Há poucas semanas coloquei a pergunta: "O que é mais importante: a
forma ou o conteúdo?" e dei (um)a resposta.
Este é o primeiro volume do
coleccionável que a Salvat achou por bem dedicar a Tex no Brasil.
Uma colecção que retoma algumas das grandes aventuras do ranger,
apresentando-as sob um determinado padrão: em edições de capa
dura, com bem papel e a cores, num formato superior ao italiano e um
pouco maior do que os Tex Gigante.
E com um preço agradável - quando comparado a edições soltas
similares - por via da sua inclusão numa colecção de longa
duração.
A questão em relação a este
O profeta indígena,
que certamente se poderá estender a (muitos) outros (dos 60) títulos
desta edição da Salvat, tem a ver com o facto de serem edições a
cores - coloridas em Itália aquando da sua republicação em
colecções apresentadas com jornais - de uma obra - de várias obras
- criadas inicialmente a preto e branco. Facto que se torna mais
significativo, quando falamos de um autor como Corrado Mastantuono
cuja arte brilha pelos enquadramentos ousados que repetidamente
apresenta
e pelos
contrastes acentuados de preto e branco que aplica às suas pranchas
e cuja importância e eficácia a aplicação da cor destrói ou
reduz.
Para
além disso, dado o traço agreste de Mastantuono, o seu ranger é um
dos mais duros já publicado - Ortiz, Font e Kubert ficam-lhe à
frente, mas poucos mais - e o seu preto e branco acentua o seu lado
vingador e justiceiro e a forma inflexível como aplica a justiça. O
que a cor utilizada nesta edição de O
profeta índigena
atenua.
Quanto
à história em si,
com
todos os ingredientes habituais deste western,
é longa, multi-facetada e com algumas surpresas e coloca Tex na
pista de uma revolta índia, liderada por um jovem que acredita ter
tido uma visão que o mostrava como restaurador da grandeza do povo
índio e é
alimentada
por traficantes de armas sem escrúpulos.
Nota 1
Muitas vezes, a 'forma' perde
sentido quando o mais importante é o preço, em função do dinheiro
que o leitor/coleccionador tem disponível. Nesses casos formato
original/formatinho, papel de boa gramagem/papel de jornal, capa
dura/capa mole... perdem sentido. Ou quase. Ou não.
Nota 2
Cada vez mais - ou mais algumas
vezes do que há um ano, ano e meio, é um problema da actual
'fartura' editorial em Portugal - ouço falar dos 'problemas de
espaço' para guardar as edições de BD.
Nestes casos, uma diferença de
alguns milímetros - podem chegar a quase 50 %! - podem influenciar a
opção do comprador. Mesmo que a escolha seja entre edições de
capa dura e bom papel ou capa mole e papel inferior...
Nota final
Parece que afinal as respostas às
questões relacionadas com as temáticas 'forma' e 'conteúdo' não
são assim tão evidentes...
No caso presente, a 'minha edição ideal' seria sem dúvida em capa
dura e bom papel mas... a preto e branco.
Tex Gold #1: O profeta índigena
Claudio Nizzi (argumento)
Corrado Mastantuono (desenho)
Salvat
Brasil, Abril de 2017
175 x 260 mm, 232 p., cor, capa
dura
R$ 9,90
(pranchas
referentes à edição original italiana, recolhidas no site da
Sergio
Bonelli Editore;
clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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ResponderEliminarOlá Pedro, quando vai sair esta coleção aqui em Portugal?
ResponderEliminarOlá Thiago,
EliminarJá fiz essa mesma pergunta a quem lhe podia responder, mas tanto quanto me foi dito para já não está prevista a sua distribuição no nosso país, o que não significa que não possa vir a acontecer...
Boas leituras!