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25/05/2021

Tex Edição Especial Colorida #15

Choque formal


Acho que será pacífico afirmar que, entre as várias colecções que a Sergio Bonelli Editore dedica a Tex - e que a Mythos replica no Brasil - esta é aquela em que os leitores estão mais sujeitos a surpresas.
Por outras palavras - que até já utilizei a seu propósito… - a (no original) Color Tex de certa forma é um laboratório onde são experimentados caminhos, se não novos ou inovadores, pelo menos diferentes, para o ranger.

03/03/2020

Tex: O Preço da Vingança

O Tex de Ambrosini





Convidado do próximo Coimbra BD - que se realiza de 5 a 8 de Março, já este fim-de-semana, portanto - Carlo Ambrosini, numa carreira de mais de 45 anos, para além de ter criado Napoleone e de ter desenhado - e também escrito! - algumas edições de Dylan Dog - entre elas O Imenso Adeus que A Seita vai lançar naquele evento - desenhou igualmente um Tex Gigante, este O Preço da Vingança.

04/06/2019

Tex: Os predadores do deserto

No deserto como no oceano






Lançado pela Polvo no final de Abril último, para aproveitar a presença do seu desenhador, Bruno Brindisi, na 6.ª Mostra do Clube Tex Portugal, na Anadia, Os Predadores do Deserto tem uma particularidade que o liga à obra de um dos nomes maiores da banda desenhada, como podem descobrir a seguir, no texto que escrevi como introdução à edição portuguesa.

12/03/2019

Tex Gold #1: O profeta indígena

Forma(s), outra vez




poucas semanas coloquei a pergunta: "O que é mais importante: a forma ou o conteúdo?" e dei (um)a resposta.
Permitam que volte ao tema e (até) me contradiga - ou talvez não... - já a seguir.

17/05/2018

Tex: A pista dos fora-da-lei


O(s) verdadeiro(s) Tex




O subtítulo acima - por muito estranho que possa soar em relação a uma personagem com 70 anos de existência ininterrupta e que tem sabido actualizar-se e manter-se moderno - tem uma dupla explicação.

19/06/2016

A Morte do General Custer








Esta é uma das mais atípicas histórias de Tex que já tive a oportunidade de ler.
Por três razões principais, que passo a explicar.

17/08/2014

Tex #464 e #465















Um salto ao passado, a este Tex editado há 7 anos, por uma razão simples, que justifico já a seguir.

24/04/2014

Tex Ouro #67: Ópio!





Depois de J.Kendall #104: Sem remorsos e de The WalkingDead #7: A calma antes, volto (ainda) mais uma vez, fortuitamente, sem o ter agendado, à questão da construção das histórias.
Desta vez, para responder à pergunta que, possivelmente, muitos leitores de BD já (se) colocaram: quando inicia o seu trabalho, o argumentista sabe como vai conduzir a narrativa até ao final em que pensou?
A resposta – uma das respostas possíveis – já a seguir.

12/08/2013

Tex Edição de Ouro #63: O Retorno do Tigre Negro








Nizzi (argumento)
Civitelli (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Novembro de 2012
135 x 175 mm, 284 p., pb, brochado
R$ 18,90 / 9,00 €



Se a presença de mortos-vivos foi o pretexto – desnecessário – para a recente evocação de Mágico Vento aqui nas minhas leituras, uma coincidência levou-me a, em pouco tempo, deparar com outro herói Bonelli às voltas com zombies, no caso presente o insuspeito Tex Willer, numa edição actualmente disponível nas bancas e quiosques portugueses.
Esta história, no entanto, fica também marcada por outras notas distintivas em relação ao que é habitual nas aventuras do ranger: a troca das montanhas e planícies do Oeste selvagem pelas ruas de Nova Orleães – onde Tex e os seus habituais companheiros, nos trajes tradicionais, destoam menos do que seria de esperar – sem que os seus métodos duros sejam postos de lado, mesmo numa trama mais próxima da investigação policial do que do western puro que o costuma caracterizar, ou o retorno de um dos raros inimigos recorrentes de Tex, o Tigre Negro, protagonista na sombra de uma história em que ronda as suas presas, aproximando-se cada vez mais delas até (quase) desfechar o golpe final e decisivo.
Tudo numa narrativa longa, bem construída por Claudio Nizzi, que conta com a belíssima arte de Fabio Civitelli, que mais uma vez demonstra a sua mestria no estilo realista e na aplicação da técnica de pontilhado, quer na representação dos espaços urbanos de Nova Orleães, quer na caracterização das zonas pantanosas que se encontram nos seus subúrbios e onde tem lugar o desenlace do relato.



