02/11/2020

La Espada Salvaje de Conan #3

Consistência



Na continuidade da minha descoberta de La Espada Salvaje de Conan (The Savage Sword of Conan) desta vez o realce é para o aparecimento de narrativas longas - mais de 50 pranchas - que permitem outro desenvolvimento de situações e personagens e uma maior consistência.

E, nos dois casos concretos incluídos neste volume, possuem dois momentos muito especiais - na minha óptica - na cronologia do bárbaro.


Começo pelo fim, por La Ciudadela en el Centro del Tiempo (Citadel at the Center of Time), assinada por Roy Thomas, John Buscema e Alfredo Alcalá. Recém-chegado a Akbitana, Conan sente-se desafiado pela cidadela (aparentemente) sem entrada que existe no centro da cidade, de onde pontualmente sai alguém bem provido de jóias. Após alguns entreactos, o cimério consegue - embora de forma involuntária - acesso ao edifício, onde será confrontado com alguém com poderes especiais e um poço que permite viajar no tempo. As bestas selvagens do passado e as descobertas fantásticas do futuro, vão assim cruzar-se com o percurso de Conan, num relato bastante inusitado, realçado por um invulgar toque de humor que o vai pontuando.

Se este terceiro volume permite também confirmar a sequência entre a maioria dos relatos, o que lhes confere unidade e uma outra dimensão ao percurso do bárbaro, a história inaugural, Nacerá una Bruja (A Witch Shall Be Born) ostenta a tal consistência que referi a abrir este texto, pela exploração progressiva de uma situação que os leitores conhecem mas os protagonistas não: a substituição de uma soberana justa e amiga dos seus súbditos, pela sua gémea, maligna e bruxa, com as mudanças e consequências expectáveis.


Mas, para além disso, aos meus olhos surgiu um dos momentos mais marcantes e violentos dos que até agora conheci em Conan [e sugiro que pare por aqui a leitura, quem não quiser vir a saber demais, embora o próprio Roy Thomas o revele no prefácio que abre o livro]: capturado pelos seus inimigos, é crucificado numa árvore no deserto, ficando à mercê do calor e da sede, tanto quanto do ataque dos abutres que rapidamente rondam. Ao longo de nove dolorosas pranchas em que nada - em texto escrito e imagens - é poupado ao leitor, Conan luta - tenta lutar - contra a situação, que se vai agravando - com a consequente subida da tensão - até um primeiro pico em que rechaça o ataque de uma ave... apanhando-a feroz, selvaticamente, com os dentes, pelo pescoço, rilhando-os até a deixar sem vida...

Uma cena brutal, chocante, de grande impacto visual e emotivo, que condensa muito do que é o bárbaro e o espírito subjacente ao relato das suas aventuras.


La Espada Salvaje de Conan #3

Nacerá una bruja y otros relatos

Inclui conteúdos de The Savage Sword of Conan #3-#5 (EUA)

Roy Thomas (argumento)

John Buscema com Sonny Trinidad, Alex Niño e Alfredo Alcalá (desenho)

Panini Cómics

Espanha, Setembro de 2020

205 x 275 mm, 224 pp., pb, capa dura

ISBN: 9788413345765

20,00 €


(capa disponibilizada pela Panini; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

7 comentários:

  1. Pedro,

    nunca viste o filme do Conan?
    A cena que descreves é uma das cenas icónicas do filme, que foi retirada deste livro. Se por algum motivo nunca viste o filme, vê. O filme é muito bom e suficientemente diferente para não estragar nenhum livro.
    O Arnold é um Conan suficiente e tem algum carisma.

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    1. De dizer que o abutre desta BD parece mais vivo do que aquele do filme, ehehehe.

      Continua a ser um bom filme do John Milius mas os F/X estão um bocado datados.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. https://www.youtube.com/watch?v=91Zo8OdHpRw

    Aquilo que se encontra no youtube...

    Podiam ter feito mexer melhor as asinhas, se me morderem o pescoço até eu mexo melhor os braços, não fico estático qual noiva de Drácula.

    Olha, essa história tem uma bela capa do Boris Vallejo, com cores de Western clássico.

    https://www.cgccomics.com/gallery/details.aspx?comic=820

    Não tinha percebido acima pois a assinatura está tapada, não é o tipo de desenho que costumo associar ao Vallejo.

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    1. A cena da BD é bem mais credível e violenta...!
      E a capa é do Vallejo, sim, mas o Conan na árvore é do Buscema. Segundo explica o Roy Thomas no prefácio, o Buscema quis desenhar a capa, mas não ficou satisfeito com o que tinha feito e o Vallejo foi chamado para compor o conjunto (a que acrescentou a caveira e o abutre, por exemplo...).
      Boas leituras... e filmes!

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    2. Excelente, já fiquei menos confuso :)

      Boas leituras.

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