19/08/2020

Universo negro

Diversificação





De forma mais ou menos evidente é possível classificar as actuais editoras de BD nacionais em função das obras que ostentam nos seus catálogos: o manga da Devir, os americanos da G. Floy, o (diferente) franco-belga da Arte de Autor, da Ala dos Livros e da ASA...
[Não que isto seja uma verdade absoluta, pois há sempre algumas excepções - e, este Universo Negro, é um exemplo tão válido como muitos outros.]
Particularizando a afirmação genérica acima, acho que todos estaremos de acordo em afirmar que no caso da Escorpião Azul - por necessidade, por opção... - a sua 'praia' são os novos autores nacionais. Há excepções no seu catálogo, claro - como em todos - e este livro até é mais uma, pois reúne trabalhos de uma dupla que nosso panorama editorial bem pode ser classificada como ‘consagrada’.
Mas, sob outro ponto de vista, até talvez não seja, se imaginarmos um salto temporal ao passado, à década de 1980, e virmos esta edição como rampa de lançamento de Luís Louro e Tó Zé Simões, na Escorpião Azul que então não existia.
Porque na realidade, não foi assim que aconteceu. Para todos os efeitos - para melhor e para pior - os tempos eram diferentes e a entrada na edição (ainda) se fazia através dos fanzines e revistas - e foram neles que sugiram as sete histórias curtas que compões este álbum que, assim, inaugura(?) uma nova secção do catálogo da Escorpião Azul: a recuperação de obras nacionais ‘perdidas’ em publicações hoje praticamente inacessíveis.
Do ponto de vista editorial, o momento escolhido dificilmente poderia ser mais oportuno, pela mediatização que Luís Louro tem tido no nosso pequeno meio, desde o seu regresso à BD, primeiro retomando Jim del Monaco, mais recentemente o Corvo e criando o díptico duplo Watchers/Sentinel, enquanto aguardamos por Os Covidiotas e a reedição de Alice. Uns poucos anos em cheio para Louro, sem dúvida!
Numa edição simpática, bem impressa, com capa mole reforçada por badanas longas e um prefácio do argumentista Simões, foram reunidas as histórias curtas da época que até apresentam a vantagem de poderem ser unidas por um termo genérico nele designado por ‘real impossível’, ou seja situações reconhecíveis colocadas em cenários improváveis.
Com um ou outro conto mais original ou bem desenvolvido - Führer e O Pesadelo serão os exemplos mais conseguidos e interessantes - Universo Negro, apesar das referências soltas nos textos de apoio, teria ganho (muito) com uma nota introdutória a cada um dos relatos (e a reprodução da capa da publicação original...?), em que constasse a data e suporte original de publicação. E, indo ainda um pouco mais além, se para cada um deles tivesse havido uma pequena conversa com os autores onde fosse explicada brevemente a génese e/ou alguns pormenores relevantes.
Isso, teria elevado esta edição, de viagem curiosa e nostálgica ao passado de Louro e Simões - até porque o tempo passou por estas produções e o Louro (& Simões) que aqui encontramos eram ainda (apenas) autores em potência - a um documento importante para a história da BD portuguesa…

Universo negro
Luís Louro (desenho)
António José Simões (argumento)
Escorpião Azul
Portugal, Junho de 2020
170 x 240 mm, 64 p., pb/cor, capa mole com sobrecapa
12,90 €

(imagens disponibilizadas pela Escorpião Azul; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

3 comentários:

  1. Grande Pedro, muito obrigado!!!
    Um detalhe... Esta É a capa original!!! (Feita em 1989 a p/b, e que nunca cheguei a colorir.) A capa que provavelmente conheces do Mundo de Aventuras foi apenas feita para a história do Fuhrer, nunca teve nada a ver com o universo negro. A cor dada agora foi o elo de ligação com o passado. :)
    Abração. LL

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  2. Grande Pedro, muito obrigado!!!
    Um detalhe... Esta É a capa original!!! (Feita em 1989 a p/b, e que nunca cheguei a colorir.) A capa que provavelmente conheces do Mundo de Aventuras foi apenas feita para a história do Fuhrer, nunca teve nada a ver com o universo negro. A cor dada agora foi o elo de ligação com o passado. :)
    Abração. LL

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    Respostas
    1. Obrigado Luís!
      É esse tipo de informação que eu gostaria de ter visto no livro...
      Boas leituras... e bandas desenhadas para nós!

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