05/01/2021

Astérix no Tibete?

Cumprindo a tradição dos anos ímpares, em Outubro será lançado um novo álbum de Astérix, o 39.º da cronologia iniciada em 1959 com Astérix, o gaulês. E cumprindo uma outra 'norma', como acontece a cada duas novas aventuras, esta irá levar os gauleses para longe da sua aldeia, possivelmente até ao Tibete. A página promocional que foi divulgada no passado domingo não o diz claramente, mas possui pistas que apontam nesse sentido.

A cena mostra Astérix, Obélix e Panoramix, no interior de uma cabana, junto a uma lareira acesa, sentados a uma mesa. Os dois últimos jogam uma espécie de xadrez, com javalis, menires e César em vez do rei, mas o druida dormita. De repente, acorda sobressaltado, faz voar o tabuleiro e grita algo que é coberto por uma faixa com a palavra 'confidencial', pois "é algo muito específico" que poderia colocar os leitores na pista certa, revelou o desenhador Didier Conrad ao "Journal de Dimanche" de domingo.

Na continuação, o druida diz ter sido contactado por um amigo e que precisa de partir urgentemente, o que se verifica na manhã seguinte, quando os três abandonam a aldeia numa carroça. Obélix vai amuado, convencido que tudo foi um estratagema porque "estava quase a ganhar", enquanto Panoramix revela que "a viagem é muito longa!".

A semelhança desta página com a segunda prancha de "Tintin no Tibete" é evidente. Nesta última, o jovem repórter também adormece durante um jogo de xadrez com o Capitão Haddock, para acordar sobressaltado, gritando o nome de Tchang, o amigo que fizera na sua visita à China e que acredita estar em perigo.

Se para muitos isto seria suficiente, o argumentista, Jean-Yves Ferri, em declarações à rádio RTL acrescentou que o país de destino dos gauleses "hoje já não existe enquanto tal". O percurso da antiga rota da seda é por isso uma possibilidade, para mais sendo sabido que historicamente os romanos negociavam com os chineses.

Em aventuras anteriores os gauleses, para além da sua França natal, já visitaram a Alemanha, Itália, Egipto, Inglaterra, Norte de África, Grécia, Península Ibérica, Suíça, Córsega, América, Médio Oriente, Índia, Escócia e até a Atlântida.

Na mesma entrevista, Ferri adiantou que a pandemia que estamos a viver não será o tema central do álbum, embora admita que "obrigatoriamente haverá algumas alusões".

Entretanto, no "Journal de Dimanche" foi mostrado o esboço de uma tira que mostra soldados romanos de guarda a uma prisioneira, por quem aparentemente todos estão apaixonados, o que parece indiciar que, depois de Adrenalina, em A Filha de Vercingétorix, também a nova aventura terá uma personagem feminina relevante.

O novo álbum será o primeiro sem o olhar crítico de Albert Uderzo, falecido em Março último, embora o desenhador original da série tivesse sido informado do destino dos heróis que ajudou a criar.

Como habitualmente, as Edições ASA lançarão a versão portuguesa do novo álbum das aventuras de Astérix, em simultâneo com a edição original.


(texto publicado originalmente na página online do Jornal de Notícias, a 3 de Janeiro de 2021; imagens disponibilizadas pelas Edições ASA; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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Deixo também a nota de imprensa das edições ASA.

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