Consistência
Na continuidade da minha descoberta de La
Espada Salvaje de Conan (The
Savage Sword of Conan)
desta vez o realce é para o aparecimento de narrativas longas - mais
de 50 pranchas
-
que permitem outro desenvolvimento de situações e personagens e uma
maior consistência.
E, nos dois
casos concretos incluídos neste volume, possuem
dois
momentos muito especiais - na minha óptica - na cronologia do
bárbaro.
Começo pelo
fim, por La Ciudadela en el
Centro del Tiempo (Citadel
at the Center of Time),
assinada por Roy Thomas, John Buscema e Alfredo Alcalá.
Recém-chegado a Akbitana, Conan sente-se desafiado pela cidadela
(aparentemente) sem entrada que existe no centro da cidade, de onde
pontualmente sai alguém bem provido de jóias. Após alguns
entreactos, o cimério consegue -
embora de forma involuntária - acesso ao edifício, onde será
confrontado com alguém com poderes especiais e um poço que permite
viajar no tempo. As bestas selvagens do passado e as descobertas
fantásticas do futuro, vão assim cruzar-se com o percurso de Conan,
num relato bastante inusitado, realçado por um invulgar toque de
humor que o vai pontuando.
Se
este terceiro volume permite também confirmar
a
sequência entre a maioria dos relatos, o que lhes confere unidade e
uma outra dimensão ao percurso do bárbaro, a história inaugural,
Nacerá
una Bruja
(A
Witch Shall Be Born)
ostenta a tal consistência que referi a abrir este texto, pela
exploração progressiva de uma situação que os leitores conhecem
mas os protagonistas não: a substituição de uma soberana justa e
amiga dos seus súbditos, pela sua gémea, maligna e bruxa, com as
mudanças e consequências expectáveis.
Mas,
para além disso, aos meus olhos surgiu um dos momentos mais
marcantes e violentos dos que até agora conheci em Conan [e sugiro
que pare por aqui a leitura, quem não quiser vir a saber demais,
embora o próprio Roy Thomas o revele no prefácio que abre o livro]:
capturado pelos seus inimigos, é crucificado numa árvore no
deserto, ficando à mercê do calor e da sede, tanto quanto do
ataque dos abutres que rapidamente rondam. Ao longo de nove dolorosas
pranchas em que nada - em texto escrito e imagens - é poupado ao
leitor, Conan luta - tenta lutar - contra a situação, que se vai
agravando - com a consequente subida da tensão - até um primeiro
pico em que rechaça o ataque de uma ave... apanhando-a feroz,
selvaticamente, com os dentes, pelo pescoço, rilhando-os até a
deixar sem vida...
Uma
cena brutal, chocante, de grande impacto visual e emotivo, que
condensa muito do que é
o
bárbaro e o espírito subjacente ao relato das suas aventuras.
La Espada Salvaje de Conan #3
Nacerá
una bruja y
otros relatos
Inclui conteúdos de The
Savage Sword of Conan #3-#5
(EUA)
Roy Thomas (argumento)
John Buscema com Sonny
Trinidad, Alex Niño e Alfredo
Alcalá (desenho)
Panini Cómics
Espanha, Setembro
de
2020
205 x 275 mm, 224
pp., pb, capa dura
ISBN: 9788413345765
20,00
€
(capa
disponibilizada pela Panini; clicar
nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
Pedro,
ResponderEliminarnunca viste o filme do Conan?
A cena que descreves é uma das cenas icónicas do filme, que foi retirada deste livro. Se por algum motivo nunca viste o filme, vê. O filme é muito bom e suficientemente diferente para não estragar nenhum livro.
O Arnold é um Conan suficiente e tem algum carisma.
De dizer que o abutre desta BD parece mais vivo do que aquele do filme, ehehehe.
EliminarContinua a ser um bom filme do John Milius mas os F/X estão um bocado datados.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=91Zo8OdHpRw
ResponderEliminarAquilo que se encontra no youtube...
Podiam ter feito mexer melhor as asinhas, se me morderem o pescoço até eu mexo melhor os braços, não fico estático qual noiva de Drácula.
Olha, essa história tem uma bela capa do Boris Vallejo, com cores de Western clássico.
https://www.cgccomics.com/gallery/details.aspx?comic=820
Não tinha percebido acima pois a assinatura está tapada, não é o tipo de desenho que costumo associar ao Vallejo.
A cena da BD é bem mais credível e violenta...!
EliminarE a capa é do Vallejo, sim, mas o Conan na árvore é do Buscema. Segundo explica o Roy Thomas no prefácio, o Buscema quis desenhar a capa, mas não ficou satisfeito com o que tinha feito e o Vallejo foi chamado para compor o conjunto (a que acrescentou a caveira e o abutre, por exemplo...).
Boas leituras... e filmes!
Excelente, já fiquei menos confuso :)
EliminarBoas leituras.