02/10/2018

Saga 8 - Outcast 4


 
Vícios
Não se trata do resultado de nenhum jogo, nem diz respeito a qualquer desporto; tem apenas a ver com o exercício recorrente de voltar página após página, geralmente conhecido como leitura.
E que, nalguns casos - como em Saga ou Outcast - se torna viciante. Porque a escrita, de um e de outro, é de qualidade superlativa.

No oitavo número de Saga, sentimos que estamos cada vez mais longe - ou menos perto? - de um desfecho. Que as personagens - e as respectivas histórias - que se vão cruzando, são cada vez em maior número, têm cada vez mais a reportar, mais cambiantes a explorar.
E que os autores continuam a divertir-se muito - e a divertir-nos também, esclareça-se - a apresentar seres cada vez mais bizarros - embora partilhem muito connosco, meros seres humanos, a nível anatómico e, essencialmente, agora como neste futuro distante, comportamental.
E, esses mesmos autores, continuam a tocar, mesmo que tangencialmente, os mais diversos géneros narrativos. Se a grande odisseia cósmica prevalece, o western, tal como a capa indica, tem honras de destaque neste volume.
E - quase inexplicavelmente, se o que acima fica escrito não serve de explicação - volume após volume, continuamos a querer seguir a história do amor galáctico de Marko e Alana, narrada pela sua filha Hazel, a história de seres de raças diferentes que se amam e cujo amor leva a enfrentar todos os perigos, numa derivação livre e alargada de Romeu e Julieta… para já sem o final trágico.

Quanto a Outcast, já no quarto volume, assume-se como uma narrativa de terror, centrada no confronto entre Kyle e o reverendo Anderson e os misteriosos demónios (?) que aos poucos vão possuindo a população de Rome.
No caso de Outcast, a viciação deve-se essencialmente aos diálogos muito bem escritos, concisos mas assertivos, limitados mesmo assim ao mínimo possível, mas que pontuam e fazem avançar a história. Mesmo que de forma lenta e pausada. Mesmo que, volume após volume, cada nova descoberta pareça dar origem a um novo mistério, deixando o leitor com a sensação que sempre que avança na história, o respectivo final se afasta dele, mantendo-se estável a distância relativa entre o momento da leitura e o seu término.

Em tempo útil: este é o risco de publicar obras em curso, pois quando se edita uma série, há duas hipóteses.
A primeira é escolher uma que esteja terminada ou que tenha já um grande número de títulos. Como a Levoir fez com Sandman ou Torpedo ou a ASA com IRS ou Largo Winch. Com o risco de alguns dos potenciais compradores já as terem noutro idioma.
A segunda, passa por editar séries em curso, contemporâneas, portanto. Aqui, o risco é que quando a edição nacional se coloca a par da original estrangeira, o tempo decorrido entre cada dois volumes aumenta. E as reclamações - ignorantes - de (alguns) leitores também. No caso presente - que encaixa na segunda hipótese - os que estão completamente viciados na leitura de Outcast e Saga, face à falta de fornecimentos - os próximos volumes deverão demorar sensivelmente um ano, doze longos meses! - vão ter de mitigar o seu vício com outros títulos.

Saga volume oito
Reúne os comics #43 a #48 da série original
Brian K. Vaughan (argumento)
Fiona Staples (desenho)
G. Floy
Portugal, Setembro de 2018
175 x 265 mm, 152 p, cor, capa dura
12,00 €

Outcast volume 4: Sob a asa do diabo
Reúne os comics #19 a #24 da série original
Robert Kirkman /argumento)
Paul Azaceta (desenho)
G. Floy
Portugal, Setembro de 2018
175 x 265 mm, 128 p., cor, capa dura
12,00 €

(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em toda sua extensão)

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