Estamos
habituados a que a Marvel nos conte - uma e outra vez,
recorrentemente… - a(s) origem(ns) dos seus heróis, mas raramente
soubemos como eles acabam. Até porque, mesmo quando morrem,
acabam por regressar, talvez porque são heróis e - como só os
diamantes
- são
eternos…
No
entanto, há coisa de década e meia a Casa das Ideias decidiu
propor-nos o exercício inverso, convidando alguns dos seus criadores
a darem um fim aos seus heróis.
Lobezno
- que é como os nosso vizinhos espanhóis
chamam a Wolverine - foi um deles.
[E
se na época, a meio da primeira década do presente século, outros
passaram pelo mesmo
tratamento, o
projecto ainda está
em curso e
este ano de 2020 poderá dar-nos a conhecer o que um dia acontecerá
ao Capitão América, ao Doutor
Estranho ou a Deadpool.]
Tal
como aconteceu com o Hulk - para citar uma história publicada em
Portugal, primeiro pela Devir, num coleccionável editado com o
Jornal de Notícias, e, mais tarde, pela Levoir - a imortalidade, tão
desejada por tantos, acaba por se tornar um fardo, mais ainda - como
é o caso presente - quando é vivida sem memórias, sucessivamente
apagadas por um factor de cura com tanto de bom quanto de traumático,
desconhecendo
- ainda e sempre - a sua origem e,
agora,
também,
as suas sucessivas vivências.
Curiosamente,
o autor designado para contar o fim de Wolverine é Paul Jenkins,
exactamente o mesmo que um par de anos antes tinha narrado
a sua Origem
(disponível
em edição
portuguesa da G. Floy). E - também por isso? - o fim - este
fim - parte
de um mergulho nesse
passado, na sequência de uma revelação desencadeada pela morte de
um dos seus maiores adversários de sempre: o Dentes de Sabre, ao
mesmo tempo que, com todas as mudanças necessárias em termos
físicos - e como ponto forte da obra - mantém intactas as
características psicológicas do protagonista: a dúvida permanente
sobre eventuais manipulações, a tendência incontrolável para
provocar fisicamente aqueles com quem se depara, a desconfiança
constante, um comportamento que muitas vezes raia a loucura...
No
percurso, surgirá um irmão (?), regressará Xavier e pairarão
fantasmas como Jean Grey, em contornos nebulosos de momentos que os
leitores conhecem melhor que a personagem e
uma peregrinação por locais - com o Japão em destaque - onde Logan
já esteve vezes sem conta, o que dá a Castellini - parceiro de
Jenkins neste projecto - oportunidade de diversificar os cenários -
a par de uma planificação multifacetada - enquanto brilha nas
fortes expressões faciais de Logan e o seu principal adversário.
Mantendo
o clima de conspiração e manipulação que marcou tantas das
histórias - passadas… - de Wolverine/Logan, El
Fin
- sem obviamente o ser - vinca que mesmo alguém com todas as
capacidades do mutante não fica imune à passagem do tempo e
apresenta - antes do tempo… - uma visão alternativa e com muito
para
intuir/imaginar -
ou
por explicar…? -
de um futuro que se revela completamente díspar daquele hoje - já
conhecemos (a
Wolverine)
- em O Velho Logan...
Lobezno:
El fin
Colecção
100% Marvel HC
Paul
Jenkins (argumento)
Claudio
Castellini (desenho)
Panini
Espanha,
23 de Janeiro
de 2020
170
x 260
mm, 152
p., cor, capa dura
20,00
€
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