07/08/2012

Tex Edição de Ouro #58

O homem sem passado











Claudio Nizzi (argumento)
Claudio Villa (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Janeiro de 2012)
135 x 175 mm, pb, 268 p., brochado
R$ 18,40 / 9,00 €




Resumo
Durante um confronto com um bando de traficantes de armas, Kit é ferido na cabeça e desaparece nas águas de um rio. A partir daí, enquanto Kit Carson e Jack Tigre tentam encontra-lo – ou pelo menos ao seu cadáver – Tex Willer persegue o chefe do bando com o firme propósito de fazer justiça pelas suas próprias mãos.

Desenvolvimento
Esta história, originalmente publicada em Itália no início de 1997, apresenta algumas curiosidades. Desde logo – como raramente aconteceu em Tex – porque o seu ponto de partida foi uma ideia base do desenhador, depois desenvolvida pelo competente argumentista Claudio Nizzi, um dos mais prolíferos escritores do ranger da Bonelli.
Depois, porque o desenhador tem por nome Claudio Villa, ou seja é o habitual capista da série – o que se reflecte no seu trabalho gráfico nesta banda desenhada. Por isso, plasticamente existem em “O homem sem passado” belíssimas vinhetas (acima da média) e algumas soluções gráficas invulgares na série – embora também seja evidente um menor cuidado nas páginas finais, possivelmente devido ao apertar dos prazos - o que leva a pensar se para ganhar um (renomado) ilustrador não se perdeu um bom autor de quadradinhos porque, de um modo geral, a sequência narrativa e as cenas de acção são bastante ágeis e dinâmicas, com um grande recurso a pontos de vista diferenciados e a grandes planos.
Finalmente, o aspecto mais interessante – tanto para o leitor comum, quanto para os fãs do ranger – é que a história assenta num pressuposto bastante original, o que desde logo a diferencia da longa lista de aventuras do ranger: a perda de memória de Kit Willer, o que – para além funcionar como elemento central, a vários níveis, para o adensar da tensão - lhe vai proporcionar uma vivência diferente – muito marcante - durante dezenas de pranchas (semanas) e conduzirá a história ao (invulgar) momento que a capa de alguma forma antecipa, constituindo-se como o melhor chamariz para o leitor.
É verdade que esse momento chave – no qual a história atinge o seu clímax – acaba por ser algo breve – como tantas vezes acontece em Tex, embora seja legítimo questionar se desta vez poderia ser de outra forma.
No entanto, para além dele, esta longa aventura – como qualquer western que se preza - tem diversas cenas marcantes e o inevitável lote de investigações, confrontos físicos, perseguições e tiroteios que a dotam de um alto ritmo narrativo – o que em combinação com o suspense criado pela sua ideia central e o consequente envolvimento romântico de Kit - lhe conferem as características necessárias para fazer as delícias dos fãs do género e mesmo de alguns mais.

(Texto originalmente publicado no Tex Willer Blog)




24/05/2011

Tex Especial Civitelli #1

O Presságio
Claudio Nizzi (argumento)
Fabio Civitelli (argumento e desenho)
Mythos (Brasil, Outubro de 2010)
135x175 mm, 336 p., pb, brochado, 10 €


