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06/12/2012

Pequenos Prazeres# 2





  



Arthur de Pins e Maïa Mazurette (argumento)
Arthur de Pins (desenho)
Contraponto
(Portugal, 2 de Novembro de 2012)
150 x 235 mm, 192 p., cor, 
brochado com badanas
16,60 €


Resumo
Depois de encontros e desencontros, desavenças e reconciliações ocorridos em Pequenos Prazeres, Clara e Arthur querem cortar de vez e seguir, livres, as suas vidas. Só que, o anúncio do casamento próximo de Paul e Cassandra leva-os a repensar prioridades e opções e a partir numa fuga para a frente, tentando manter a independência enquanto sentem a necessidade de encontrar a sua alma gémea.

Desenvolvimento
Reflexão bem-humorada, feita à luz do sexo, sobre a passagem do estado de solteiros a casados e de como isso afecta amigos e conhecidos, esta segunda dose de Pequenos Prazeres (constituída pelos volumes 3 e 4 da edição original francófona), tem como principal defeito ter perdido o carácter de novidade que caracterizou o primeiro tomo.

Dessa forma, a Parte I – Gajas ao Ataque!, que poderia resultar melhor numa publicação regular em revista (uma vez que a narrativa está dividida em pequenos episódios, quase sempre de duas páginas), revela-se de leitura pouco estimulante, principalmente pela repetição da situação base – Clara tenta a toda a força arranjar companhia – e do respectivo desfecho, isto mesmo tendo em conta a lufada de ar fresco que é a apresentação da situação do ponto de vista feminino, a que não será estranha a participação de Maïa Mazurette nos argumentos.
No entanto, na passagem para a Parte II – O Casamento Tem Costas Largas, tudo muda. O anúncio do casamento eminente provoca o clique que reacende a chama entre Arthur e Clara e os leva a apostar a manutenção da respectiva castidade até que a união dos seus amigos se consume.

Com esses novos motes, o relato ganha novo fôlego, ritmo e sabor, solta-se e consegue cumprir competentemente o seu principal objectivo: divertir e dispor bem, em especial devido ao final, em crescendo, à medida de uma boa comédia de costumes
Para mais, sem pretensões moralistas – longe disso! – este livro faz também lembrar como tantas vezes procuramos longe aquele/aquilo que está mesmo à nossa frente…


28/06/2012

Pequenos Prazeres












Arthur de Pins
Contraponto (Portugal, Junho de 2012)
152 x 234 mm, 176 p., cor, brochada com badanas
16,60 €



1.      Este é mais uma daquelas surpresas que apesar de tudo o que conhecemos – crise, dimensão reduzida do mercado de BD, pouca audácia editorial, etc. – continuamos a encontrar ciclicamente nas nossas livrarias.
2.      Sem o impacto de “Persépolis”, é a segunda aposta em dois meses da Contraponto – e eu sei que há mais a caminho…
3.      É também – de novo – a prova de que existem outros formatos de publicação de BD, que podem ser (economicamente) viáveis para o mercado português…
4.      Neste caso o chamado “formato livro”, com quase duas centenas de pranchas que compilam os dois tomos originais, e pouco mais caro do que o álbum tradicional.
5.      É verdade que nalguns casos – poucos – a legibilidade dos balões ficou algo comprometida, mas no global o objecto em si satisfaz e cumpre bem a sua missão.
6.      “Pequenos Prazeres” – num registo de todo diferente do de “Persépolis” – conta as (des)aventuras de Arthur com o belo sexo.
7.      Tímido, algo introvertido e complexado, não é no entanto muito diferente dos homens da sua idade – aquela zona indefinida entre o fim da juventude e a entrada na idade adulta – demonstrando muitas dificuldades em relacionar-se com colegas, amigas ou simples (complexas?) desconhecidas.
8.      Representante de uma geração desde cedo bombardeada com sexo – como se nada mais houvesse na vida – vê-se e deseja-se para encontrar alguém com quem o partilhar…
9.      Mas mesmo quando (quase…) o consegue, os preconceitos, ilusões e medos sobrepõem-se ao momento e quase sempre estragam-no.
10. Colectânea de anedotas conhecidas, situações inesperadas e ideias divertidas, “Pequenos Prazeres”, se não transpira tanto sexo quanto quer deixar a entender o texto da contracapa, tem-no como tema central…
11.  Tratado com bastante humor, com facilidade diverte e provoca sorrisos, até pela facilidade de identificação com muitas das situações ou o inesperado de muitos dos desfechos.
12.  O tom aqui e ali um pouco mais picante – mas de todo longe de exigir uma bolinha vermelha no canto superior das páginas – acaba por ser aligeirado pelo traço escolhido: caricatural, agradável (, “fofinho” dirão muitos), próximo do utilizado nas figuras “Amor é…” que estiveram em voga nos anos 80, num contraste que surpreende e acaba por funcionar bastante bem.
13.  Com uma capa apelativa, “Pequenos Prazeres”, leitura leve e que dispõe bem, mais do que dirigido aos habituais leitores de quadradinhos, tem tudo para agradar a um espectro de público bem mais vasto.
14.  O que não deixa de ser bem positivo, como tudo que contribua para aumentar o número de leitores (também) de BD em Portugal e o espaço de prateleira nas livrarias para este género.


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