Já o escrevi várias vezes: o Mundo de Aventuras foi a minha cartilha, foi nele que me formei como leitor de BD, que descobri séries, comparei géneros, avaliei autores, percebi a importância da (sua) heterogeneidade que, a um tempo, me divertiu, ensinou e forneceu uma larga base de leitura e conhecimento dos e aos quadradinhos.
A revista - então quase jornal, pelo formato e pelo papel - estreou-se a 18 de Agosto de 1949 e terminou a 15 de Janeiro de 1987, quase 48 anos depois. Fora os números especiais, contou 1841 edições.
Uma delas, para mim a mais lógica, corresponde à numeração da revista. Entre 1949 e 1973 foram publicados 1252 números; de seguida, a numeração foi reiniciada, somando mais 589 edições até 1987.
A outra teoria, defende que o Mundo de Aventuras teve cinco séries, correspondentes aos diversos formatos que adoptou: 280 x 400 mm, do #1 ao #44; 215 x 290 mm, do #45 ao #462; 185 x 265 mm, do #463 ao 511; 140 x 215 mm, do #512 ao #1252. Mas, incompreensivelmente, considera a segunda série acima referida como uma série única quando, pela mesma ordem de ideias e seguindo a mesma linha de raciocínio, deveriam ser (mais) quatro séries: 210 x 280 mm, do #1 ao #53; 165 x2 35 mm, do #54 ao #502; 205 x 285 mm, do #503 ao #512; de novo 165 x2 35 mm, do #513 ao #589.
No que me diz respeito - o que me interessa hoje - coleccionei-o religiosamente, na sua tal II série, desde Agosto de 1974 (#47) até Março de 1984 (#515). Depois, comprei alguns números soltos, quando o conteúdo me despertava o interesse.
E, desde há poucas semanas, posso afirmar que fiz a leitura de todos os números da II série do Mundo de Aventuras, terminada - fico o registo em termos de curiosidade, no # [Porque, para mim, não faz sentido ter sem ler, coleccionar apenas para possuir…]
Se o leitor que sou hoje - mais culto e exigente - se surpreende com o fascínio que a pobre edição ‘popular’ - a preto e branco, tantas vezes mal impressa - do Mundo de Aventuras exerceu sobre o adolescente que era naquele tempo, reconheço na colecção uma qualidade e uma variedade que - como leitor mais culto e exigente - só posso agradecer.
A falta que fazem aos jovens, leitores de amanhã - cultos e exigentes? - publicações semelhantes nos dias de hoje…
Dedico este texto ao meu pai, que um dia chegou a casa com o Mundo de Aventuras #47, porque eu já estava “a ficar crescido para ler o Mickey”, e a Jorge Magalhães, coordenador desta II série do Mundo de Aventuras e principal responsável pelo seu conteúdo.
(imagens recolhidas na Grand Comic Database; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Bem verdade. Apesar de ter começado a ser leitor com a 1ª série, já quando a revista era como se fossem mini álbuns quando as histórias permitiam, ou se prolongavam por duas revistas, foi com a II Série que descobri muitas séries novas e sem grande amputação de vinhetas, o que acontecia muito na primeira série. Também tenho a II série completa e a colecção completa dos Mundos de Aventuras Especiais e tal como o Pedro não consigo ter as revistas, livros ou seja o que for sem usufruir da sua leitura, que faço regularmente e me surpreende sempre, apesar do papel e da impressão. A importância que estas revistas tiveram na descoberta de vários tipos de Bd de vários autores e origens variadas, para além de descobrir vários autores portugueses. Ainda hoje com satisfação e prazer gosto de folhear e reler as histórias que aí nos foram apresentadas. Não é de mais referir a importância que o Jorge Magalhães teve nessa segunda série.
ResponderEliminarLetrée