29/12/2021

Benoît Brisefer L’Intégrale 1

Oásis



Podia ter terminado o ano - e muito bem - com o Family Tree de ontem, mas a verdade é que neste ano se acentuou a minha necessidade de, pontualmente, mergulhar nestes oásis de genuína ingenuidade e génio narrativo que são as grandes séries clássicas franco-belgas, por isso esta opção por este volume integral de Benoîr Brisefer para fechar o ano aqui em As Leituras do Pedro, no que às análises de obras diz respeito.

28/12/2021

Family Tree

A narrativa, senhores...




Chegado a este Family Tree com o mínimo de informação que, nos dias de hoje, as redes sociais e a circulação de informação permite, cheguei ao fim da leitura com a confirmação de algo que há muito defendo: muitas vezes, a forma como é contada, é mais importante que a história.
E, sem dúvida, Jeff Lemire é um narrador por excelência.

27/12/2021

A Implosão

Espírito e forma


“… e ao ler a sua adaptação em banda desenhada encontrei o espírito e, muitas vezes, a letra da novela…”
Nuno Júdice, na introdução de A Implosão


Aquela frase, aparentemente simples, se resume bem dois aspectos importantes desta adaptação - mais uma - de uma obra literária, numa época em que elas voltaram a estar ‘na moda’, deixa mesmo assim de fora o melhor e o menos bom que Mário André fez.

26/12/2021

João Paulo Cotrim (1965-2021)







Natural de Lisboa, onde nasceu a 13 de Março de 1965, João Paulo Cotrim faleceu hoje.

Prémio Jorge Magalhães para Filipe Melo







O romance gráfico Balada para Sophie valeu ao músico e escritor Filipe Melo o Prémio Jorge Magalhães de Argumento para Banda Desenhada, na sua primeira edição.

24/12/2021

Horácio Completo: 1963 a 1969

A melhor prenda foi…


Li há muitos anos - num Mosquito antigo…? Num Mundo de Aventuras…? - um conto intitulado A melhor prenda era… Reflexo de uma era - a da ditadura portuguesa, de um certo miserabilismo cultivado à exaustão, tinha um tom delicodoce mas, vá lá saber-se porquê, ficou-me o título na memória e penso que não é a primeira vez que me serve de mote.
Se ficaria bem - para mais nesta quadra - apontar como melhor prenda as utopias mundialistas e socialmente correctas, como a paz no mundo, o fim da pandemia ou a recuperação ecológica do planeta, pessoalmente contento-me com um bom livro. Que tem a vantagem de o ser - boa prenda - em qualquer altura ou época. E até repetidamente.

23/12/2021

Mister No: Rio Negro/O Templo dos Maias

O melhor e o menos bom

Considerado por muitos a melhor história de Mister No, este díptico com a assinatura de Sergio Bonelli (sob o pseudónimo de Guido Nolitta) e Roberto Diso espelha o melhor e o menos bom desta série - e, de certa forma, de toda a banda desenhada da casa editora italiana, justificando o seu cariz popular e o segredo de tantos sucessos.

22/12/2021

Diário de uma Quarentena em Risco

Rir...?




Com 2021 a acabar e 2022 a aproximar-se sem que se vislumbrem grandes esperanças, no que à pandemia diz respeito, este Diário de uma Quarentena em Risco deixa um sabor agridoce, pois se é verdade que acrescenta um cunho humorístico a um período complicado, também reforça todos os problemas e limitações por que todos passámos. E passamos.

21/12/2021

Dylan Dog: O número duzentos

Olhar para trás


Se é verdade que a maior parte das histórias de Dylan Dog - e de boa parte das das outras criações Bonelli - são auto-conclusivas e conhecer o passado da personagem não é necessário, com certeza muitos dos leitores (habituais) do Detective do Pesadelo já se interrogaram sobre as suas relações com Groucho ou com o inspector Bloch, sobre as origens da sua casa em Craven Road ou da interminável miniatura do galeão em que se empenha tanto, ou sobre o momento em que decidiu abandonar o consumo de álcool.
Para estes, esta é uma edição fundamental. Para os outros, é mais um belo caso policial - e humano.

20/12/2021

Regresso a Hergé



Patente - ainda! - até dia 10 de Janeiro de 2022, é imperdoável não visitar a exposição dedicada a Hergé que está patente na Fundação Calouste Gulbenkian.
Não sendo a primeira em Portugal - eu tive o privilégio de pensar e organizar uma no 5.º Salão Internacional de Banda Desenhada do Porto, em 1989, a propósito dos 60 anos de Tintin, bem retratados por Pedro Morais nos materiais de divulgação do evento - esta é com certeza a maior e a primeira a ter originais do criador de Tintin.

19/12/2021

Gérald Forton (1931-2021)

 



Natural de Bruxelas, na Bélgica, onde nasceu a 10 de Abril de 1931, Gérald Forton faleceu aos 90 anos, em Aplle Valley, na Califórnia, nos Estados Unidos. Foi um dos mais versáteis e diversificados argumentistas e desenhadores de BD , sendo um dos últimos resistentes da sua geração.

17/12/2021

Méga Spirou #28

Schtroumpfástica!


Já o escrevi por aqui: sendo esta revista uma espécie de mostruário do (bom) catálogo de humor da Dupuis, o menor ou maior interesse de cada edição está intimamente ligado aos dois álbuns completos incluídos.
Sendo este um número dedicado aos schtroumpfs - e também por extensão a Peyo - dificilmente poderia ser melhor, ou não incluísse ele um dos álbuns fundadores da (fantástica) BD franco-belga dos anos 1960 e uma aventura longa completa dos pequenos seres azuis.
E mais ainda.

