30/01/2020

Emmanuel Guibert, Grande Prémio de Angoulême





Sem surpresa - e, frise-se, com justiça - Emmanuel Guibert foi ontem anunciado como o Grande Prémio do festival de BD de Angoulême, cuja 47.ª edição  arrancou hoje e decorre até ao próximo domingo, naquela cidade francesa.
No ano escolhido pela França - e consubstanciado no projecto BD 2020 La France aime le 9.éme Art - para festejar a sua banda desenhada, a escolha de um autor francês surge como (mais) uma cereja no topo de um bolo onde, certamente, caberão muitas mais.

Relativamente ao festival, cuja programação integral pode ser consultada aqui , deixo duas ou três notas: a visita do presidente francês Emmanuel Macron, prevista para hoje; a greve dos autores, em luta por melhores condições, marcada para sábado a partir das 16h30; e a presença, do ‘outro lado’ - leia-se a dar autógrafos - dos autores portugueses Manuel Morgado (a assinar Greldínard, no stand da Le Lombard) e de Nuno Plati (com Métanöide, no stand da Glénat).

Voltando ao Grande Prémio, recordo que a votação foi feita por 1852 dos integrantes de um júri alargado potencialmente integrado por todos os autores publicados em França, a partir de uma lista restrita de três nomes - obtida por votação aberta do mesmo júri - que incluía também o norte-americano Chris Ware e a francesa Catherine Meurisse (sobrevivente do ataque terrorista à redacção do Charlie Hebdo).
Emmanuel Guibert, de 55 anos, argumentista e/ou desenhador, começou por dar nas vistas nas publicações de L’Association, onde partilhou espaço e projectos com Joann Sfar ou Christophe Blain e publicou, entre outros, La Guerre D’Alan, a biografia de Alan Ingram Cope, um soldado norte-americano que participou na II Guerra Mundial.
Já distinguido em Angoulême em 1988, com o Alph’Art Coup de Coeur (para obra de novo autor) pelo delicado A filha do professor (única obra do autor editada em português, pela Witloof, numa edição que vale bem a pena procurar) e que lhe valeu também o Prémio René Goscinny, Guibert, que já tinha estado anteriormente na lista de finalistas do Grande Prémio de Angoulême, revelar-se-ia igualmente um autor capaz de chegar aos mais pequenos, com Sardine de l’espace, co-criada com Sfar e, especialmente, ao grande público - que nem sequer lê BD - com o magnífico Le Photographe, misto de BD e fotografia, baseado na experiência do fotógrafo Didier Lefévre com os Médicos sem Fronteiras, no Afeganistão, distinguido com um Eisner Award e o Prix Essentiel d’Angoulême, em 2007.
Para saberem mais sobre Emannuel Guibert, distinguido pelo estado francês com a ordem de Chevalier des Arts et des Lettres (2013) e com o prémio René Goscinny (2017) pelo conjunto da sua obra, podem ler a nota de imprensa oficial do festival ou o artigo a ele dedicado pelo site Actua BD, mas o ideal será desfrutarem das suas obras, que são garantia de boas leituras.

(foto retirada do site da editora Dupuis; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)

1 comentário:

  1. Olá Pedro,
    Sou um "novato" nestas andanças da BD e venho aqui amiúde "beber" informação e recomendações sobre BD. Ao reler este artigo há dois, três dias atrás, dei-me conta que já me tinha cruzado com o livro "A Filha do Professor". Claro que, e seguindo a tua recomendação, o fui buscar. Ele há acasos fortuitos. Não tive que o procurar, nem o conhecia, simplesmente vi-o (no passado Domingo) no meio de outros livros que não BD e talvez por isso mesmo, registei o título e a capa. Como as recomendações que são deixadas neste blog não falham, estou certo que será uma óptima leitura.

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