Sem
surpresa - e, frise-se, com justiça - Emmanuel Guibert foi ontem
anunciado como o Grande Prémio do festival
de BD
de
Angoulême,
cuja 47.ª edição arrancou
hoje e decorre até ao próximo domingo, naquela cidade francesa.
No
ano escolhido pela França - e consubstanciado no projecto BD
2020 La France aime le 9.éme Art
- para festejar a sua banda desenhada, a escolha de um autor francês
surge como (mais) uma cereja no topo de um bolo onde, certamente,
caberão muitas mais.
Relativamente
ao festival, cuja programação integral pode ser consultada aqui ,
deixo duas ou três notas: a visita do presidente francês Emmanuel
Macron, prevista para hoje; a greve dos autores, em
luta por melhores condições, marcada
para sábado a partir das 16h30; e a presença, do ‘outro lado’ -
leia-se a dar autógrafos - dos
autores portugueses
Manuel Morgado (a
assinar Greldínard,
no stand da Le Lombard) e de Nuno Plati (com Métanöide,
no stand da Glénat).
Voltando
ao Grande Prémio, recordo
que a votação foi feita por 1852
dos integrantes de um júri
alargado potencialmente
integrado por todos os
autores publicados em França, a partir de uma lista restrita de três
nomes - obtida por votação aberta do mesmo júri - que incluía
também o norte-americano Chris Ware e a francesa Catherine Meurisse
(sobrevivente do ataque terrorista à redacção do Charlie
Hebdo).
Emmanuel
Guibert, de 55 anos,
argumentista e/ou desenhador, começou por dar nas vistas nas
publicações de L’Association, onde partilhou espaço e projectos
com Joann Sfar ou Christophe Blain e publicou, entre outros, La
Guerre D’Alan, a biografia de
Alan Ingram Cope, um soldado norte-americano que participou na II
Guerra Mundial.
Já
distinguido em Angoulême em 1988, com o Alph’Art
Coup de Coeur
(para obra de novo autor) pelo delicado A
filha do professor
(única
obra do autor editada em português, pela Witloof,
numa
edição que
vale bem a pena procurar) e
que lhe valeu também o Prémio René
Goscinny,
Guibert, que
já tinha estado anteriormente na lista de finalistas do Grande
Prémio de Angoulême,
revelar-se-ia
igualmente um autor capaz de chegar aos
mais pequenos, com Sardine
de l’espace,
co-criada com Sfar e, especialmente, ao
grande público - que nem sequer lê BD - com o magnífico Le Photographe, misto de BD e fotografia, baseado
na experiência do fotógrafo Didier Lefévre com os Médicos
sem Fronteiras,
no Afeganistão, distinguido com um Eisner
Award
e o Prix Essentiel
d’Angoulême,
em 2007.
Para
saberem mais sobre Emannuel Guibert,
distinguido
pelo estado francês com a ordem de
Chevalier des Arts et des Lettres
(2013) e com o prémio
René Goscinny
(2017) pelo conjunto da sua obra, podem ler a
nota de imprensa oficial do festival
ou o artigo a ele dedicado pelo site Actua BD, mas o ideal será desfrutarem das suas obras, que são garantia de
boas leituras.
Olá Pedro,
ResponderEliminarSou um "novato" nestas andanças da BD e venho aqui amiúde "beber" informação e recomendações sobre BD. Ao reler este artigo há dois, três dias atrás, dei-me conta que já me tinha cruzado com o livro "A Filha do Professor". Claro que, e seguindo a tua recomendação, o fui buscar. Ele há acasos fortuitos. Não tive que o procurar, nem o conhecia, simplesmente vi-o (no passado Domingo) no meio de outros livros que não BD e talvez por isso mesmo, registei o título e a capa. Como as recomendações que são deixadas neste blog não falham, estou certo que será uma óptima leitura.