Detective em Nova Iorque, de alguma forma Nick Raider veio ‘suprir
uma lacuna’ no catálogo eminentemente popular da Sergio Bonelli
Editore: a ausência de uma narrativa de carácter policial, que
Julia (Kendall) viria mais tarde complementar - e suplantar.
Publicado entre 1988 e 2005, é uma criação original de Claudio
Nizzi, que viria a deixá-lo para se dedicar a Tex - são dele (na
fase inicial, especialmente) a maioria dos Textone (Tex
Gigante).
Em parte por isso, Raider é muitas vezes considerado o ‘Tex de
Nova Iorque’, mas na verdade o tom e a postura afastam-no do que um
epíteto desses implicaria.
Se as narrativas são geralmente lineares na base e nos desenvolvimentos - distantes por isso das questões psicológicas que prevalecem em Julia… - elas conseguem dar uma ideia genérica do desenvolvimento do trabalho de investigação que um crime - geralmente homicídios - implica, da observação do local do crime, à exploração das pistas, da análise laboratorial dos indício ao recurso aos informadores, da audição de testemunhas ao interrogatório de potenciais suspeitos. O que não impede que, no final, geralmente seja a acção a prevalecer na resolução dos casos.
Se as narrativas são geralmente lineares na base e nos desenvolvimentos - distantes por isso das questões psicológicas que prevalecem em Julia… - elas conseguem dar uma ideia genérica do desenvolvimento do trabalho de investigação que um crime - geralmente homicídios - implica, da observação do local do crime, à exploração das pistas, da análise laboratorial dos indício ao recurso aos informadores, da audição de testemunhas ao interrogatório de potenciais suspeitos. O que não impede que, no final, geralmente seja a acção a prevalecer na resolução dos casos.
Na sua base, está uma equipa alargada, composta por Raider, o seu
parceiro (negro) Marvin Brown, responsável pelos entreactos cómicos
- um recurso habitual nas narrativas (mais) tradicionais Bonelli,
para aligeirar a tensão - o veterano Art Ryan, o investigador Jimmy
Garnet e um capitão burocrata e pouco dotado para o seu trabalho,
recorrentemente em choque com o protagonista.
Graficamente inspirado no actor Robert Mitchum - tendo Eddie Murphy
servido de modelo a Brown - Nick Raider começou por ser desenhado
por Giampero Casertano.
Neste quarto - e último! - volume da sua nova (e curta) vida no
Brasil - no total foram 10 edições pela Record, 16+4 pela Mythos -
o detective dos homicídio vê-se a braços com uma série de
assassinatos violentos, que a investigação acabará por relacionar
com um caso acontecido duas décadas antes no Vietname. A descoberta
do motivo levará a polícia nova-iorquina até um inesperado
suspeito, num relato onde mais uma vez tem preponderância a acção.
Se compreendo - e conheço - a base em que assenta Nick Raider e o
seu propósito de, antes de mais, dispor
bem e distrair de forma ligeira, não
posso deixar de lamentar que as sucessivas deixas cómicas - e o
recurso nesses momentos a um traço mais caricatural - acabem de
algum modo por atenuar a tensão e as questões mais sérias que um
outro tipo de abordagem poderia retirar da exploração daquele
trauma que continua(va, em 1989, data de publicação original desta
obra) presente na sociedade americana. E que poderia (e)levar as
histórias de Nick Raider ara um outro patamar… (mas temos sempre
Julia…!)
Nota final
Pergunto-me se este modelo de edição, menos
luxuoso e (por isso) mais barato, não poderia vingar nos nossos
quiosques e bancas, principalmente se assente numa criteriosa
selecção de alternância de (alguns) dos heróis Bonelli. Ou numa
colecção ‘menos exigente’,
com outro espírito e outro tipo de jornal…
Sei que não sou o primeiro a pensá-lo e
duvido que alguma vez saiba a resposta, mas deixo na mesma a reflexão
provocadora...
Nick Raider #4 O guerreiro da Metrópole
Bepi Vigna (argumento)
Renato Polese (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Outubr de 2018
160 x 210 mm, 96 p., pb, capa mole
R$ 26,90
(imagens
disponibilizadas pela Mythos; clicar nelas para as aproveitar em toda
a sua extensão)
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