De todas as formas, cores, feitios...
Se há muitos anos há algo imutável no Universo Marvel, é a absoluta mutabilidade dos seus pressupostos e mesmo da essência das suas personagens.
O Hulk, é um dos exemplos - paradigmáticos? - pois já foi de (quase) todas as cores, formas, feitios e personalidades...
Comecemos pelo colorido: do cinza original falhado, ao verde afinal assumido, passando pelo vermelho, outra vez cinza, outra vez verde... a diversidade cromática aplicada ao Hulk deve ser caso único.
E se escrevi acima 'formas e feitios' em jeito de hipérbole e (também) provocação, a verdade é que, quanto ao segundo item, o Hulk já existiu como face escondida do seu alter-ego Bruce Banner mas também como ser autónomo à parte do cientista.
E, quanto à personalidade, o monstro verde (nalguns casos...) tem muito que se lhe diga: de atrasado mental a génio científico, de infantil a malévolo, de quase filósofo a ser racional, já houve uma miríade de Hulks, consoante as épocas e as necessidades narrativas.
Porque, reconheço sem dificuldade, muitas destas mudanças até apresentaram bons pretextos para relatos interessantes e (muito) diferentes.
Como, afinal, acontece agora, na mais recente (?) alteração orgânica
na personagem criada por Stan Lee e Jack Kirby em 1962. Porque, este Hulk, tal como expresso no título da publicação, é imortal. Trocando em miúdos, quando Bruce Banner falece, ressuscita como Hulk... A ideia até não é nova: era a base de Hulk: O fim - publicado na colecção Poderosos Heróis Marvel, volume14: Hulk - Futuro imperfeito (Levoir, 2015) https://asleiturasdopedro.blogspot.com/2016/01/hulk-futuro-imperfeito.html - em que Banner/Hulk era o último sobrevivente da raça humana num planeta devastado onde, de cada vez que a sua faceta humana sentia o fim a aproximar-se, a emoção do momento fazia acordar a besta dentro de si, evitando (involuntariamente) esse fim ansiado, num conto trágico e fatídico.
Agora, na sequência da morte de Banner durante a Guerra Civil, o argumentista britânico Al Ewing 'revela' que, se Banner é mortal e finito, o monstro verde dentro de si é imortal - proclama-o mesmo no título desta saga - aproveitando para revisitar, de certa forma em tom
de narrativa de terror, que se ajusta muito bem à personagem, acentuado pela violência explícita do traço de Joe Bennett - as velhas questões associadas ao Hulk: é bom ou é mau, é humano ou monstro. [Embora, há que o dizer, com alguma incongruência, quando o Hulk acalma, volta a ser Banner, outra vez vivinho e a mexer...]
Para além disso, de certa forma na esteira do Dr. Jekyll e Mister Hide, de Stevenson, Ewing divide o protagonismo dos dois pelos períodos diurno - Banner - e nocturno - Hulk, acentuando as suas características intrínsecas e as suas diferenças, num combate interior pelo controlo total - em que o lado humano parece derrotado à partida pela 'nova' imortalidade que o 'seu' monstro agora possui.
Num arranque prometedor, que esta edição deixa curto, há outras metamorfoses que deixo aos leitores descobrir, enquanto espero pela continuação desta saga justamente indicada para os Eisner de Melhor Série no ano passado.
O
Imortal Hulk #1: Homem, monstro... ou ambos?
Inclui
The
immortal Hulk
#1 a #5
Al
Ewing
(argumento)
Joe
Bennet e Ruy José
(desenho)
Panini
Brasil, Julho
de 2019
Distribuição
em Portugal: 16
de Novembro
de 2020
170 x 260 mm,
128
p., cor, capa cartão
9,90
€
Pedro,
ResponderEliminaresta fase é completamente coerente com a fase inicial da personagem.
As caracteristicas da personagem nesta fase são as mesmas, tanto que o argumentista até dá à história o mesmo nome (tenho em inglês, portanto não sei o que fizeram) que está na capa do Hulk 1.
Além disso, Dr. Jekyll e Mister Hide fez parte da inspiração original para a personagem. E a estrutura da série Immortal Hulk, vem da série de tv, da qual o Al Edwig é um grande fã.
Eu não sou um profundo conhecedor do Hulk, porque acho que é uma péssima personagem, em que as mudanças que fizeram foram no fundo, criar uma nova personagem. Esta fase é das poucas coisas verdadeiramente coerente com o conceito original.
E o horror. Outro elemento fundamental e que é retomado aqui.
E a Marvel já anunciou o regresso do Incrível Hulk,logo esta fase acaba no 50,mas ja li 20 e tal números e provavelmente é a melhor serie actual da Marvel logo seguida do X-men Hickman.
ResponderEliminarO anuncio:
ResponderEliminarhttps://www.gamesradar.com/immortal-hulk-artist-says-series-to-end-with-50/
0 Immortal Hulk Omnibus
https://www.amazon.com/Immortal-Hulk-Omnibus-Al-Ewing/dp/1846533600