Chama-se David Rubin, nasceu na Galiza, há quase 41 anos e esteve na
recente edição da Comic Con Portugal, onde a Ala dos Livros se
estreou com o lançamento de Beowulf, que serviu de mote para a
pequena conversa que se segue.
As Leituras do Pedro: Como nasceu este livro?
David Rubin: Em
2012, vi nas redes sociais que o Santiago Garcia, o argumentista ia
abandonar o
seu
projecto,
que
há
anos desejava ler. Senti-me enfurecido perante aquela notícia.
Telefonei-lhe, disse-lhe que estava a a acabar o segundo tomo de El
Heroe,
mas que a seguir queria ser
eu a desenhá-lo.
David
Rubin: Há
10 anos, quando tudo
se
iniciou, Beowulf
teria 64 páginas em formato franco-belga. Depois, a obra foi
reescrita para um novo desenhador, eu,
e, com o crescimento das novelas gráficas, tive maior liberdade
gráfica e criativa.
Quando recebi o guião, tinha cerca de 150 páginas, mas assim que
lhe peguei apontei logo para as 200.
As Leituras do Pedro: Como trabalhaste com o Santiago Garcia?
David
Rubin: Foi
um trabalho em conjunto, criou-se entre nós uma comunhão muito
forte, por isso não é possível dizer o que cada um fez, qual foi a
contribuição de cada um para o resultado final.
Eu e o Santiago conversamos durante dois meses, antes de eu começar
a desenhar, até chegarmos ao ponto de saber o que ambos queríamos
expressar com esta obra.
David
Rubin: Não
queríamos apenas um livro de espada e bruxaria ou de fantasia
heróica, como O
Senhor dos Anéis
ou Conan,
o Bárbaro.
A nossa vontade era levar a temática a outro nível.
Outro dos grandes desafios que tivemos de enfrentar foi o nosso
desejo de nos mantermos completamente fiéis ao original. O poema que
adaptámos é algo de tremendamente épico, cheio de força, pelo que
não era necessário acrescentar nada para o tornar melhor.
As Leituras do Pedro: Em Beowulf
utilizaste uma planificação muito dinâmica, muito variada e
aberta...
David
Rubin: Nesse
aspecto acho que a obra é muito rica. Eu não queria uma
planificação cinematográfica tradicional. Tentei aproveitar ao
máximo a potencialidade narrativa da banda desenhada para poder
contar a história.
As Leituras do Pedro: A cor também tem um
papel muito importante no livro.
David
Rubin: Quis
utilizar poucos tons para que a cor fosse também um elemento
narrativo que conduzisse a história, que potenciasse o que estava a
ser contado. Foi este o objectivo das cores aplicadas, não eram para
criar uma obra bonita.
David
Rubin: Graficamente,
uma das influências mais fortes para este livro foram os quadros de
Jackson Pollock que, curiosamente, não têm nada a ver com o
universo épico que desenhei, mas que foram importantes em termos
pictóricos.
Outra
das influências, foram os filmes do realizador dinamarquês Nicholas
Widding Refn, e a frieza que existe no cinema dele, que tentei
transportar para certas cenas.
As Leituras do Pedro: Este é o teu primeiro
livro editado em Portugal. É representativo do que tu és?
David
Rubin: Sim,
é uma das minhas obras mais importantes, das que melhor me define. E
que continua a dar-me muitas alegrias e a abrir-me muitas portas.
Acho
que é o ideal para a Ala dos Livros se dar a conhecer como editora.
(fotos
cedidas pela Ala dos Livros; clicar nelas para as aproveitar em toda
a sua extensão)
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