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03/04/2013

Fred (1931-2013)









A banda desenhada acaba de perder um dos seus maiores poetas, Frédéric Othon Théodore Aristidés, mais conhecido como Fred.

Francês de ascendência grega, nascido a 5 de Março de 1931, publicou a sua primeira banda desenhada, “Journal de bord”, em 1954, na “Zero”. Aí conheceu Georges Bernier (o célebre professor Choron) e François Cavanna, com quem fundara a “Hara-Kiri”, em 1960, de que foi director artístico.
Cinco anos mais tarde, juntou-se à equipa da “Pilote”, dando um contributo decisivo para fazer da banda desenhada uma arte (também) para adultos, assinando as primeiras aventuras de Philémon, uma série poética, filosófica e experimental, cujo protagonista, um sonhador, começou por saltar de letra em letra, na palavra Atlântico, pois cada uma é uma ilha no meio daquele oceano, e depois partiu à descoberta de novos mundos e realidades paralelas.
O último álbum da série, “Le train où vont les choses”, que Fred fez ponto de honra terminar para “fechar o círculo”, foi publicado há poucas semanas, constituindo assim uma espécie de testamento artístico de um autor que Angoulême distinguiu com o Grande Prémio, em 1980, e que homenageou de novo com uma exposição antológica na edição deste ano.
Autor inquieto, crítico da sociedade e em busca da diferença, que foi capaz de inovar na narrativa aos quadradinhos cuja estrutura soube explorar graficamente como poucos, Fred, a par dos 16 álbuns de “Philémon” (apenas o primeiro, “O Náufrago do ‘A’” foi editado em português, pela Meribérica/Líber), legou-nos também obras como “Le Petit Cirque” (1973), “Le Journal de Jules Renard lu par Fred” (1988; “O Diário De Jules Renard lido por Fred”, Bertrand Editora), “L’Histoire du corbac aux baskets” (1993; Melhor Álbum de Angoulême 1994; “A história do corvo de Ténis”, Meribérica/Líber), “L’Histoire du conteur électrique” (1995; “A História do Contador Eléctrico”, Meribérica/Líber) ou “L’Histoire de la dernière image” (1999) cuja (re)leitura vivamente aconselho.



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