Do primeiro para o segundo volume, tudo
mudou. Literalmente.
Se abordei o Livro
um: Luta de Poderes,
sem expectativas, o
segundo era das obras que mais aguardava. Se as grandes expectativas
que deixei avolumar não se cumpriram integralmente - como se
cumpririam…? - a verdade é que este é um dos grandes lançamentos
do ano e uma das obras que vale a pena ler e Millar foi capaz de (me)
dar a volta.
Recordo o contexto: no início da década
de 1930, um grupo de americanos, desiludidos pelos efeitos da Grande
Depressão de 1929, guiados pelos sonhos (literalmente) de um deles,
chegam a uma ilha que não figurava em nenhum mapa, de onde
regressam, tempos depois, com super-poderes.
Apostados em concretizar o sonho
americano no que ele tem de melhor e mais estimulante, tornam-se o
braço armado dos sucessivos governos, usando as suas capacidades
para o bem. Pelo menos, para o bem que identificam como tal.
O passar dos anos, as novas gerações de
super-heróis, a perda de referências, a não vivência das
situações que os levaram os primeiros a assumir determinadas
posições - bem como questões bem humanas que se atravessaram no
seio de uma grande família alargada - levam ao agravar das tensões
que sempre existiram e à concretização de um golpe que derruba
aquele que até aí sempre tinha sido o seu guia e ideólogo, numa
tentativa - bem intencionada…? - de repor a justiça e a igualdade
sociais nos Estados Unidos e na Terra.
Numa bom conseguida desconstrução do
género de super-heróis - embora eles imperem e sejam omnipresentes
em todo o relato - Mark Millar despoja-os do que os torna
‘maravilhas’ - muitos de vocês sabem o que estou a citar! - para
os reduzir - apesar da diferença - ao pior que são: simples seres
humanos.
E, por isso, a sociedade que reconstroem
espelha o pior das sociedades humanas: opressão, subjugação,
imposição pela força, perseguições…
[E agora, a par da justificação das
palavras com que encerrei a introdução, lá em cima, vêm também
algumas revelações que poderão impedir a completa fruição da
leitura… Prossigam por vossa conta e risco.]
Então, para derrotar os super-heróis
(que
pelas posições assumidas bem se
pode dizer que) se tornaram vilões
e repor a verdadeira ordem em que o importante são as pessoas e não
as ideias, os ideais, os modelos económicos ou a imposição da
vontade, é necessário que os (verdadeiros)
super-vilões (na clandestinidade) se unam e revoltem - assumindo
eles o papel dos bons, uma vez que estes escolheram ser os maus -
organizando a Revolta
que dá título a este Livro
Dois, imbuídos das melhores
intenções.
Nada mais do que a repetição da
história de ditaduras, guerrilhas e golpes de estado que ao longo de
séculos (milénios) se têm sucedido na História humana desde que
há ‘governos’ e descontentes com eles - pelas boas ou más
razões
Com Millar, com mestria e um belo golpe
de asa, a provar afinal - no final - que, por muito maus, corruptos e
insensíveis que sejam, sem super-heróis não há futuro. Mesmo que
o futuro, daqui a nada se revele - se volte a revelar - um beco sem
(aparente) saída.
O
Legado de Júpiter
Livro
Dois: revolta
Mark
Millar (argumento)
Franq
Quitely (desenho)
Peter
Doherty (cor, design)
G.
Floy
Portugal,
Setembro de 2018
168
x 260 mm, 136 p., cor, capa dura
14,00
€
(imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão)
Este é um exemplo de histórias que me irritam. Não pela história, mas sim por vir em dois volumes e com algum tempo entre eles. Já nem comento a edição americana em "fasciculos".
ResponderEliminarComprei o primeiro quando saiu e li-o.
Já na altura, não me aqueceu nem arrefeceu.
Foi mais um livro de BD que li e p pensei em não comprar o resto da série.
Mas pronto; quando saiu este segundo, foi referido que encerrava o ciclo e sendo assim dedidi comprar e terminar a história.
Li-o e... como já não me lembrava rigorosamente de NADA do primeiro volume, este... foi apenas mais uma BD que li e que não me marcou grande coisa.
Daqui a algum tempo, quero ler os dois de seguida a ver se a história faz um todo coerente, mas lendo os dois com este espaço temporal entre eles... meh
Sou leitor de Ficção Cientifica e de Fantasia à muitos anos, que são zonas onde é explorado o Bem Absoluto e o Mal Absoluto e os variadissimos níveis de cinzento entre eles. O haver um (ou vários) SuperSer que usa os seus poderes para oprimir outros, independentemente por achar que está afazer o Bem ou apenas porque lhe apetece, é algo que existe em dezenas de livros e de séries.
Logo essa história da desconstrução dos SHeróis, passa-me completamente ao lado.
Para mim, estas duas BD são completamente banais...
Nota adicional: se gostarmos todos do mesmo, somos todos adeptos do Sintrense...
EliminarNão vejo problema nenhum do facto de ser em "fasciculos" até me faz mais sentido, vejo-os como se fossem capítulos sabendo onde posso fazer uma pausa.
ResponderEliminarEstes livros do Millar são muito do género que ou agrada muito ou não agrada, a mim por acaso agradam bastante.
Ainda bem que todos temos gostos diferentes, assim dá possibilidade de termos um mercado com mais variedade!
Kick-Ass de Millar é do melhor do Millarworld.
ResponderEliminarQuando desenhado pelo John Romita Jr não.
EliminarJá não posso com aquelas rugas e linhas e por todo o lado e as cabeças monstruosas e ridiculas.
É este o filho do John Romita? shame, não aprendeu nada com o papá e não melhorou nada desde os tempos em que desenhava o Daredevil nos anos 80.
Asco.
Concordo plenamente,...ele ao pé do pai,meu Deus! Sei que tem muitos fãs, mas a mim não me diz absolutamente nada, não gosto nada do traço dele.
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