De forma mais ou menos evidente é possível classificar as actuais editoras de BD nacionais em função das obras que ostentam nos seus catálogos: o manga da Devir, os americanos da G. Floy, o (diferente) franco-belga da Arte de Autor, da Ala dos Livros e da ASA...
[Não que isto seja uma verdade absoluta, pois há
sempre algumas excepções - e, este Universo
Negro, é um exemplo tão válido como muitos outros.]
Particularizando a afirmação genérica acima, acho que todos
estaremos de acordo em afirmar que no caso da Escorpião Azul - por
necessidade, por opção... - a sua 'praia' são os
novos autores nacionais. Há excepções
no seu catálogo, claro - como em todos - e este livro até é mais
uma, pois reúne trabalhos de uma dupla que nosso panorama editorial
bem pode ser classificada como ‘consagrada’.
Mas, sob outro ponto de vista, até talvez não seja, se imaginarmos
um salto temporal ao passado, à década de 1980, e virmos esta
edição como rampa de lançamento de Luís Louro e Tó Zé Simões,
na Escorpião Azul que então não existia.
Porque na realidade, não foi assim que aconteceu. Para todos os
efeitos - para melhor
e para pior
- os tempos eram diferentes e a entrada na
edição (ainda) se fazia através
dos fanzines e revistas - e foram neles
que sugiram as sete histórias curtas que compões este álbum que,
assim, inaugura(?) uma nova secção
do catálogo da Escorpião
Azul: a recuperação de obras nacionais ‘perdidas’ em
publicações hoje praticamente inacessíveis.
Do ponto de vista editorial, o momento escolhido dificilmente poderia
ser mais oportuno, pela mediatização que Luís Louro tem tido no
nosso pequeno meio, desde o seu regresso à BD, primeiro retomando
Jim del Monaco, mais recentemente o Corvo e criando o
díptico duplo Watchers/Sentinel, enquanto aguardamos por Os
Covidiotas e a reedição de Alice. Uns poucos anos em
cheio para Louro, sem dúvida!
Numa edição simpática, bem impressa, com capa mole reforçada por
badanas longas e um prefácio do argumentista Simões, foram reunidas
as histórias curtas da época que até apresentam a vantagem de
poderem ser unidas por um termo genérico nele designado por ‘real
impossível’, ou seja situações reconhecíveis colocadas em
cenários improváveis.
Com um ou outro conto mais original ou bem desenvolvido - Führer
e O Pesadelo serão os exemplos mais conseguidos e
interessantes - Universo Negro, apesar das referências soltas
nos textos de apoio, teria ganho (muito) com uma nota introdutória a
cada um dos relatos (e a reprodução da capa da publicação original...?), em que constasse a data e suporte original de
publicação. E, indo ainda um pouco mais além, se para cada um
deles tivesse havido uma pequena conversa com os autores onde fosse
explicada brevemente a génese e/ou alguns pormenores relevantes.
Isso, teria elevado esta edição, de viagem curiosa
e nostálgica ao passado de Louro e
Simões - até porque o tempo passou por estas produções e o Louro
(& Simões) que aqui encontramos eram ainda (apenas) autores em
potência - a um documento importante para a história da BD
portuguesa…
Universo negro
Luís Louro (desenho)
António José Simões
(argumento)
Escorpião Azul
Portugal, Junho de 2020
170
x 240 mm, 64
p., pb/cor, capa mole
com
sobrecapa
12,90 €
(imagens disponibilizadas pela Escorpião Azul; clicar nelas para as
aproveitar em toda a sua extensão)
Grande Pedro, muito obrigado!!!
ResponderEliminarUm detalhe... Esta É a capa original!!! (Feita em 1989 a p/b, e que nunca cheguei a colorir.) A capa que provavelmente conheces do Mundo de Aventuras foi apenas feita para a história do Fuhrer, nunca teve nada a ver com o universo negro. A cor dada agora foi o elo de ligação com o passado. :)
Abração. LL
Grande Pedro, muito obrigado!!!
ResponderEliminarUm detalhe... Esta É a capa original!!! (Feita em 1989 a p/b, e que nunca cheguei a colorir.) A capa que provavelmente conheces do Mundo de Aventuras foi apenas feita para a história do Fuhrer, nunca teve nada a ver com o universo negro. A cor dada agora foi o elo de ligação com o passado. :)
Abração. LL
Obrigado Luís!
EliminarÉ esse tipo de informação que eu gostaria de ter visto no livro...
Boas leituras... e bandas desenhadas para nós!