Momentos
Tenho para mim, que o momento (para mais se for o ‘certo’) em que lemos determinado período das sagas aos quadradinhos que se estendem durante décadas - como acontece com o Homem-Aranha - tem muito (tudo?) a ver com as fases que valorizámos mais. Isto independentemente de reconhecermos (mais) qualidade a outras, talvez porque haja um lado emocional que será preponderante na nossa opinião...
Lidos na altura certa - que em casos como Astérix, por exemplo, que apresentam mais de um nível de leitura, poderá corresponder a mais do que uma idade - essas obras marcar-nos-ão de forma diferente. É assim, que compreendo que alguém que tenho começado a leitura de Astérix ou Blake & Mortimer pelos álbuns mais recentes, os possa equiparar - ou até valorizar mais - aos originais do(s) seus(s) criador(es), o que poderá soar como heresia aos puristas ou a quem leu essas obras mais antigas (há muitos anos) no momento (certo) da sua vida.
Tudo isto para dizer que, no meu caso, em relação ao Homem-Aranha, foi (tardiamente) com a fase de Straczynski e Romita Jr., nas edições da Devir, em nome próprio, e nas publicadas com o Jornal de Notícias, que comecei a ler de forma continuada e consistente as suas aventuras.
Por isso, para lá de ser apreciador do traço do desenhador, é com esta fase que, de certa forma, me identifico e foi com ela que comecei a povoar na minha mente o universo (até aí muito ‘esfarrapado’) do aracnídeo. Sem prejuízo do muito (relativamente) que, depois, já li para trás e para a frente - e para os lados!
Pelo atrás descrito, este volume teve um sabor duplo. Por um lado, o reencontro, nostálgico para mim, com histórias lidas na ‘idade certa’. Porque - convém acrescentar - se reconheço que o ‘verdadeiro’ Homem-Aranha é o do Peter Parker adolescente, este, de Straczynski e Romita Jr., é um jovem adulto recém-casado, em início de vida - tal como eu era (mais ou menos) então. Por isso, os problemas inerentes ao novo trabalho, a relação matrimonial com (a aqui e ali atrevida) Mary Jane, a passagem de jovem a adulto com as inevitáveis muitas mudanças e alterações de vida e de postura, disseram-me na altura muito - a tal idade certa... - e, possivelmente, percebi essa identificação melhor agora do que então...
Por outro lado, este volume específico, apesar de alguns desvios místicos, que sempre me provocaram alguma urticária no universo Marvel, inclui uma história - a propósito do aniversário de Peter - de homenagem e tributo ao seu longo percurso e aos seus primeiros tempos como super-herói, em que o protagonista repensa tudo o que o levou até ali - com a hipótese de alterar alguns dos factos mais trágicos do seu passado - que acaba por contrastar de forma interessante com o tom apesar de tudo mais leve e descontraído que este período geralmente assume - como pode ser visto em quase todo o volume - e que francamente me agrada.
Marvel
Saga - O Espetacular Homem-Aranha #4
J.
Michael Straczynski
(argumento e desenho)
John
Romita
Jr.
(desenho)
Scott
Hanna (arte-final)
Panini
Comics
Espanha,
Outubro
de
2020
170
x 260
mm, 200
p., cor,
capa dura
R$
59,90 / 13,40 €
(capa disponibilizada pela Panini; pranchas disponibilizadas pela Marvel; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
Pedro,
ResponderEliminarinfelizmente esta saga vai piorar e muito. Se começa bem enquanto a Marvel estava longe de crossovers, quando o título for atingido por eventos e crossovers, o JRomita JR saí e a qualidade do desenho piora. A qualidade do guião nem é possível descrever.
Não me parece ter sido a melhor saga a publicar. Talvez a do Roger Stern com o Jonh Romita Jr seria a melhor. Mas pronto. Opções.
Sim, eu também sei que vai piorar...
EliminarBoas leituras... enquanto valem a pena!
Nos últimos 30 anos nada que venha do John Romita Jr. vale a pena.
EliminarAinda tenho pesadelos com as histórias do Daredevil que ele desenhou para a Ann Nocenti mas depois acabou por ficar muito pior, a Tia May nas histórias do Aranha parece uma bruxa.
Parece que encravou numa espécie de fase Todd McFarlane dos inícios, mas até este acabou por evoluir no Spawn.
Achei piada ao Kick Ass com os seus desenhos cartoonescos mas ficou por aí.
Acredito que tenha querida distanciar-se da influência do pai mas foi pelo pior caminho.
A sorte dele é que tem entrado em projectos com bons escritores.
Concordo com o Superbeasto, o John Romita Jr. até era um dos meus desenhadores preferidos, quando desenhava o Homem-Aranha no inicio e a excelente fase do Homem de Ferro, depois não sei o que se passou, foi um pouco como o Frank Miller, aquilo foi por um estilo de desenho que não me agrada, como por vezes com o tamanho da cabeça desproporcionada com o resto do corpo e por aí.
EliminarPenso que o Frank Miller começou a decair depois do 300, notei isto já no Sin City Hell and Back, passou a usar mais pretos para disfarçar a falta de backgrounds e as figuras ficaram mais cartoonescas e menos definidas, a seguir tornou-se bastante óbvio acho com o Dark Knight Strikes Again, não sei se devido ao alcoolismo ou à doença.
EliminarHoje em dia o Frank desenha muito mal.
Mas este não é o problema do JRJR, ele faz mesmo de propósito, para mim estragou o Kick Ass The New Girl, a história era interessante mas os personagens, as crianças parecem chupa-chupas gigantes e os adultos o Peter Dinklage, parece uma série sobre anões.
Alguém disse ao JRJR que está a ir bem.
E esse arco saiu pela Salvat a pouco tempo mais barato.
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