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09/02/2012

La Fille de l’Eau













Sacha Goerg
Dargaud (França, 20 de Janeiro de 2012)
180 x 240 mm, 192 p., cor, brochado com badanas
18,00 €


Resumo
Numa manhã de Outono, Judith, uma adolescente disfarçada de rapaz, simula uma queda no lago para se introduzir, encharcada até aos ossos, numa magnífica casa moderna que pertenceu a um famoso escultor recentemente falecido.
Pretende, desta forma, descobrir mais sobre a sua origem, sobre o pai que mal conheceu e sobre aqueles de quem ele sempre a escondeu.

Desenvolvimento
Esta é uma história sensível mas estranha.
Decorre nume belíssima casa, isolada, nas margens de um lago, tudo traçado – tal como as personagens - num traço fino e subtil, ao qual a cor confere profundidade e movimento, em pranchas desprovidas dos enquadramentos tradicionais (ou de todo desprovidas de enquadramentos) o que só acentua a sua estranheza.
Nesse local fechado, isolado de tudo, durante várias horas, vão conviver seis pessoas: Judith, Sonia, viúva do falecido, o seu filho Mattew, Hugo, amigo deste, Chris, que organiza uma retrospectiva do escultor, e Miki, a sua companheira do momento. E, pairando sobre todos, como uma sombra – literalmente no desenho, num belo achado de Sacha Goerg – falando-lhes (de alguma forma, a alguns…) está o morto.
Entre alguns – entre todos? – a tensão é evidente, os desencontros, maus encontros, meias-palavras e questões mal resolvidas acumulam-se, tentando uns afogá-los em vinho, outros em recordações, outros ainda no sexo.
Porque, naquela casa, Judith não é a única a ter segredos – os segredos são (bem) mais do que os protagonistas e todos os tentam esconder – e os segredos de Judith não são os únicos a serem conhecidos por (alguns dos) outros.
É neste clima de estranheza, de intranquilidade, de incerteza, de dúvidas e de desconfianças que os seis (mais o falecido…) vão conversando e/ou interagindo, confrontando-se, defrontando-se, jogando com as palavras, em avanços e recuos, insinuações e acusações, com a tensão a acumular-se e a ameaçar explodir a cada momento.
Até ao desfecho final, inesperado e surpreendente, onde se adivinha a mão do escultor e se destaca afinal a fragilidade e impotência de cada um dos protagonistas face ao papel principal que a casa, então, assume.

A reter
- O tom estranho do relato, que obriga a reler algumas passagens e provoca uma estranha sensação de incómodo no leitor que chega ao fim e percebe que cabe à sua intuição completar o que nele ficou por dizer.
- O inesperado mas conseguido desfecho final.

Menos conseguido
- Alguns desequilíbrios a nível do desenho que não são, no entanto, suficientes, para pôr em causa o belo trabalho gráfico de Sacha Goerg ao longo da maior parte das pranchas.



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