16/12/2021

Corto Maltese: Oceano negro

Era preciso…?


Esta é uma das perguntas que se pode colocar a propósito deste álbum: era preciso? Ou, de forma, mais completa e inteligível para todos: era preciso chamar ‘Corto Maltese’ ao protagonista?
A resposta, obviamente ambígua, é sim. E não. E talvez.
Explico a seguir, mas se preferirem avançar para Oceano negro antes de prosseguirem esta leitura, deixem que vos dê um conselho: a exemplos dos “Lucky Luke de…” e dos “Spirou de…”, encarem a proposta de Bastien Vivés e Martin Quenchen como um ‘Corto Maltese de…’ e avancem com o espírito aberto.

15/12/2021

Spy Family #1

E agora...




A par das (longas) colecções em curso que sustentam o seu catálogo, a Devir tem diversificado a oferta (só) em manga e este Spy Family é a proposta mais recente.
Apontado para leitores a partir dos 8 anos, é na verdade uma leitura leve e divertida, que pode bem agradar a outras faixas etárias.

13/12/2021

Homem Voador

Loopings


Voar é desde sempre um dos grandes sonhos da humanidade. Olhando para as aves no céu, logo os primeiros homens desejaram imitá-las.
Ícaro pagou com a vida a sua ambição; pioneiros sonhadores e destemidos criaram os primeiros engenhos voadores. Hoje, qualquer um de nós, gostaria de poder deixar o carro parado e simplesmente saltar pela janela e voar rumo ao infinito - ou mais além… - ou simplesmente ir até ao trabalho ou à pastelaria do bairro sem trânsito nem confusões, acima da poluição que domina as cidades.
Mas tudo não passa de sonhos e/ou as coisas não são assim tão simples. Álvaro e José Pinto Carneiro primam por transformar esse sonho num pesadelo.

11/12/2021

Almanaque da Turma da Mônica #1

Diferenças


É indiscutível a progressão na continuidade das histórias da Turma da Mônica - e das outras ‘turmas’ criadas por Maurício de Sousa neste último meio século (mais no seu início…) -baseada em princípios fundadores fundamentais: o humor, a amizade e a solidariedade como lema, o desbaratar dos próprios códigos da BD, as preocupações sociais no horizonte…
Mas também é inegável que, em tempos mais 1recentes - de há uns quantos anos a esta parte… - o humor é mais cuidadoso, as histórias mais inócuas: o politicamente correcto impôs-se nestas criações.
Pelo contraste, este número inaugural da nova fase - em termos de numeração - do Almanaque da Turma da Mônica, é um exemplo.

10/12/2021

Comissário Ricciardi: Primeiros inquéritos

 O princípio



Presença(ir)regular neste blog, o Comissário Ricciardi chega agora a Portugal pelas mãos de A Seita, na sua colecção Aleph, dedicada aos títulos ‘de heróis' Bonelli, que chega assim (já) ao décimo volume.
Primeiros inquéritos, com as suas primeiras investigações, revela-se a porta ideal de entrada no mundo deste inspector da polícia italiana, criado literariamente pelo escritor Maurizio de Giovanni.

07/12/2021

O Relatório de Brodeck

Indizível

Quem ler o teu relatório, tem de perceber e de perdoar’

In O Relatório de Brodeck


Acabo de reler - agora em português, quem o julgaria possível há meia dúzia de anos…? - esta obra.
Mais uma vez, sinto-me subjugado, embrutecido, emocionalmente abalroado, sem palavras, perante a violência visceral do relato - mais íntima do que física, embora ela também lá esteja - e perante a beleza agreste e brutal do traço.
Que escrever? Que é uma das grandes bandas desenhadas que já li na vida. E rogar por favor que a leiam.

06/12/2021

Tintin no País dos Sovietes - edição a cores

Imperativo ou traição?




Com Portugal a ser o terceiro país fora da zona francófona - depois dos Países Baixos e da Dinamarca - a poder editar a versão colorida de Tintin no País dos Sovietes, impõe-se também aqui a questão: era um imperativo ou é uma traição?
A resposta, não é simples e até pode ser afirmativa em ambos os casos.

03/12/2021

Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos

No mundo real


No mundo ideal, no que à BD diz respeito, todas as obras marcantes e significativas estariam sempre disponíveis, regularmente, em novas edições beneficiadas pelos avanços tecnológicos de reprodução e impressão.
No mundo real em que vivemos, está de novo disponível Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos (belíssimo título!), um dos grandes livros nacionais aos quadradinhos - embora eles sejam raros nas suas páginas…

Autores portugueses na Kingpin Books

 (imagem disponibilizada pela livraria; clicar na imagem para a aproveitar em toda a sua extensão) 

02/12/2021

Pardalita

Misto



Se há mérito que se deve atribuir à colecção Dois Passos e um Salto, da Planeta Tangerina, é a capacidade de surpreender os leitores regulares de banda desenhada, de cujo ‘círculo íntimo’ - leia-se ‘editoras habituais de BD’ - ela não faz parte.
Pardalita, de Joana Estrela, é o exemplo mais recente.

29/11/2021

Júlia #1

Regresso de corpo inteiro





Esta edição, de certa forma marca, o regresso de Júlia (ex-J. Kendall…) ao Brasil.
Um regresso de corpo inteiro, apetece vincar, mas um regresso, sem quebras, na continuidade.