Vícios
Não se trata do resultado de nenhum jogo, nem diz respeito a
qualquer desporto; tem apenas a ver com o exercício recorrente de
voltar página após página, geralmente conhecido como leitura.
E que, nalguns
casos - como em Saga
ou Outcast
- se torna viciante. Porque a escrita, de um e de outro, é de
qualidade superlativa.
No oitavo
número de Saga,
sentimos que estamos cada vez mais longe - ou menos perto? - de um
desfecho. Que as personagens - e as respectivas histórias - que se
vão cruzando, são cada vez em maior número, têm cada vez mais a
reportar, mais cambiantes a explorar.
E que os
autores continuam a divertir-se muito - e a divertir-nos também,
esclareça-se - a apresentar seres cada vez mais bizarros - embora
partilhem muito connosco, meros seres humanos, a nível anatómico e,
essencialmente, agora como neste futuro distante, comportamental.
E, esses
mesmos autores, continuam a tocar, mesmo que tangencialmente, os mais
diversos géneros narrativos. Se a grande odisseia cósmica
prevalece, o western, tal como a capa indica, tem honras de destaque
neste volume.
E - quase
inexplicavelmente, se o que acima fica escrito não serve de
explicação - volume após volume, continuamos a querer seguir a
história do
amor galáctico de Marko e Alana, narrada pela sua filha Hazel, a
história de seres de raças diferentes que se amam e cujo amor leva
a enfrentar todos os perigos, numa derivação livre e alargada de
Romeu e Julieta…
para já sem o final trágico.
Quanto a
Outcast,
já no quarto volume, assume-se como uma narrativa de terror,
centrada no confronto entre Kyle e o reverendo Anderson e os
misteriosos demónios (?) que aos poucos vão possuindo a população
de Rome.
No caso de
Outcast, a viciação deve-se essencialmente aos diálogos muito bem
escritos, concisos mas assertivos, limitados mesmo assim ao mínimo
possível, mas que pontuam e fazem avançar a história. Mesmo que de
forma lenta e pausada. Mesmo que, volume após volume, cada nova
descoberta pareça dar origem a um novo mistério, deixando o leitor
com a sensação que sempre que avança na história, o respectivo
final se afasta dele, mantendo-se estável a distância relativa
entre o momento da leitura e o
seu término.
Em tempo útil:
este é o risco de publicar obras em curso, pois
quando
se edita uma série, há duas hipóteses.
A primeira é escolher uma que esteja terminada ou que tenha já um
grande número de títulos. Como a Levoir fez com Sandman ou
Torpedo ou a ASA com IRS ou Largo Winch. Com o
risco de alguns dos potenciais compradores já as terem noutro
idioma.
A segunda,
passa por editar séries em curso, contemporâneas,
portanto.
Aqui, o risco é que quando a edição nacional se coloca a par da
original estrangeira, o tempo decorrido entre cada dois volumes
aumenta. E as reclamações -
ignorantes - de
(alguns) leitores também. No
caso presente - que encaixa na segunda hipótese - os que estão
completamente
viciados
na leitura
de Outcast
e Saga,
face à falta de fornecimentos - os próximos volumes deverão
demorar sensivelmente um ano, doze longos meses! - vão
ter de mitigar
o seu vício com outros títulos.
Saga
volume oito
Reúne
os comics #43 a #48 da série original
Brian
K. Vaughan (argumento)
Fiona
Staples
(desenho)
G.
Floy
Portugal,
Setembro de 2018
175
x 265 mm, 152 p, cor, capa dura
12,00
€
Outcast
volume 4: Sob a asa do diabo
Reúne
os comics #19 a #24 da série original
Robert
Kirkman /argumento)
Paul
Azaceta (desenho)
G.
Floy
Portugal,
Setembro de 2018
175
x 265 mm, 128 p., cor, capa dura
12,00
€
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
aproveitar em toda sua extensão)
Falou bem, Pedro.
ResponderEliminarComo dizia o outro, não há Bela sem senão.
ResponderEliminarLeiam outra bds...
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