição da história de ditaduras, guerrilhas e golpes de estado que ao longo de séculos (milénios) se têm sucedido na História humana desde que há ‘governos’ e descontentes com eles - pelas boas ou más razões
Com Millar, com mestria e um belo golpe de asa, a provar afinal - no final - que, por muito maus, corruptos e insensíveis que sejam, sem super-heróis não há futuro. Mesmo que o futuro, daqui a nada se revele - se volte a revelar - um beco sem (aparente) saída.

O Legado de Júpiter
Livro Dois: revolta
Mark Millar (argumento)
Franq Quitely (desenho)
Peter Doherty (cor, design)
G. Floy
Portugal, Setembro de 2018
168 x 260 mm, 136 p., cor, capa dura
14,00 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

6 comentários:

  1. Este é um exemplo de histórias que me irritam. Não pela história, mas sim por vir em dois volumes e com algum tempo entre eles. Já nem comento a edição americana em "fasciculos".
    Comprei o primeiro quando saiu e li-o.
    Já na altura, não me aqueceu nem arrefeceu.
    Foi mais um livro de BD que li e p pensei em não comprar o resto da série.
    Mas pronto; quando saiu este segundo, foi referido que encerrava o ciclo e sendo assim dedidi comprar e terminar a história.
    Li-o e... como já não me lembrava rigorosamente de NADA do primeiro volume, este... foi apenas mais uma BD que li e que não me marcou grande coisa.
    Daqui a algum tempo, quero ler os dois de seguida a ver se a história faz um todo coerente, mas lendo os dois com este espaço temporal entre eles... meh

    Sou leitor de Ficção Cientifica e de Fantasia à muitos anos, que são zonas onde é explorado o Bem Absoluto e o Mal Absoluto e os variadissimos níveis de cinzento entre eles. O haver um (ou vários) SuperSer que usa os seus poderes para oprimir outros, independentemente por achar que está afazer o Bem ou apenas porque lhe apetece, é algo que existe em dezenas de livros e de séries.
    Logo essa história da desconstrução dos SHeróis, passa-me completamente ao lado.
    Para mim, estas duas BD são completamente banais...

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    1. Nota adicional: se gostarmos todos do mesmo, somos todos adeptos do Sintrense...

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  2. Não vejo problema nenhum do facto de ser em "fasciculos" até me faz mais sentido, vejo-os como se fossem capítulos sabendo onde posso fazer uma pausa.

    Estes livros do Millar são muito do género que ou agrada muito ou não agrada, a mim por acaso agradam bastante.

    Ainda bem que todos temos gostos diferentes, assim dá possibilidade de termos um mercado com mais variedade!

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  3. Kick-Ass de Millar é do melhor do Millarworld.

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    1. Quando desenhado pelo John Romita Jr não.

      Já não posso com aquelas rugas e linhas e por todo o lado e as cabeças monstruosas e ridiculas.

      É este o filho do John Romita? shame, não aprendeu nada com o papá e não melhorou nada desde os tempos em que desenhava o Daredevil nos anos 80.

      Asco.



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    2. Concordo plenamente,...ele ao pé do pai,meu Deus! Sei que tem muitos fãs, mas a mim não me diz absolutamente nada, não gosto nada do traço dele.

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