Numa colecção - Novela Gráfica, no caso 2020 - que continua a potenciar a descoberta e a surpresa, The New Deal é mais um volume que cumpre aqueles pressupostos.
Primeira obra de Jonathan Case publicada em Portugal, assume um tom policial, leve e divertido, a par de uma ligeira sátira social, bem suportada por um traço elegante, a preto e branco, sem grande uso de contrastes, mas cirurgicamente pintado com manchas suaves de aguadas de azul.
Como pano de fundo, às portas da II Guerra Mundial, para lá dos efeitos (ainda patentes) da Grande Depressão - ou por causa deles - encontrámos os choques entre brancos e negros, entre ricos e pobres, um enorme jogo de aparências - de que o vislumbre do visionário Orson Wells é apenas a ponta do icebergue - um toque (de inconsequente) romântico e a crença de que todos podem ascender, social e economicamente, sob a égide do poder do dinheiro.
O protagonista é Frank, camareiro no Waldorf Astoria, o mais elegante e luxuoso hotel de Manhattan, dividido entre os sonhos de riqueza e as dívidas contraídas ao jogo e contando com a cumplicidade quotidiana de Theresa, empregada de limpeza do mesmo local. Ambos serão arrastados num turbilhão, quando surgem como suspeitos de uma série de roubos misteriosos. Com alianças momentâneas e oposições nada desinteressadas, terão de circular entre gangsters e homens da lei, sofrendo os efeitos de interesses económicos e jogos de classes, sem a certeza de saírem incólumes de tudo.
Estimulante, pelo curiosidade que vai despertando, mesmo sem deslumbrar, esta é uma leitura descontraída, que dispõe bem, em que quase nada é (exactamente) o que parece, com algumas inflexões na orientação geral do relato, que acabam por surpreender sucessivamente o leitor.
The
New Deal
Jonathan
Case
Levoir
Portugal,
26
de Setembro
de 2020
180
x 275
mm, 120
p., cor, capa dura
10,90
€
(imagens disponibilizadas pela Levoir; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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