1. A cronologia não o revela mas a verdade é que uma vez concluída a leitura de O Oeste Segundo Civitelli, a vontade de ler algo desenhado por aquele autor foi irresistível.
2. Na pilha de leituras por fazer estava este tomo inicial da colecção Tex Especial Civitelli, que correspondia aquele pressuposto.
3. Para além disso, tinha dois outros atractivos: permitia ler a versão integral integral de uma das bandas desenhadas exploradas naquele livro teórico…
4. … e tinha também Civitelli como co-autor do argumento.
5. Algo raro na casa Bonelli, o que fazia deste Tex um dos exemplos mais próximos de “BD de autor” na cronologia do ranger, talvez só comparável aos volumes que integram a colecção Tex Gigante - que, no entanto, o desenhador nunca escreve….
6. E, se Civitelli é há muitos anos o grande desenhador de Tex, mostra neste O Presságio que poderia ser também um bom argumentista das histórias do ranger, não fosse aquela actividade demasiado absorvente.

7. A história, é sólida, sem pontas soltas, credível e ritmada e segue a estrutura normal deste western e alguns dos seus clichés – a vingança de um índio invejoso do prestígio de Águia da Noite, ataques a ranchos, militares corruptos ávidos de sangue, glória e dinheiro, a prisão de Tex sob falsa acusação, a amizade insuperável entre os protagonistas, diversos confrontos directos ou tiroteios, perseguições a cavalo, um longo e disputado duelo à faca…
8. … embora revele também algumas nuances que marcam a diferença.
9. Desde logo, o toque fantástico dado pela visão inicial (o presságio que o título refere) embora a sua concretização se revele demasiado cedo.
10. Depois, pelo (quase) envolvimento romântico de Tex com a bela viúva Alison (que completa o luto muito rapidamente, convenhamos…), o que levou muitos “texianos empedernidos” a suspirar por uma segunda senhora Willer.
11. Também, porque a sua extensão permitiu aprofundar o carácter das personagens secundárias, prolongar as cenas mais importantes, deixar respirar a narrativa quando era necessário, dando maior consistência ao todo e um outro fôlego à obra.
12. Escrito isto, volto à minha “guerra antiga” com a Mythos: este seria outros dos volumes a merecer uma edição em formato maior…
13. Sei que o mercado brasileiro recusou – por exemplo – a reedição em formato italiano do Almanaque Tex – mas os mercados também se educam…
14. Para além disso, as características de uma e outra edição são bem diferentes e a presença de Civitelli em São Paulo, quando esta foi lançada, poder-lhe-ia ter dado o impulso necessário…
15. Porque, graficamente – e a comparação das suas pranchas com as publicadas em O Oeste Segundo Civitelli prova-o – o traço do italiano merecia outro formato, maior, para poder ser melhor apreciado
16. Por algumas (poucas) liberdades em termos de planificação, pelo jogo de luz e sombra, pelo pontilhado que define os volumes, pelo traço fino e delicado, pela excelente gestão de grandes planos e de perspectivas mais ousadas, pela expressividade dos rostos, pela dinâmica das cenas, pelo realismo dos cenários, urbanos ou selvagens, pela bela Alison…

(Texto publicado originalmente em 18 de Maio de 2011, no Tex Willer Blog)

22/11/2010

Almanaque Tex #39 – O substituto

Claudio Nizzi (argumento)
Ferdinando Fusco (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Maio de 2010)
135 x 178 mm, 114 p., pb, brochado

Resumo Na origem desta história está uma missão entregue a Tex: transferir para a Penitenciária de Yuma Ray Bonner, um jovem condenado a prisão perpétua, por não revelar onde está escondido o saque de um banco assaltado por ele e mais seis homens. A chamada do ranger justifica-se porque Bonner ameaçou revelar a identidade dos seus cúmplices se estes não o libertarem durante o percurso. Só que, quando o ranger chega a Flagstaff, onde Bonner está preso, tem à sua espera um cadáver pois ele foi envenenado. É então que Kit Willer assume o lugar do prisioneiro, servindo de engodo aos restantes assaltantes.

