02/04/2021

Armazém Central #1: Marie

Começar de novo


Sei que me cito outra vez, mas recorro quase textualmente ao intróito de Undertaker #2: "Eu sei que já escrevi sobre esta obra aquando da leitura que fiz da primeira edição nacional, pela ASA, sei que já reencaminhei para ela os leitores deste blog quando reproduzi a informação da Arte de Autor sobre o seu relançamento em português, mas porque há sempre quem seja mais distraído, reforço o conselho de compra e leitura de Armazém Central #1: Marie - como porta de entrada num dos universos mais belos, ternos, sensíveis e humanos que a banda desenhada nos proporcionou neste século - porque há obras que justificam (quase) todos os elogios - e este é uma delas.

Deixo, por isso, uma espécie de súmula dos textos acima referidos, originalmente publicada no Jornal de Notícias - que, não suprindo a sua leitura, aponta já algumas boas indicações e referências.

Há quase década e meia, Marie chegava às livrarias portuguesas. Era o primeiro dos 9 volumes de Armazém Central, uma das mais aconselháveis séries de BD franco-belgas deste século. Abandonada ao fim de três tomos, Armazém Central seria retomada pela Arte de Autor no final do ano passado, editora que agora começa a reeditar os volumes iniciais, entretanto desaparecidos do mercado nacional.

Marie, introduz-nos no quotidiano de uma pequena aldeia do Quebeque, durante a década de 1920. No centro da vida da pequena população, servindo como ponto de encontro, local de confissões, desabafos e coscuvilhices, está o armazém, único ponto de comércio local.

Loisel e Tripp, simultaneamente argumentistas e desenhadores, mergulham-nos de forma terna, sensível e bem-humorada, numa micro-sociedade, documentando de forma cativante um dia-a-dia maioritariamente rural, onde, a par de Marie, jovem viúva em busca de emancipação, encontramos as beatas empedernidas, o padre recém-chegado, o ateu marginalizado, o jovem apatetado, o veterano cego da Grande Guerra, o forasteiro olhado de soslaio e outras personagens, sólidas e representativas, que nos vão conquistando, surpreendendo e deslumbrado, e com quem aprendemos que nesta vida nada é certo, nada é fácil e os sonhos têm de ser conquistados.


Armazém Central #1: Marie
Régis Loisel e Jean-Louis Tripp (argumento e desenho)
François Lapière (cores)
Arte de Autor
Portugal, Março de 2021
227 x 302 mm, cor, capa dura
21,00€

(imagens disponibilizadas pela Arte de Autor; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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