Se
em tempos eram notícia as interacções - num e noutro sentido -
entre BD e TV - e entre BD e cinema… - actualmente são tão
numerosas que já quase passam despercebidas.
Mesmo
quando a edição - inicial - aos quadradinhos (datada de 2009) surge
no mercado - está agora em bancas e quiosques nacionais - durante o
tempo de exibição da (mais recente) série televisiva, desta vez na
Fox Portugal.
É
por isso, de realçar a tentativa de aproveitamento comercial - e
mediático por parte da G. Floy…
sem que esta referência tenha a intenção de questionar ou
menorizar a obra (original) em si, um policial depressivo de leitura
agradável - mesmo que assim escrito soe algo mal!
Aproveito
já agora para referir que comecei a ver a série sabendo
antecipadamente da (então)
próxima edição da BD e que, se não dei por mal empregue o meu
tempo, também não fiquei fã babado da detective Dex Parios,
assumida no pequeno ecrã por Coby Smulders.
Mas
esse factor leva-me ao próximo ângulo de aproximação a Stumptown.
Comparações
No
caso de adaptações entre meios, é inevitável fazer comparações
entre o original e o produto derivado. O fundamental é sempre que
cada um funcione - sem traições ao espírito do protótipo e nisso
Stumptown
cumpre integralmente.
Isso
não evita que haja entre as duas versões diferenças marcantes,
desde logo ao nível de duas personagens marcantes.
Grey, o barman e ex-presidiário,
é uma delas, mais maduro e equilibrado na série, ainda (quase)
juvenil na BD. A
outra é a detective da polícia Hofman, nos quadradinhos uma mulher,
que a TV transformou em homem. Por vias da relação romântica que
na série televisiva vai
desenvolver com Parios? Não sei responder, porque n(est)a génese da
BD, essa relação (ainda?) não existe.
Ambos
- juntamente com o irmão
de Dex (com trissomia 21) - têm (ainda?) pouco protagonismo neste
episódio de estreia - cuja versão televisiva foi bastante fiel em
termos narrativos, de conteúdo e de desenvolvimento.
A
história
Isso
leva-nos ao ponto seguinte, a base narrativa de Stumptown.
A sua protagonista é Dex Parios, veterana do exército - com os
inevitáveis traumas associados à sua passagem pelo Afeganistão -
num momento de viragem da sua vida, em que decide recomeçar como
detective privada. Inconstante, com dificuldades de relacionamento e
alcoólica, encontra algum equilíbrio na relação com o irmão
adolescente, de quem tomou conta após serem abandonados pelos pais.
Alguns amigos fiéis - Grey, Hofman - garantem-lhe portos de abrigo
quando necessário.
A
morte de Benny, ex-namorado, numa emboscada no Afeganistão, pela
qual se sente responsável, é outro dos seus fantasmas que
complica o relacionamento
nem sempre fácil - soa a pretensiosismo e é-o - com a importante
comunidade índia local - que até está na origem deste seu primeiro
caso.
Belíssimo
título
Um
primeiro caso com um belíssimo título - daqueles capazes de, por si
só, me levarem à leitura: O
caso da rapariga que levou o champô (mas deixou o carro).
A
desaparecida no caso é uma jovem índia e o que parecia uma fuga com
um (pouco recomendável) namorado, revelará ramificações mais
complexas
e servirá de cartão de visita e de apresentação a uma Dex Parios,
ainda à procura do seu lugar na nova profissão.
A
história é assumidamente lenta, é necessário intuir uma
parte do seu enredo e o traço duro e agreste de Matthew Southworth
representa de forma conseguida o ambiente decadente dos subúrbios em
que ela decorre e demarca o tom policial negro e depressivo que nela
prevalece.
Tudo
numa edição com a qualidade a que a G. Floy nos habituou, cujos
extras - que incluem uma BD curta de 8 páginas - fogem, de forma consistente, aos habituais esboços e desenhos preparatórios.
Stumptown
Greg
Rucka (argumento)
Mathew
Southworth (desenho)
G.
Floy
Portugal,
Agosto
2020
180
x 265
mm, 160 p., cor, capa dura
14,90
€
(imagens
disponibilizadas pela G.
Floy; clicar nas imagens
para as aproveitar em toda a sua extensão)
O aproveitamento mediático podia ter sido feito com a utilização de autocolantes, não imprimindo na capa!
ResponderEliminarIsto é bom é para Paperbacks do Stephen King!
Personalidades à parte a personagem da Cobie Smulders é praticamente uma prostituta em comparação com a do comic.
Não sei o que é que o Rucka anda a fazer mas as adaptações dele em cinema e TV andam pelas ruas da amargura, primeiro o Old Guard, agora este, espero que não fornique o Lazarus também.
@Superbeasto Eu ia precisamente comentar o mesmo... aparentemente a G. Floy e Levoir devem ter o mesmo gestor de marketing. Auxiliares de divulgação/promoção devem ser desconhecidos por aquelas bandas (refiro-me a autocolantes e/ou cintas de papel...)
ResponderEliminarPor questões de custo, obviamente. Podem ser proibitivos nas pequenas tiragens que são típicas da BD.
EliminarBasicamente é a premissa do pilot da serie.tenho que ver se a bd é melhor,espero que Rucka seja melhor aqui que em Wolverine o Mulher Maravilha.
ResponderEliminarHás-de reparar comparando com uma e outra que ao contrário do comic ela no Piloto está, premissas à parte, está sempre com fome de pissa, numa atitude mais sexualizada na série do que no comic.
EliminarNa série tentam torná-la numa Jessica Jones.
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