O final de ano continua a ser negro para o mundo da BD e, em especial, para os comics, que, depois do falecimento no passado dia 8 de Jerry Robinson, desenhador de Batman e criador de Robin e do Joker, assiste agora ao desaparecimento de Joe Simon, co-criador do Capitão América, e Eduardo Barreto, desenhador do Superman.
Joe Simon (1913-2011)
Hymie (Joe) Simon, argumenista, desenhador e editor, contava 98 anos, pois nasceu em 1913, em Nova Iorque. Ainda adolescente começou a desenhar para jornais locais, sendo depois contratado pela Timely Comics (futura Marvel) onde, em parceria com Jack Kirby, um dos maiores desenhadores de comics de sempre, criou várias personagens, a mais famosa das quais o Capitão América, que se tornaria o símbolo por excelência dos Estados Unidos na BD. Em 1941, na capa da revista com o seu nome em que se estreou, surgia a socar Hitler, antecipando em um ano a entrada dos EUA na II Guerra Mundial.
O sucesso alcançado levou-o a editor-chefe da editora, período em que contratou um certo Stan Lee que, nos anos 60, revolucionou o conceito dos super-heróis, com personagens como o Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha. No entanto, um desentendimento a nível económico levou-o a deixar a Timely e a mudar-se para a National Comics (futura DC Comics), onde, sempre com Kirby, trabalhou no Capitão Marvel, Sandman e Manhunter.
Durante o serviço militar, cumprido na guarda costeira norte-americana, o duo criou um estúdio onde desenvolveu Boy Commandos, de temática bélica que foi um sucesso de vendas, apenas superado por Superman e Batman, bem como uma vasta lista de títulos de western, banda desenhada romântica e de terror. A eles fica a dever-se também a criação de Fighting American, um dos primeiros projectos autorais dos quadradinhos norte-americanos, pois os seus direitos pertenciam aos autores e não à editora.
Eduardo Barreto (1954-2011)
Quanto a Eduardo Barreto, uruguaio natural de Montevideu, onde tinha nascido há 57 anos, iniciou-se na BD na década de 1970, ao lado do argumentista argentino Hector Oesterheld, uma das vítimas da ditadura militar argentina.
A qualidade gráfica do seu trabalho, em muitos aspectos mais próxima da banda desenhada realista franco-belga do que do mundo dos comics onde desenvolveu a sua carreira, valeu-lhe dar o salto para o mercado de super-heróis cerca de uma década depois, mais exactamente para a DC Comics.
Nessa editora desenhou histórias de diversos heróis, entre os quais The Shadow, Martian Manhunter, Teen Titans e Batman, mas distinguiu-se especialmente como desenhador do Superman, estando entre os seus trabalhos mais marcantes “Lex Luthor – Unauthorized biography” (1989), que narra a origem do maior inimigo do Homem de Aço.
O seu último trabalho para a DC Comics, já em 2011, foi “Superman – Retroactive”, tendo em Julho último assumido a página dominical de um herói clássico, o Fantasma.
(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Dezembro de 2011)
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17/12/2011
O adeus a Joe Simon e Eduardo Barreto
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O Gato do Simon
11/12/2009
O Gato do Simon – Os gatos são mesmo assim!
Simon Tofield (argumento e desenho)
Objectiva (Portugal, Outubro de 2009)
210 x 164 mm, 240 p., pb, brochado com badanas
Objectiva (Portugal, Outubro de 2009)
210 x 164 mm, 240 p., pb, brochado com badanas
Irresistível. Eu, que nem aprecio gatos – e de que quero ainda maior distância depois de saber do que eles são capazes, se são mesmo assim! – vi-me rendido ao do Simon ao fim de poucas dezenas de páginas!
Compilação de ilustrações, cartoons e sequências narrativas curtas – alguns originais outros adaptando os filmes animados em que o gato nasceu, disponíveis na net – este livro revela-nos um felino com dupla personalidade. Pelo menos.
Porque tão depressa se comporta como um gato normal, preguiçoso e pachorrento, mimado – a que quase apetece fazer uma festa – como deixa vir ao de cima o seu lado “Garfield” - digamos assim, para melhor compreensão, ao fim e ao cabo são ambos felinos e protagonistas da mesma (9ª) arte! – esfomeado, anárquico, terrorista, sádico, cruel, vingativo…
E, claro está, é este segundo lado que prefiro, pois é quando o assume que tenta – desesperada e pateticamente – capturar os animaizinhos do jardim, encher o seu prato com comida a todo o custo ou destruir a casa em que vive com o pobre Simon.
