11/06/2025

Alix Senator #12 - O Disco de Osíris

Decadência?





Admirador confesso de Alix Senator - apesar das minhas reticências iniciais - como aliás comprova a sua presença regular neste blog, senti nesta décima-segunda entrega, algumas inflexões que me colocam de pé atrás em relação à sua continuidade.

A principal, o desvio do realismo que até agora balizara a série, na peugada - mais leve, apesar de tudo - do que era uma dos pontos fortes da série-mãe. Se por um lado achei curiosa a explicação que Valérie Mangin encontrou para explicar os 'gigantes' que em tempos habitaram perto do Egipto, quais 'deuses' assombrosos aos olhos dos simples mortais ignorantes apostados sempre em encontrar no sobrenatural as explicações para o que os seus olhos viam sem que as sua mentes entendessem, por outro parece-me que esta temática surge aqui algo deslocada. Como acontecia, de forma mais gritante e chocante, com as figuras centrais de O Rio de Jade, na série principal.

Mas, mais grave, aos meus olhos, é o local que Alix e os seus companheiros buscam em O Disco de Osíris, numa aproximação excessiva a lendas e mitos que - espero que a continuação me mostre estar enganado - não têm lugar numa narrativa que prima pelo realismo histórico - e onde até o (aparente) sobrenatural tem tido explicações lógicas.

A par disto, o facilitismo de algumas soluções no decorrer do relato também não me convenceram, dando a ideia que o seu único propósito era a chegada ao ponto final, não importando ou importando pouco o trajecto e complicações que levassem até lá.

Graficamente, aprofundando pequenos sinais que aqui e ali surgiram em álbuns anteriores, a situação é, comparativamente, mais grave, e Thierry Dmarez assina a sua pior contribuição para a série até ao momento, com Alix e Enak - os protagonistas! - a parecerem pobres caricaturas de si próprios, como que se tivessem sido desenhados por um artista pouco dotado, empenhado em reproduzir, sem o conseguir, o traço do ilustrador original - quando estes 'assistentes' geralmente trabalham fundos e figurantes. Para mais, o seu aspecto desleixado e patético acaba mesmo por chocar com o tratamento dado aos cenários e restantes intervenientes de um modo geral, que obecedem ao realismo que o texto exige.

Espero - pelo muito que Alix Senator já me deu - que tenha sido apenas um acidente de percurso e não sinais a confirmar decadência.

...até porque, tenho bastante curiosidade no próximo volume, O Antro do Minotauro, porque de certa forma constitui um díptico com Alix #40 - L'Oeil du Minotaur, álbum da séria-mãe que também teve argumento de Valérie Mangin.


Alix Senator #12 - O Disco de Osíris
Valérie Mangin (argumento)
Thierry Dmarez (desenho)
Gradiva
Portugal, Abril de 2025
233 x 313 mm, 48 p., cor, capa dura
20,99 €

(capa disponibilizada pela Gradiva, pranchas provenientes da versão original francesa, disponibilizadas pela Casterman; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

Sem comentários:

Enviar um comentário