Desenvolvimento 1. Não sendo original, nem sequer em Tex – e tendo um (mais habitual) desfecho a tender para o massacre – não deixa de ser curioso o estratagema utilizado pelo ranger para atrair os ladrões do banco. Mesmo que esta ideia-base pudesse ter sido levada mais longe, ganhando com isso o relato, desde logo explorando, por exemplo, as ameaças feitas pelas suas vítimas… 2. Por isso, afinal, a maior curiosidade desta narrativa acabam por ser diversas cenas pausadas nela incluídas, nada habituais nas aventuras do ranger. Em especial nas primeiras páginas, onde é possível encontrar algumas sequências (de uma ou mais pranchas), quase sempre vezes mudas, nas quais nada mais acontece do que uma personagem deslocar-se de um local para outro, muitas vezes sem que isso esteja sequer associado a momentos de suspense. Cenas que contrastam com o longo tiroteio final. 3. Finalmente, um destaque duplo: primeiro, para o belo traço fino, realista, detalhado e pormenorizado de Ferdinando Fusco, com poucas sombras mas um bem trabalhado contraste negro/branco, que – segundo ponto - está desta vez bem impresso pela Mythos. O que, diga-se em abono da justiça, tem acontecido com maior frequência.

(Texto publicado originalmente no Tex Willer Blog, a 18 de Novembro de 2010)

11/03/2010

Tex Anual #10 – O esquadrão infernal

Cláudio Nizzi (argumento)
Ugolino Cossu (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Dezembro de 2008)
136 x 176 mm, 332 páginas, preto e branco, capa brochada 

Resumo Tex Willer e Kit Carson são enviados para o Colorado, onde um misterioso bando de ladrões semeia o terror e a morte, desaparecendo misteriosamente após cada investida. 

Desenvolvimento Se não se pode falar de revolução, mesmo que tranquila, a verdade é que nos últimos anos Tex tem passado por uma renovação, para uma maior adequação ao tempo em que vivemos, embora sem perder as características marcantes que lhe permitiram resistir durante 60 anos. Essa renovação surge quer a nível gráfico, com a chamada de alguns mestres – especialmente espanhóis, como Font, Ortiz ou Sommer – e de novos e talentosos autores, quer a nível temático, com a elaboração de enredos mais consistentes, com o ranger a perder um pouco da sua invencibilidade e da sua aura de intocável e com a introdução de elementos geralmente ausentes das suas aventuras. Esta história é um bom exemplo disso. Graficamente, Cossu apresenta um traço limpo e agradável, pouco habitual em Tex – a excepção será Civitelli – com um bom uso de tramas e pontilhados, as personagens bem proporcionadas e um bom trabalho na reconstituição dos cenários, sejam urbanos ou naturais Que nalgumas pranchas, desculpem a comparação, que não tem qualquer tom acusatório, apenas pretende apontar uma referência, me fez lembrar o de Manara em “Quatro dedos – O Homem de papel”, um atípico western desenhado pelo mestre do erotismo. Como contra há que apontar algum estaticismo dos intervenientes, o que num western é sempre de considerar. Como elementos inovadores no relato, há a presença de mulheres na história, com algum protagonismo, em especial a índia Flor de Inverno que – oh, heresia! - na capa surge abraçada a Tex. E em algumas poses bem sensuais, por diversas vezes, durante o relato. Também nada habituais são as cenas de cariz sexual, como a violação com que termina o assalto inicial, logo na página 24, e as acusações de abuso que Flor de Inverno faz ao coronel que a mantinha prisioneira. Que apesar de invulgares em Tex, fazem todo o sentido no conjunto do relato, no contexto da acção e na época em que ele decorre. Quanto à narrativa em si, ganharia se a identidade dos ladrões fosse mantida em segredo até mais perto do final, pois o facto de o leitor descobrir muito cedo a quem imputar responsabilidades retira-lhe um potencial suspense que só a beneficiaria. Fora isso tem, na generalidade, com um bom nível, os padrões habituais em Tex, ou seja: é longa e bem estruturada, com algumas inflexões se surpresas, momentos de tensão e acção q.b.. Ou seja, trezentas páginas de western que permitem passar um bom par de horas.

