08/06/2023

Denise + Chainsaw Man #1 + Let’s Play #1

Outras leituras ou leituras para outros?

Viciado em leituras desde que me lembro… de saber ler (!), considero-me também um leitor de gostos variados e que gosta de experimentar novas abordagens e de ser desafiado - talvez um pouco menos nestes últimos anos, em que opto com mais frequência pela(s) minha(s) zona(s) de conforto.
Como divulgador, sinto-me na obrigação de sair dela(s) regularmente, embora por vezes tenha a sensação de que esta ou aquela leitura não são para mim - JÁ não são para mim?
Aconteceu com as que vos trago hoje.


Denise, a ‘fofoqueira’ da Turma da Mônica não está entre as minhas referências principais (nem secundárias) daquele universo. Ao ler Denise: Arraso, de Cora Ottoni (Panini, Brasil, 2022), actualmente distribuída em algumas bancas portuguesas. senti que não faço parte do público alvo a que se dirige, por isso foi, até hoje a Graphic MSP que menos prazer me proporcionou [e li-as quase todas].

No entanto reconheço a importância do tema: o excesso de visibilidade e de influência dos… influencers digitais, muitas vezes apenas correias de transmissão de interesses de marcas ou locais, sem que na verdade a sua vida espelhe o que parecem desfrutar nos seus conteúdos.

No entanto, e apesar da abordagem simplificada e linear de Denise: Arraso, servida por um traço atractivo e bastante legível, este poderá ser um dos títulos que melhor cumpre aquele que foi desde sempre um dos propósitos da linha editorial de Maurício de Sousa: educar, a nível pessoal e social.


De algum modo, senti o mesmo com Let’s Play volume #1, de Leeanne M. Krecic (Iguana, Portugal, Maio de 2023), pois a sua temática, o mundo dos vídeojogos, youtubers e programadores, passa-me bastante ao lado.

Reconheço à obra uma boa planificação, atendendo até a que foi publicado inicialmente como Webcomic, e um bom ritmo narrativo, com a trama centrada na relação de amor-ódio (sem ainda ter chegado a qualquer dos dois no final deste primeiro volume) entre os protagonistas, uma programadora de jogos e um influencer que o acaso fez vizinhos, que, pelo seu carácter romântico, a direcciona mais para jovens leitoras.


Termino esta trilogia ‘datada’ com Chainsaw Man #1, de Tatsuki Fujimoto (Devir, Portugal, Maio de 2023), a nova aposta forte da principal editora portuguesa de manga. Ritmo acelerado, grandes surpresas, sangue e violência a jorros são alguns dos ingredientes que fazem dele um dos grandes lançamentos do ano, dentro do género.

No entanto, já não me sinto desafiado a leituras protagonizadas por um adolescente pobre que vai conseguir um cão que se transforma em serra (ou vice-versa), antes de possuir o seu corpo, passando então os seus membros a transformarem-se em serras.


Relendo o que escrevi, sinto necessidade de um esclarecimento: nenhuma destas obras é menor ou menos apelativa, ou merece ser colocada de lado. E ainda bem que são publicadas, sinónimo que os leitores de banda desenhada são cada vez mais diversificados.

Apenas me sinto excluído do público-alvo de nenhuma delas… sinais da idade, talvez...


(capas disponibilizadas pelas editoras; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)

7 comentários:

  1. Relativamente ao Chainsaw Man não li o Manga apenas vi o anime o qual está excecional... Quanto á história e o fato de estar relacionado com a idade, é muito subjetivo e algo que felizmente está a mudar na sociedade (devagar claro...), isto só para dizer que já não sou novo tenho 55 anos e no entanto gosto deste género. Isto não é obviamente nenhuma critica é apenas uma contestação... boas leituras

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  2. escrevi a mensagem anterior por lapso como anónimo :-)

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    1. A idade é quase a mesma, os gostos são diferentes. É saudável e ainda bem que actualmente há oferta editorial para muitos gostos.
      Boas leituras!

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  3. Obrigado pela partilha/opinião, Pedro!

    Das Graphic MSP, quais seriam as suas principais recomendações de leitura?

    Já agora, existe alguma mais infantilizada/ adequada a ler a uma criança de 4 anos?

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    1. Obrigado pelas suas palavras.
      Relativamente às Graphic MSP, considero que quem conhece as personagens originais, pode aproveitar melhor a sua leitura. Nesta ligação: https://outrasleiturasdopedro.blogspot.com/ encontra a minha opinião sobre muitas delas. Apesar de tudo, para uma criança de 4 anos, talvez aconselhasse as três versões da Turma da Mônica assinadas pelos irmãos Vítor e Lu Cafaggi: Laços, Lições e Lembranças.
      Neste momento, em Portugal, existe alguma oferta para leitores mais novos; algumas delas estão referidas neste texto: https://outrasleiturasdopedro.blogspot.com/2023/08/nova-bd-infantil-fala-portugues-e.html
      Acima de tudo convém não esquecer que cada leitor é um leitor diferente e, principalmente, que as crianças de hoje não são iguais às crianças que nós fomos, por isso o que nós lemos com 4, 6, 10 anos dificilmente servirá para as crianças de 4, 6, 10 anos de hoje lerem.
      Sendo que é extremamente louvável querer que uma criança de 4 anos dê já os primeiros passos na leitura e na banda desenhada. Quanto mais cedo começar, mais facilmente se deixará 'apanhar' por este belo 'vício'!
      Boas leituras... para os dois!

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    2. Muito obrigado!

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    3. Já agora, para quem está interessado. Há colecções de bandas desenhadas mudas para crianças a partir dos três anos . Por exemplo a puceron da Dupuis e a Mamut comics

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