Reprodução, segundo o autor, de factos
relatados por uma menina de 9, 10 anos -
a que dá título ao livro -
O Diário de Esther
é a nova proposta de banda desenhada da
Gradiva e marca o regresso de Riad Sattouf ao nosso país. Em papel.
O Diário de Esther,
é um conjunto de narrativas de 2 páginas, auto-conclusivas
que, no seu conjunto, traçam um retrato alargado
de Esther, da sua família e dos seus colegas de escola. E que são,
também, um retrato do nosso tempo, mas um retrato distorcido pela
forma como o cérebro infantil absorve e projecta o que ouve dos
adultos, da televisão, das redes
sociais. O que ouve sem compreender (na totalidade) e que 'reporoduz'
segundo o seu entendimento (infantil). O que ouve parcialmente ou
desenquadrado do contexto
e 'completa' segundo a sua própria perspectiva (infantil). O que ela ouve sobre relações, sexo, racismo, vida em sociedade, educação, respeito...
O que ela (os nossos filhos) ouve(m) quando (nós nos distraímos, quando) a TV fica ligada, quando o acompanhamento - que alguns lamentavelmente confundem com controlo - é inexistente ou insuficiente.
O que ela (os nossos filhos) ouve(m) quando (nós nos distraímos, quando) a TV fica ligada, quando o acompanhamento - que alguns lamentavelmente confundem com controlo - é inexistente ou insuficiente.
O resultado, são relatos -
nalguns casos com excesso de texto - que,
mais do que (moderadamente) divertidos - porque a ignorância é
muitas vezes divertida - nos fazem pensar no mundo que estamos a
oferecer às nossas crianças, à visão dele que lhes estamos -
antecipada e/ou erradamente - a proporcionar. Porque, elas absorvem
tudo e na sua inocência, com a sua curiosidade inata, com a
tendência para imitar os mais velhos, podem emular situações,
utilizar expressões, provocar situações que, sem qualquer maldade
na sua origem, podem causar problemas graves.
Evocando aqui a 'polémica' que teve lugar
nos comentários do texto de anúncio do lançamento deste livro, apetece-me escrever que,
sendo ele composto por 'histórias
dos 10 anos' de Esther - exista ela realmente
ou não,
seja só uma ou várias - está longe de
ser um livro para crianças de 10 anos ou mesmo com alguns anos mais.
Mas é, sem dúvida, um livro para pais que,
podendo divertir-se até com a evocação de situações (similares)
que já viveram, o devem ver como base
de reflexão para o que estão a fazer -
e a transmitir.
O Diário de Esther - Histórias dos meus 10 anos, vol. 1
Riad Sattouf
Gradiva
Portugal, Fevereiro de 2019
240 x 170 mm, 60 p., cor, capa mole
11,00 €
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
aproveitar em toda a sua extensão)
A edição francesa é de 54 páginas em formato A4, tendo uma história por página.
ResponderEliminarA edição portuguesa é de formato mais pequeno, com 60 páginas e tendo uma história a cada duas páginas
À primeira vista, diria que nem todas as histórias do primeiro volume francês terão sido editadas no primeiro volume português.