A reter - O traço de Cossu, em especial quando aplicado nos cenários.
Menos conseguido - Volto ao tema. Eu conheço e compreendo as razões da Mythos para optarem pelo “formatinho” em lugar do formato original italiano (160 x 210 mm) para as suas edições Bonelli: menor desperdício de papel e, consequentemente, preço de capa bem mais baixo. Mas será que, pelo menos pontualmente – por exemplo, no caso desta colecção anual ou no do especial colorido dos 60 anos de Tex – não seria possível abrir uma excepção e oferecer aos leitores o formato maior – como está a acontecer agora no Brasil com a edição colorida - que permitiria desfrutar melhor e apreciar com mais justiça a parte gráfica?

Curiosidade - Não apostaria, mas possivelmente esta é uma das poucas capas de Tex em que aparece uma mulher. Possivelmente, uma das raras em que ela abraça Tex. Fico o desafio aos admiradores do ranger para descobrirem quantas são!

27/10/2009

Almanaque Tex #30

O preço da honra/A força do destino
Claudio Nizzi (argumento) 
Venturi (desenho) 
Mythos Editora (Brasil, Setembro de 2006) 
135 x 178 mm, 228 p., pb, brochado 

Resumo Santos, um jovem apache que trabalhava para o exército como batedor, comete um brutal assassinato à vista de todos. Para descobrir o porquê daquele crime inexplicável, Tex tem que mergulhar no seu passado em busca da resposta, contando ao seu filho Kit e a Kit Carson a história do pai de Santos, o terrível guerreiro conhecido como Lobo Raivoso. 

Desenvolvimento Numa série como Tex, com produção regular mensal (com tudo o que de bom e de mau este conceito acarreta), e uma qualidade média bastante razoável, as histórias mais interessantes, a nível de argumento, para mim, acabam por ser aquelas que fogem mais aos estereótipos normalmente associados ao herói. Ou pela abordagem de temáticas distintas ou por se atreverem a um tratamento diferente do (tão imutável) protagonista (que é assim, porque é assim que os leitores gostam, por muito que alguns "críticos" gostassem de ver outras temáticas/situações/personagens nas suas histórias). Um desses casos é o diptíco publicado neste número do Almanaque Tex, colecção que publica histórias inéditas de Tex originalmente publicadas na série italiana "Almanacco del West" ou histórias que ficaram por publicar quando era a Editora Vecchi a responsável pela edição brasileira de Tex (porque o herói Bonelli, no Brasil, já passou pelas mãos das editoras Vecchi, Rio Gráfica, Globo e Mythos, embora mantendo sempre a numeração aquando das mudanças de editora). Numa história recente, de 2006, como habitualmente bem narrada e estruturada, funcionando à base de constantes flash-backs, aparentemente dentro dos códigos que regem um dos mais famosos e populares westerns europeus, há uma diferença fundamental: Tex, geralmente dono e senhor da situação, infalível e (quase) omnipotente, falha estrondosamente. E logo por três vezes. Primeiro, quando não consegue evitar o fim trágico de Natay, o índio rebelde que quase lhe rouba o protagonismo da narrativa. Depois, quando não consegue que o verdadeiro criminoso, o oficial do exército corrupto, seja levado à justiça. Finalmente, quando não consegue evitar ou pelo menos atenuar o castigo (apesar de tudo justo) do seu assassino. Motivos suficientes - mas há mais, que deixo aos leitores descobrir - para mergulhar na leitura destas mais de 200 páginas. 

Curiosidade Se o desenho de Venturi é profissional q.b., eficiente, expressivo e dinâmico, não deixa de ser interessante reparar como o Tex das situações em flash-back é igualzinho ao Tex das cenas passadas na actualidade. Isto, apesar dos cerca de 20 anos que medeiam entre as duas. Mais uma prova da imutabilidade de Tex e de que os grandes heróis são mesmo eternos! (versão revista e actualizada do texto originalmente publicado no BDJornal #22 de Junho/Julho de 2007)

28/07/2009

Nas bancas: Tex Edição Gigante #19 – Arizona em chamas

Claudio Nizzi (argumento) 
Victor de La Fuente (desenho) 
Mythos Editora (Brasil, Maio de 2007) 
182 x 277 mm 242 páginas preto e branco capa brochada 

Resumo Tex Willer e Kit Carson são enviados por Washington ao Arizona, para tentarem evitar uma nova guerra com os apaches, mas para isso terão que vencer a desconfiança dos indígenas e as armadilhas dos grupos interessados nas confrontações. 

