Possivelmente
- e tenho ideia de já o ter escrito - vivemos a melhora das épocas
no que à BD diz respeito, já que, a par da produção actual, temos
acesso, em magníficas edições, ao melhor - e a mais do que isso -
que foi feito nas décadas anteriores: quase 100 anos aos
quadradinhos!
Cuto,
herói da juventude de muitos dos avôs de hoje, que o descobriram
nas páginas espanholas da Chicos
ou nas portuguesas de O
Mosquito,
é um dos exemplos mais recentes.
E
que, para além da sua qualidade intrínseca, e da ‘proximidade’
citada, merece destaque pela sua origem espanhola, já que geralmente
as reedições (integrais) estão mais vocacionadas para obras
norte-americanas ou franco-belgas.
[Embora
seja justo recordar que ‘nuestros hermanos’ têm vindo a fazer um
bom trabalho nesta área, bastando recordar, por exemplo, os
integrais de Torpedo
1936
ou Hombre,
que já ‘li’ aqui no blog.]
Criado
em 1935 como protagonista de pequenas histórias humorísticas, o
Cuto que hoje (re)conhecemos surgiu só em 1940 as páginas da
Chicos. Adolescente no início, com o passar dos tempos tornar-se-á
um (quase) jovem adulto, idade mais adequada ao seu desempenho de
‘faz-tudo’, de ardina a investigador, de egiptólogo adjunto a
aviador, de condutor a exímio utilizador de armas de fogo…
Desenvolvido,
quase de certeza, semanalmente, ao correr da escrita e do desenho -
‘Sem
Rumo’
(título de uma das suas primeiras aventuras) seria uma descrição
feliz - facilmente conquistou os seus jovens leitores que na época
não tinham outras distracções que as páginas aos quadradinhos,
fonte de sonhos e aventuras sem fim.
Se,
lidas hoje, encontramos facilmente alguma ingenuidade nas páginas de
Cuto, bem como alguns excessos de texto escrito, elas também
conservam muito do fascínio da época que foram criadas, em especial
o dinamismo e o virtuosismo do traço de Jesus Blasco e o fascínio
pela aventura sem limites e pelos destinos exóticos em que decorrem.
A
uma edição cuidada - e recomendável - que recupera o preto e
branco original e que inclui dois textos introdutórios, um sobre a
Chicos,
outro sobre Blasco e a sua criatura, pode-se apontar a falta de
informação facilmente acessível (na página de introdução de
cada uma, por exemplo) sobre as datas de publicação originais das
seis histórias nele contidas, bem como a ausência de reproduções
de algumas das páginas ou capas originais em que Cuto apareceu (por
vezes a cores).
[Como
a leitura deste volume coincidiu no tempo com a publicação de uma
entrada sobre Cuto no BDBD,
fica aqui o link
que complementa o acima escrito e permite ver como foi publicado o
herói no nosso país.]
Cuto
Volume 1
Colección
Jesus Blasco
ECC
Comics
Espanha,
Maio de 2018
225
x 305 mm, 208 p., pb, capa dura
25,00
€
(clicar
nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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