20/01/2020

Lobezno: El fin

Eternos?


Estamos habituados a que a Marvel nos conte - uma e outra vez, recorrentemente… - a(s) origem(ns) dos seus heróis, mas raramente soubemos como eles acabam. Até porque, mesmo quando morrem, acabam por regressar, talvez porque são heróis e - como só os diamantes - são eternos…
No entanto, há coisa de década e meia a Casa das Ideias decidiu propor-nos o exercício inverso, convidando alguns dos seus criadores a darem um fim aos seus heróis.
Lobezno - que é como os nosso vizinhos espanhóis chamam a Wolverine - foi um deles.

[E se na época, a meio da primeira década do presente século, outros passaram pelo mesmo tratamento, o projecto ainda está em curso e este ano de 2020 poderá dar-nos a conhecer o que um dia acontecerá ao Capitão América, ao Doutor Estranho ou a Deadpool.]
Tal como aconteceu com o Hulk - para citar uma história publicada em Portugal, primeiro pela Devir, num coleccionável editado com o Jornal de Notícias, e, mais tarde, pela Levoir - a imortalidade, tão desejada por tantos, acaba por se tornar um fardo, mais ainda - como é o caso presente - quando é vivida sem memórias, sucessivamente apagadas por um factor de cura com tanto de bom quanto de traumático, desconhecendo - ainda e sempre - a sua origem e, agora, também, as suas sucessivas vivências.
Curiosamente, o autor designado para contar o fim de Wolverine é Paul Jenkins, exactamente o mesmo que um par de anos antes tinha narrado a sua Origem (disponível em edição portuguesa da G. Floy). E - também por isso? - o fim - este fim - parte de um mergulho nesse passado, na sequência de uma revelação desencadeada pela morte de um dos seus maiores adversários de sempre: o Dentes de Sabre, ao mesmo tempo que, com todas as mudanças necessárias em termos físicos - e como ponto forte da obra - mantém intactas as características psicológicas do protagonista: a dúvida permanente sobre eventuais manipulações, a tendência incontrolável para provocar fisicamente aqueles com quem se depara, a desconfiança constante, um comportamento que muitas vezes raia a loucura...
No percurso, surgirá um irmão (?), regressará Xavier e pairarão fantasmas como Jean Grey, em contornos nebulosos de momentos que os leitores conhecem melhor que a personagem e uma peregrinação por locais - com o Japão em destaque - onde Logan já esteve vezes sem conta, o que dá a Castellini - parceiro de Jenkins neste projecto - oportunidade de diversificar os cenários - a par de uma planificação multifacetada - enquanto brilha nas fortes expressões faciais de Logan e o seu principal adversário.
Mantendo o clima de conspiração e manipulação que marcou tantas das histórias - passadas… - de Wolverine/Logan, El Fin - sem obviamente o ser - vinca que mesmo alguém com todas as capacidades do mutante não fica imune à passagem do tempo e apresenta - antes do tempo… - uma visão alternativa e com muito para intuir/imaginar - ou por explicar…? - de um futuro que se revela completamente díspar daquele hoje - já conhecemos (a Wolverine) - em O Velho Logan...

Lobezno: El fin
Colecção 100% Marvel HC
Paul Jenkins (argumento)
Claudio Castellini (desenho)
Panini
Espanha, 23 de Janeiro de 2020
170 x 260 mm, 152 p., cor, capa dura
20,00 €

(capa disponibilizada pela Panini; pranchas disponibilizadas pela Marvel; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)

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