Desenvolvimento Álbum escrito à medida do seu desenhador – como raramente terá acontecido em Tex – privilegiando uma temática – os confrontos brancos invasores/índios invadidos, uns protagonistas – os apaches – e uma localização – as regiões semi-desérticas da fronteira do Arizona com o México – “Arizona em Chamas” brilha, desde logo e por isso, pelo traço realista e seguro do veterano espanhol Vítor de La Fuente, em especial no tratamento que dá aos cavalos e às zonas montanhosas. A história de Nizzi, que começa com uma conspiração bem urdida, onde realça os jogos de interesse – políticos, económicos e financeiros – que estiveram em grande parte por detrás da conquista do Oeste e do quase extermínio dos índios, e que quase culmina com uma derrota de Tex, salvo por um encontro casual, decorre depois em bom ritmo, com diversas inflexões, perseguições e confrontos (com bandidos contratados, apaches rebeldes e autoridades mexicanas corruptas) como se exige a um bom western. 

A reter - A forma como a conspiração contra os rangers e o representante enviado por Washington se vai desenvolvendo, a diversos níveis, num crescendo, até explodir com consequências imprevisíveis e, nalguns casos, irreparáveis. - O traço algo “sujo” e duro, mas vivo e dinâmico de La Fuente. 

Menos conseguido - É curioso que cavaleiros experientes como Tex e Carson desperdicem o seu tempo em constantes trocas da sua posição relativa ao longo do caminho. Surpreendidos? Vejam a sequência das páginas 52 a 54 em que os dois cowboys trocam repetidamente da direita para a esquerda e vice-versa! 

Curiosidade - Publicado inicialmente em 1992, esta BD foi republicada em Itália em Fevereiro de 2007, na colecção Tex Stella D’Oro #5. No Brasil, foi o primeiro Tex Edição Gigante em 1995, então editado pela Globo, surgindo agora como o 19º volume da colecção da Mythos.

26/07/2009

Tex Edição Gigante #6 – A Última Fronteira

Tex Edição Gigante #6 – A Última Fronteira 

Clãudio Nizzi (argumento)
Goran Parlov (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Dezembro de 2000)
182 x 277 mm, 242 páginas, preto e branco, capa brochada 

 Resumo Jim Brandon, o coronel da Polícia Montada canadiana, uma vez mais recorre à ajuda de Tex Willer e Kit Carson, desta vez para o ajudarem a prender Jesus Zane, um fora-da-lei que aterroriza a região, deixando um rasto de sangue e morte por onde passa. Oportunidade para os dois heróis reencontrarem também Gros-Jean. 

