Robert Kirkman (argumento)
Tony Moore (desenho)
Devir (Portugal, Outubro de 2010)
170 x 255 mm, 144 p., pb, brochado
Resumo
Este é o primeiro tomo de The Walking Dead, que reúne os primeiros seis comics desta série de culto.
Passada na região de Atlanta, o seu protagonista é Rick Grimes é um ajudante de xerife que acorda de um coma provocado por um ferimento de bala e, sozinho no hospital, constata que o mundo tal como o conhecia desapareceu, com a humanidade, reduzida a alguns pequenos grupos esparsos, destroçada por um estranho mal que faz os mortos ressuscitarem. Parte então em busca da mulher Lori e do filho Carl, que desapareceram da sua casa, num mundo povoado de zombies que se alimentam de sangue humano.
Desenvolvimento
Se o resumo pode levar os leitores incautos a pensar que não há grande diferença entre esta BD e uma longa série de outras com a mesma temática, a verdade é que The Walking Dead parte desde logo de uma premissa diferente, como o autor afirma no prefácio: o desejo de a começar onde geralmente acabam este tipo de histórias, de saber o que acontece a seguir, quando os mortos-vivos se tornam mais do que os seres humanos.
A par disso – e essa é, para mim, uma diferença mais importante - na base da história está a exploração das reacções (e das relações) humanas em situações extremas, acentuada pela forma pausada e com muitos momentos de suspense como a trama é desenvolvida, com muitas pontas soltas que permitem que ela vá sendo explorada de diversas formas ao longo do tempo.
Confesso que tendo visto os dois episódios iniciais da série televisiva antes de ler o livro, este perdeu o feito surpresa que noutras circunstâncias poderia ter, mas a verdade é que a forma pausada como Kirkman guia a narrativa, forte e bem estruturada, é uma bela mais-valia, que contribui sem dúvida para o sucesso que ela alcançou.
Depois, os protagonistas são personagens fortes, imperfeitas, com dúvidas e incertezas, em resumo humanas e credíveis. Grimes, está dividido entre ficar com a mulher e o filho para os proteger e o sentido do dever que o leva a querer ajudar todos os outros; Lori, tem na consciência a relação iniciada com Shane, antigo companheiro do marido, quando julgava este morto; os restantes, lutam por manter o máximo possível de humanidade, ao mesmo tempo que tentam encontrar o seu lugar num mundo em grande mudança, onde alguns dos valores tradicionais parecem já não fazer sentido.
Graficamente, se o traço de Moore – Charles Adlard só entrou na série a partir do #7 - é algo caricatural, perdendo com isso, especialmente em expressividade, algumas cenas de maior intensidade dramática, os seus mortos-vivos conseguem ser bastante assustadores, num todo que se revela bastante dinâmico.
A série televisiva
O canal por cabo nacional Fox está a emitir, às 3ªas feiras, a versão televisiva de The Walking Dead, dirigida por Frank Darabont, com apenas dois dias de diferença em relação aos EUA. Onde, diga-se a propósito, o sucesso dos primeiros episódios, com audiências recorde, fez o canal AMC garantir já uma segunda temporada que terá pelo menos 13 episódios, mais 7 que a actual.
Na TV Rick Grimes é protagonizado pelo actor britânico Andrew Lincoln, que tem ao seu lado Sarah Wayne Callies (Lori), Chandler Riggs (Carl) e Jon Bernthal (Shane).
Apesar de bastante fiel à narrativa aos quadradinhos, quer em termos de estrutura, quer em termos de construção, a série televisiva trata alguns dos acontecimentos de forma diferente, tendo mesmo incluído personagens e cenas que não existiam na versão original, mas sem que isso tenha de alguma forma desvirtuado a narrativa ou alterado o seu ritmo, uma vez que a versão televisiva, assenta igualmente na exploração das relações entre os vários sobreviventes, embora os seus momentos fortes sejam os confrontos com os “mortos andantes”, extremamente bem conseguidos graças aos efeitos especiais utilizados.
Um dos casos que justifica dizer: leia a BD, veja a série da TV.
A reter
- A força da narrativa, capaz de inovar num género menor (?) e geralmente previsível.
- A opor-tunidade da edição da Devir, aprovei-tando a estreia televisiva da série baseada na BD e a forte campanha promocional ao seu redor. Espera-se que este aparente renascimento de uma editora que marcou a edição de BD em Portugal há não muitos anos, possa ser consistente e para durar. E, já agora, que não seja necessário esperar muito pelos próximos tomos de The Walking Dead.
Curiosidades
- The Walking Dead começou a ser publicado em 2003 pela Image Comics. Escrita por Robert Kirkman e desenhada por Tony Moore e Charlie Adlard, conta até ao momento cerca de 80 números, apesar de ser a preto e branco.
- Recentemente, um exemplar de The Walking Dead #1, com preço de capa original de 2,95 US$, foi vendido em leilão por 1825 dólares (cerca de 1325 euros).
(Versão completamente revista e remontada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Novembro de 2010)
Tony Moore (desenho)
Devir (Portugal, Outubro de 2010)
170 x 255 mm, 144 p., pb, brochado
Resumo
Este é o primeiro tomo de The Walking Dead, que reúne os primeiros seis comics desta série de culto.
