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22/12/2010

La semaine des 7 Nöel

Olivier Grojonowski (argumento e desenho)
Casterman (França, Outubro de 1999)
240 x 320 mm, 64 p., cor, cartonado

A história repete-se. Depois de quase 30 anos de crescimento económico no início do novo milénio, um crash bolsista em Outubro de 2029 leva à falência a população francesa, fazendo com que os hotéis passem a ter dois tipos de tabela: para dormir ou para saltar da janela.
O governo, esgotadas as soluções tradicionais, organiza então um referendo que tem uma grande participação e como resposta um “sim” esmagador à pergunta: “Pode o Natal ser decretado sempre que o governo achar necessário?”. A razão é simples: sendo o período natalício o de maior consumo ao longo do ano, multiplicando esses períodos, aumentam-se as vendas, haverá maior produção e a economia, qual Fénix, renasceria das próprias cinzas.
Uma ideia (de uma ironia irresistível) que parecia genial mas que em breve se transforma num pesadelo para os franceses, progressivamente mergulhados numa ditadura natalícia, governados por tiranos Pais Natais, que os obrigam a celebrar o Natal todos os dias, a assistir a ceias de Natal todas as noites, a trocar presentes de Natal todas as meia-noites, a usar apenas e exclusivamente as cores tradicionais do Natal (branco, o predominante vermelho, preto). As mesmas cores que pintam a quase totalidade das pranchas do álbum, conferindo-lhe não um ar alegre e festivo como se poderia pensar, mas um aspecto soturno, opressivo e triste, como soturno, opressivo e triste é este relato concretizado no traço caricatural de Olivier Grojonowski, mais conhecido por O’Groj.
Relato que, apesar de começar com a ironia descrita, progressivamente vai perdendo força e humor, transformando-se numa opressiva descrição kafkiana de uma sociedade que é abalada quando os novos agentes da ordem começam a aparecer assassinados, descalços, obrigando a que se tomem medidas de emergência que apenas revelam que até os opressores estão insatisfeitos.
Mas, felizmente, o Natal não é assim – todos os dias, mesmo quando um homem não quer… - pese embora o cada vez maior consumo a ele associado, em detrimento dos valores mais importantes que o deveriam nortear.
Para todos, um verdadeiro e Feliz Natal… uma vez por ano!

(Versão ligeiramente retocada do texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Dezembro de 1999)
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