Desenvolvimento Se as edições gigantes de Tex costumam brilhar primeiro pelo traço do desenhador convidado, este é uma (agradável) excepção. Nele, Nizzi constrói um excelente argumento, sólido, bem delineado e em que apresenta um dos mais interessantes e bem caracterizados inimigos que Tex já teve que enfrentar: Jesus Zane, de seu nome, um mestiço filho de mãe índia (violada) e pai branco, que desde pequeno carrega esse fardo. 
Incitado pela mãe a odiar os brancos, muitas vezes encontrando na vida razões para o fazer, cresce dividido entre esse ódio, a amizade por Nat, o seu melhor amigo da adolescência, com quem compete pelo amor (no seu caso não correspondido) da bela Sheewa. A sua história é contada em pormenor, entendemos as suas razões (mesmo não as aprovando), vemos nele um ser (bem) humano, não um dos habituais estereótipos das histórias de Tex. Por outro lado, esta é, possivelmente, das muitas aventuras do ranger que eu já li, aquela em que ele tem menos protagonismo. Ausente em dezenas de páginas, funciona quase só como elemento de ligação entre as diversas fases da narrativa, ganhando protagonismo apenas no final, quando assume o papel de justiceiro. O que contribui para dar consistência à história e reforçar o seu interesse e permite a Nizzi espraiar-se mais na definição dos perfis psicológicos de Jesus e Nat ou mesmo de Sheewa. Uma referência ainda para a violência inaudita (apesar de tudo invulgar neste western) com que culminam os confrontos entre Nat e Zane (pp. 200-207) e entre este e Tex (pp. 234-240). Pena é que para um argumento desta qualidade, tenha sido escolhido não um desenhador consagrado, como é norma, mas alguém (então) quase sem experiência, o croata Goran Parlov, que denota isso mesmo. É verdade que já se adivinham algumas das qualidades, que fariam dele um dos desenhadores de Mágico Vento (com o qual J. Zane se parece bastante), nomeadamente o domínio da planificação e a capacidade de dotar de movimento a acção, mas a verdade é que “pesam” mais o “seu” Canadá, impreciso e indefinido, que poderia ser qualquer outra região, ou a forma “inacabada” de muitos rostos ou mesmo vinhetas.
A reter - O bem urdido e explanado argumento de Nizzi. - Jesus Zane, um dos poucos vilões credíveis de Tex. - O dossier sobre os autores, a obra e o seu contexto, que como é habitual ocupa as primeiras páginas deste Tex Gigante. Menos conseguido - O desenho de Parlov; a história merecia melhor. - A ausência das habituais legendas das imagens no dossier inicial. 

Curiosidades - Dificilmente uma mulher violada daria ao filho o nome do pai. No caso da mãe (índia) de Jesus, isto ainda é mais estranho quando depois o ensina e incita a odiar os (brancos) da raça do seu pai… - A capa do álbum lembra a de “Jesuit Joe”, de Hugo Pratt, a quem Sérgio Bonelli dedica esta obra.

(Texto publicado originalmente no Blog do Tex, em 1 de Julho de 2009)

06/07/2009

Nas bancas: Tex Anual #9 - Forte Saara

Tex Anual #9 - Forte Saara
Claudio Nizzi (argumento) 
Roberto Diso (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Dezembro de 2007)
136 x 178 mm, anual, 332 p., pb, capa brochada

Um ataque a um comboio em que viajam Tex Willer e Kit Carson, leva-os a envolverem-se com um grupo de ex-soldados da Legião Estrangeira que ainda funcionam como tal, o que faz com que a história fuja ao que é habitual nas aventuras do ranger, em termos temáticos e também de cenários, o que a torna uma agradável surpresa. E pese embora um final algo apressado, a narrativa, com uma forte componente humana, está bem delineada e explanada, e foi desenhada de uma forma limpa e agradável por Diso.

08/06/2009

Tex #468 e #469

Tex #468 – A sentinela do passado Tex #469 – A volta do soldado 
Claudio Nizzi (argumento) 
Miguel Repetto (desenho) 
Mythos Editora (Brasil, Outubro e Novembro de 2008) 
Revista mensal, 136 x 176 mm, 114 páginas (cada), preto e branco, capa brochada 

Resumo Fugindo de um bando de índios, procurados por efectuarem assaltos a diligências e fazendas isoladas, Tex Willer e Kit Carson são obrigados a embrenhar-se numa meseta rochosa. Aí, após enfrentarem uma série de perigos naturais - e outros nem tanto -, descobrem um ex-soldado sulista, John Rickfiekld, que não sabe que a guerra acabou há já duas dezenas de anos. Trazendo-o de volta à civilização, decidem acompanhá-lo a Atlanta, a sua cidade natal, onde acabam por descobrir que a sua família foi assassinada pelo homem forte local, que é também candidato ao cargo de Governador. 

