17/11/2021

Macho-Alfa #1

E se…?



E se… as histórias de super-heróis decorressem no mundo real, com as ‘super-acções’ a terem consequências desastrosas?
E se… o super-herói perfeito fosse um menino mimado, egoísta e malcriado em tamanho grande, habituado a fazer o que lhe dá na gana?
Da junção destas duas hipóteses, nasceu Macho-Alfa, o único (?) português com super-poderes…
Pois.

O seu protagonista é David Ferreira: quase uma tonelada de peso, força incomensurável, capacidade de voar, invulnerabilidade... E o lado humano chato: contas por pagar, incompreensão pelas consequências (mortes, destruição…) dos seus actos, os sermões do pai (que também é chefe da polícia) e da namorada (farta de ser a ‘financiadora’ do casal), a incapacidade (ou falta de vontade) de se controlar em acção (esmagando como o Hulk, mas no seu caso, literalmente…).

E se as coisas assim já soam mal que chegue, atingindo o fundo do poço, David, o Macho-Alfa aceita o convite para ser o (único) protagonista de um reallity show que o acompanha 24 horas por dia, nas suas acções (nada) generosas ou na sua (banal) rotina…

Com um humor sarcástico, uma narrativa leve e fluída e um traço dinâmico e eficiente, Filipe Pina e Osvaldo Medina - num duplo regresso autoral em português que quero sublinhar e saudar - traçam um retrato distorcido e exagerado - mas extremamente acutilante - dos tiques, modas e medos da nossa sociedade, ao mesmo tempo que nos divertem, tanto quanto de certeza se divertiram na sua génese desta paródia (também) ao género de super-heróis.

Para levar moderadamente a sério, com algumas boas gargalhadas e muito riso amarelo, a este primeiro volume fundador da série, com muita informação - não na quantidade mas na assertividade - sobre o protagonista e o seu círculo restrito próximo, e a definição plena do registo adoptado, só se poderá apontar o saber a pouco - o que não é obrigatoriamente sinónimo (neste caso bem pelo contrário) de pouco conteúdo ou acção.

Resta o desejo do rápido regresso deste super-herói nacional - informando a editora que o segundo volume já está todo desenhado e o terceiro adiantado - com tanto de pretensiosos e egoísta quanto de arruaceiro.


Macho-Alfa #1 (de 4)
Filipe Duarte Pina (argumento)
Osvaldo Medina (desenho)
A Seita/Comic Heart
Portugal, Outubro de 2021
200 x 280 mm, 80 p., cor, capa dura
14,00 €

(imagens disponibilizadas pelas editoras A Seita e Comic Heart; clicar nesta ligação para ver mais pranchas ou nas aqui publicadas para as aproveitar em toda a sua extensão)

5 comentários:

  1. Talvez não seja o primeiro super-herói português.
    Boa noite.

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    1. De facto, começando pelo Corvo (do Luís Louro), já devem ter existido uns quantos por aí fora. E isto assumindo que o Corvo foi o primeiro Super português pós-25 de Abril.

      Desconheço completamente se antes de 1974 não terão havido outros.

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  2. Dou a mão à palmatória, nem sempre o que escrevemos é o que os outros lêem e aceito que a minha escolha de palavras não foi feliz.
    Introdução alterada, agora mais de acordo com o espírito da obra.
    Agradeço a leitura atenta.
    Boas leituras!

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  3. Super herói: na acepção moderna do termo?
    O corvo.

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    1. O Corvo é um "herói". Não um "super-herói": não tem super-poderes.

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