Mostrar mensagens com a etiqueta Plácido e Mosca. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Plácido e Mosca. Mostrar todas as mensagens

17/03/2011

Plácido e Mosca, 65 anos

A 17 de Março de 1946, estreava no número #56 da revista francesa “Vaillant” uma nova série intitulada “Placid et Muzo”, que rapidamente ganhou as preferências dos leitores, ocupando a capa da publicação três números depois. Os seus protagonistas eram dois animais antropomorfizados, um urso negro e uma raposa, que juntos viviam divertidas aventuras que raramente ultrapassavam uma página.
Se aquele título poderá dizer pouco aos leitores portugueses, o caso mudará com certeza de figura entre aqueles que leram histórias aos quadradinhos nas décadas de 50 e 60 do século passado, se lhes dissermos que em Portugal os dois heróis, numa aproximação à pronúncia original, foram rebaptizados como Plácido e Mosca.
E foi com esta designação que foram presença recorrente em diversas publicações da Agência Portuguesa de Revistas como o Mundo de Aventuras, Condor, Condor Mensal ou Tigre, a preto e branco ou a uma cor, chegando até a estampar a capa de cadernos escolares em meados de 1950, como revela Leonardo de Sá no seu blog Histórias dos Quadradinhos.
Inicialmente usando apenas umas calças com alças, os dois amigos – frequentemente em conflito, devido às suas diferentes formas de ser e reagir, mais pacífico Plácido, mais irrequieto Mosca – comporiam depois o seu visual vestindo pólos ou coletes, protagonizando tanto cenas quotidianas quanto episódios como polícias, cowboys, exploradores ou aventureiros, cuja leitura fácil e directa, os desfechos inesperados e os jogos de palavras contribuíram sobremaneira para conquistar os leitores.
O seu criador foi o catalão José Cabrero Arnal (1909-1982), que os portugueses descobriram como colaborador de “O Mosquito” onde, entre muitas outras bandas desenhadas, tinha brilhado com o cão Top, antepassado daquele que seria a sua mais famosa criação, Pif le chien, publicado pela primeira vez em 1948. Claramente inspirado pelo traço Disney, as suas criações, quase sempre animais com postura humana, combinavam humor, charme e poesia de forma harmoniosa, grangeando sucesso com facilidade.
Plácido e Mosca, que originalmente tinham argumentos de Pierre Olivier, seriam retomados por Jacques Nicolaou, quando Arnal se dedicou a Pif, perdendo no entanto um pouco da sua poesia e da originalidade dos gags iniciais, tendo sobrevivido quase até aos nossos dias.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Março de 2011)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...