Passada na região de Atlanta, o seu protagonista é Rick Grimes é um ajudante de xerife que acorda de um coma provocado por um ferimento de bala e, sozinho no hospital, constata que o mundo tal como o conhecia desapareceu, com a humanidade, reduzida a alguns pequenos grupos esparsos, destroçada por um estranho mal que faz os mortos ressuscitarem. Parte então em busca da mulher Lori e do filho Carl, que desapareceram da sua casa, num mundo povoado de zombies que se alimentam de sangue humano.
Desenvolvimento
Se o resumo pode levar os leitores incautos a pensar que não há grande diferença entre esta BD e uma longa série de outras com a mesma temática, a verdade é que The Walking Dead parte desde logo de uma premissa diferente, como o autor afirma no prefácio: o desejo de a começar onde geralmente acabam este tipo de histórias, de saber o que acontece a seguir, quando os mortos-vivos se tornam mais do que os seres humanos.
A par disso – e essa é, para mim, uma diferença mais importante - na base da história está a exploração das reacções (e das relações) humanas em situações extremas, acentuada pela forma pausada e com muitos momentos de suspense como a trama é desenvolvida, com muitas pontas soltas que permitem que ela vá sendo explorada de diversas formas ao longo do tempo.
Confesso que tendo visto os dois episódios iniciais da série televisiva antes de ler o livro, este perdeu o feito surpresa que noutras circunstâncias poderia ter, mas a verdade é que a forma pausada como Kirkman guia a narrativa, forte e bem estruturada, é uma bela mais-valia, que contribui sem dúvida para o sucesso que ela alcançou.
Depois, os protagonistas são personagens fortes, imperfeitas, com dúvidas e incertezas, em resumo humanas e credíveis. Grimes, está dividido entre ficar com a mulher e o filho para os proteger e o sentido do dever que o leva a querer ajudar todos os outros; Lori, tem na consciência a relação iniciada com Shane, antigo companheiro do marido, quando julgava este morto; os restantes, lutam por manter o máximo possível de humanidade, ao mesmo tempo que tentam encontrar o seu lugar num mundo em grande mudança, onde alguns dos valores tradicionais parecem já não fazer sentido.
Graficamente, se o traço de Moore – Charles Adlard só entrou na série a partir do #7 - é algo caricatural, perdendo com isso, especialmente em expressividade, algumas cenas de maior intensidade dramática, os seus mortos-vivos conseguem ser bastante assustadores, num todo que se revela bastante dinâmico.
A série televisiva
O canal por cabo nacional Fox está a emitir, às 3ªas feiras, a versão televisiva de The Walking Dead, dirigida por Frank Darabont, com apenas dois dias de diferença em relação aos EUA. Onde, diga-se a propósito, o sucesso dos primeiros episódios, com audiências recorde, fez o canal AMC garantir já uma segunda temporada que terá pelo menos 13 episódios, mais 7 que a actual.
Na TV Rick Grimes é protagonizado pelo actor britânico Andrew Lincoln, que tem ao seu lado Sarah Wayne Callies (Lori), Chandler Riggs (Carl) e Jon Bernthal (Shane).
Apesar de bastante fiel à narrativa aos quadradinhos, quer em termos de estrutura, quer em termos de construção, a série televisiva trata alguns dos acontecimentos de forma diferente, tendo mesmo incluído personagens e cenas que não existiam na versão original, mas sem que isso tenha de alguma forma desvirtuado a narrativa ou alterado o seu ritmo, uma vez que a versão televisiva, assenta igualmente na exploração das relações entre os vários sobreviventes, embora os seus momentos fortes sejam os confrontos com os “mortos andantes”, extremamente bem conseguidos graças aos efeitos especiais utilizados.
Um dos casos que justifica dizer: leia a BD, veja a série da TV.
A reter
- A força da narrativa, capaz de inovar num género menor (?) e geralmente previsível.
- A opor-tunidade da edição da Devir, aprovei-tando a estreia televisiva da série baseada na BD e a forte campanha promocional ao seu redor. Espera-se que este aparente renascimento de uma editora que marcou a edição de BD em Portugal há não muitos anos, possa ser consistente e para durar. E, já agora, que não seja necessário esperar muito pelos próximos tomos de The Walking Dead.
Curiosidades
- The Walking Dead começou a ser publicado em 2003 pela Image Comics. Escrita por Robert Kirkman e desenhada por Tony Moore e Charlie Adlard, conta até ao momento cerca de 80 números, apesar de ser a preto e branco.
- Recentemente, um exemplar de The Walking Dead #1, com preço de capa original de 2,95 US$, foi vendido em leilão por 1825 dólares (cerca de 1325 euros).
(Versão completamente revista e remontada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Novembro de 2010)
Pedro, eu sei que não tens uma bola de cristal, mas sabes se existe condições para a continuação em português desta série?
ResponderEliminarEu comprei o primeiro e gostava de continuar em português...
:)
Abraço
Olá Bongop!
ResponderEliminarSem bola de cristal, mas com informação não oficial, posso dizer-te que até final do mês a Devir deve anunciar o lançamento do Volume 2, para Fevereiro/Março de 2011. A definição da data está dependente da velocidade de vendas do volume 1.
Abraço,
Pedro