Desenvolvimento Na verdade, não se trata de uma mas sim de duas aventuras de Tex, embora interligadas. Desnecessariamente, diga-se desde já. Da primeira, ressalta a novidade do confronto dos heróis com a natureza, seja nas estreitas beiradas das escarpas rochosas, seja nos canyons transformados em rápidos por um temporal, seja em arriscadas escaladas. E, para mais, sempre ameaçados por um (por mais que um, aliás: John Rickfiekld e os índios) inimigo invisível, que pode surgir a cada momento, nos seus calcanhares ou à sua frente, por detrás de uma pedra ou acima das suas cabeças. Isto dota a história de um clima de suspense pouco habitual e motiva o leitor a seguir preso à leitura para descobrir como tudo se vai resolver. Até aqui (cerca de 50 páginas), tudo bem. Na continuação, se é verdade que a ideia de um soldado que ignora que a guerra terminou é também interessante, o seu estado (físico, psicológico…) não corresponde à ideia de alguém que passou alguns dos últimos 20 anos sozinho e isolado do mundo exterior (ou quase). Nem o seu uniforme o mostra, aliás… E custa a engolir a forma (quase) imediata como aceita a situação e se dispõe a seguir os heróis, num regresso à civilização, que encerra o primeiro tomo. Nesta primeira parte, o grande destaque vai, no entanto, para o traço de Repetto, agreste como a montanha pede, pormenorizado, detalhado, capaz de a desenhar sempre diferente, eficaz sob sol intenso como debaixo do temporal. Mas, ainda nas páginas finais do Tex #468, o ritmo e o clima criado, perdem-se rapidamente, quando, livres do primeiro perigo, Tex e Carson levam o homem que encontraram de volta à civilização, descobrindo que a sua herança tinha sido usurpada. Como é hábito, de imediato dispõem-se a fazer justiça, acompanhando-o à sua cidade natal, episódio que ocupa toda a edição #469. Uma vez chegados a Atlanta, confirmam que o responsável pelo assassinato da família Rickfiekld foi o tirano local que impõe pela força uma lei de silêncio sobre o passado. No entanto, em pouco tempo e até com relativa facilidade acabam por o derrotar e repor a justiça. Se o traço de Repetto mantém o alto nível demonstrado, revelando-se igualmente à vontade no tratamento da figura humana ou animal como no das paisagens naturais ou construídas pelo homem, a história esvazia-se rapidamente para cair numa história banal de Tex, algo forçada e bem pouco inspirada até… 

A reter - Não sendo um grande especialista de Tex, li o suficiente para reconhecer que tem havido um esforço para o modernizar, esforço esse patente nas histórias mais recentes, isto sem que se proceda à sua descaracterização. Neste sentido, a primeira parte de “A sentinela do passado”, é mais um (bom) exemplo, mostrando os dois rangers mais em confronto com a natureza (apesar do inimigo invisível) do que com outros seres humanos, o que, pela extensão do episódio, traz uma agradável nota de originalidade. - O desenho de Repetto, como já deixei suficientemente claro atrás. 

Menos conseguido - Eu sei que as histórias têm número fixo de páginas para cumprir, mas a verdade é que a aventura só tinha ganho se tivesse terminado no ponto em que Tex, Carson e Rickfield chegam ao forte. A coincidência que os leva a descobrir rapidamente como tudo se passou 20 anos antes e, pior, a forma simples e rápida como “despacham” o responsável e todos os seus sequazes e repõem a ordem, é tudo menos credível… - Eu sei também que, para o bem e para o mal, Tex é um western tradicional e que ele e os seus companheiros têm que vencer sempre no fim, mas será que não era possível arranjar-lhes uns adversários que disparem um pouco melhor? Na primeira parte, no confronto com uma vintena de índios, 18 destes (se não me enganei a contar) são atingidos, enquanto que Tex, Carson e John Rickfield não sofrem nem sequer um tiro de raspão. E depois, na segunda parte, contra os homens de Jean Russard, o mesmo se passa. Isto, sejam os confrontos em campo aberto, com ambos os contendores protegidos ou sendo os heróis emboscados… Curiosidade Na segunda vinheta da página 43 do Tex #469, Willer diz a Carson: “No cruzamento, vamos virar à direita!”. Na vinheta seguinte, chegados ao tal cruzamento, viram de imediato… à esquerda! Erro de tradução, como me confirmou o amigo José Carlos, pois “no original italiano, Tex diz a Carson para virarem à "sinistra" (esquerda) no cruzamento”.

(Texto publicado originalmente no Blog do Tex, em 6 de Junho de 2009)
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