12/03/2019

Tex Gold #1: O profeta indígena

Forma(s), outra vez




poucas semanas coloquei a pergunta: "O que é mais importante: a forma ou o conteúdo?" e dei (um)a resposta.
Permitam que volte ao tema e (até) me contradiga - ou talvez não... - já a seguir.
Este é o primeiro volume do coleccionável que a Salvat achou por bem dedicar a Tex no Brasil. Uma colecção que retoma algumas das grandes aventuras do ranger, apresentando-as sob um determinado padrão: em edições de capa dura, com bem papel e a cores, num formato superior ao italiano e um pouco maior do que os Tex Gigante. E com um preço agradável - quando comparado a edições soltas similares - por via da sua inclusão numa colecção de longa duração.
A questão em relação a este O profeta indígena, que certamente se poderá estender a (muitos) outros (dos 60) títulos desta edição da Salvat, tem a ver com o facto de serem edições a cores - coloridas em Itália aquando da sua republicação em colecções apresentadas com jornais - de uma obra - de várias obras - criadas inicialmente a preto e branco. Facto que se torna mais significativo, quando falamos de um autor como Corrado Mastantuono cuja arte brilha pelos enquadramentos ousados que repetidamente apresenta e pelos contrastes acentuados de preto e branco que aplica às suas pranchas e cuja importância e eficácia a aplicação da cor destrói ou reduz.
Para além disso, dado o traço agreste de Mastantuono, o seu ranger é um dos mais duros já publicado - Ortiz, Font e Kubert ficam-lhe à frente, mas poucos mais - e o seu preto e branco acentua o seu lado vingador e justiceiro e a forma inflexível como aplica a justiça. O que a cor utilizada nesta edição de O profeta índigena atenua.
Quanto à história em si, com todos os ingredientes habituais deste western, é longa, multi-facetada e com algumas surpresas e coloca Tex na pista de uma revolta índia, liderada por um jovem que acredita ter tido uma visão que o mostrava como restaurador da grandeza do povo índio e é alimentada por traficantes de armas sem escrúpulos.

Nota 1
Muitas vezes, a 'forma' perde sentido quando o mais importante é o preço, em função do dinheiro que o leitor/coleccionador tem disponível. Nesses casos formato original/formatinho, papel de boa gramagem/papel de jornal, capa dura/capa mole... perdem sentido. Ou quase. Ou não.

Nota 2
Cada vez mais - ou mais algumas vezes do que há um ano, ano e meio, é um problema da actual 'fartura' editorial em Portugal - ouço falar dos 'problemas de espaço' para guardar as edições de BD.
Nestes casos, uma diferença de alguns milímetros - podem chegar a quase 50 %! - podem influenciar a opção do comprador. Mesmo que a escolha seja entre edições de capa dura e bom papel ou capa mole e papel inferior...

Nota final
Parece que afinal as respostas às questões relacionadas com as temáticas 'forma' e 'conteúdo' não são assim tão evidentes... No caso presente, a 'minha edição ideal' seria sem dúvida em capa dura e bom papel mas... a preto e branco.

Tex Gold #1: O profeta índigena
Claudio Nizzi (argumento)
Corrado Mastantuono (desenho)
Salvat
Brasil, Abril de 2017
175 x 260 mm, 232 p., cor, capa dura
R$ 9,90

(pranchas referentes à edição original italiana, recolhidas no site da Sergio Bonelli Editore; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)

4 comentários:

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  3. Olá Pedro, quando vai sair esta coleção aqui em Portugal?

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    1. Olá Thiago,
      Já fiz essa mesma pergunta a quem lhe podia responder, mas tanto quanto me foi dito para já não está prevista a sua distribuição no nosso país, o que não significa que não possa vir a acontecer...
      Boas leituras!

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