Para além deste pobre diabo, o gato contracena também com pássaros e ratos – que também não lhe fazem a vida fácil, registe-se -, porcos-espinhos (cujos picos os tornam vítimas de indizíveis partidas) ou outros seres vivos de ocasião… E, acima de tudo, o gato do Simon interage com o sorumbático anão de pedra do jardim, seu (involuntário) companheiro de partidas, caçadas, pescarias e demais patifarias. Ou pelo menos, o gato tenta que sim…
É com eles, com este universo simples e enganadoramente limitado – veja-se a diversidade de soluções que as mesmas situações possibilitam -, que Tofield, com um traço fino e simples, mas expressivo, dinâmico e de grande legibilidade, dá largas ao seu humor, que oscila entre linear ou negro, o nonsense, a ternura ou o completamente inesperado, mas sempre irresistível. Mas isso, já o tinha escrito.
(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 21 de Novembro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Compilação de ilustrações, cartoons e sequências narrativas curtas – alguns originais outros adaptando os filmes animados em que o gato nasceu, disponíveis na net – este livro revela-nos um felino com dupla personalidade. Pelo menos.
Porque tão depressa se comporta como um gato normal, preguiçoso e pachorrento, mimado – a que quase apetece fazer uma festa – como deixa vir ao de cima o seu lado “Garfield” - digamos assim, para melhor compreensão, ao fim e ao cabo são ambos felinos e protagonistas da mesma (9ª) arte! – esfomeado, anárquico, terrorista, sádico, cruel, vingativo…
E, claro está, é este segundo lado que prefiro, pois é quando o assume que tenta – desesperada e pateticamente – capturar os animaizinhos do jardim, encher o seu prato com comida a todo o custo ou destruir a casa em que vive com o pobre Simon.
Para além deste pobre diabo, o gato contracena também com pássaros e ratos – que também não lhe fazem a vida fácil, registe-se -, porcos-espinhos (cujos picos os tornam vítimas de indizíveis partidas) ou outros seres vivos de ocasião… E, acima de tudo, o gato do Simon interage com o sorumbático anão de pedra do jardim, seu (involuntário) companheiro de partidas, caçadas, pescarias e demais patifarias. Ou pelo menos, o gato tenta que sim…
É com eles, com este universo simples e enganadoramente limitado – veja-se a diversidade de soluções que as mesmas situações possibilitam -, que Tofield, com um traço fino e simples, mas expressivo, dinâmico e de grande legibilidade, dá largas ao seu humor, que oscila entre linear ou negro, o nonsense, a ternura ou o completamente inesperado, mas sempre irresistível. Mas isso, já o tinha escrito.
(Versão revista e aumentada do artigo publicado originalmente a 21 de Novembro de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
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05/11/2009
Sugestão de Leitura – O Gato do Simon
Simon Tofield (argumento e desenho)
Objectiva (Portugal, Outubro de 2009)
210 x 164 mm, 240 p., pb, brochado com badanas
Ainda não cheguei a meio, mas confesso-me rendido ao Gato do Simon Tofield, um misto de gato de carne e osso com (o inevitável) Garfield (ou não fossem ambos felinos).
São divertidos cartoons e sequências desenhadas, num registo que vai oscilando entre o humor negro, o nonsense, a ternura e o completamente inesperado, que narram as aventuras e desventuras de um anárquico e conflituosos gato doméstico sempre faminto, que inferniza a vida ao dono e aos seres vivos (humanos ou não) que o rodeiam e tenta a todo o custo que o anão de pedra do jardim o ajude a pescar peixes, apanhar ratos ou algum dos muitos pássaros que esvoaçam em seu redor.
Objectiva (Portugal, Outubro de 2009)
210 x 164 mm, 240 p., pb, brochado com badanas
Ainda não cheguei a meio, mas confesso-me rendido ao Gato do Simon Tofield, um misto de gato de carne e osso com (o inevitável) Garfield (ou não fossem ambos felinos).
São divertidos cartoons e sequências desenhadas, num registo que vai oscilando entre o humor negro, o nonsense, a ternura e o completamente inesperado, que narram as aventuras e desventuras de um anárquico e conflituosos gato doméstico sempre faminto, que inferniza a vida ao dono e aos seres vivos (humanos ou não) que o rodeiam e tenta a todo o custo que o anão de pedra do jardim o ajude a pescar peixes, apanhar ratos ou algum dos muitos pássaros que esvoaçam em seu redor.
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