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13/03/2012

L'île au Trésor









D'après le roman de Robert Louis Stevenson
Sylvain Venayre (argumento)
Jean-Philippe Stassen (sesenho)
Futuropolis (França, 9 de Fevereiro de 2012)
215 x 290 mm, 96 p., cor, cartonado
17,00 €



Resumo
A procura de uma fortuna em dinheiro, no estaleiro de uma obra parada, é o mote desta história actual, decalcada de “A Ilha do Tesouro”, de Robert Louis Stevenson.

Desenvolvimento
Um dos mais célebres romances de aventuras, “A Ilha do Tesouro”, de Robert Louis Stevenson, ao longo dos anos foi por diversas vezes objecto de adaptações aos quadradinhos, incluindo – pelo menos uma – em português, pelo mestre Fernando Bento.
Mais ou menos fiéis, mais ou menos possuídas do espírito original da obra, todas elas – acredito eu – se ativeram às personagens, à localização e à época que Stevenson definiu no original.
Até agora. Porque esta L'île au Trésor transporta para a actualidade a trama base do romancista, embora mantendo os nomes dos intervenientes bem como o seu objectivo: encontrar um tesouro. Só que enquanto aquele era um “tesouro” tradicional – arcas cheias de ouro e jóias, esquecidas numa qualquer ilha (mais ou menos) deserta – agora trata-se de malas cheias de dinheiro que deveria ser utilizado para pagamento de luvas e financiamento ilegal de partidos, esquecidas num imóvel que deveria já ter sido destruído para dar lugar a outro, mas cujas obras foram suspensas.
Tudo começa quando um estranho viajante chega a um pequeno café-restaurante onde aluga um quarto e pede para o avisarem se aparecer alguém a perguntar por si. Só que o acaso gosta de frustrar as convenções humanas e o (re)encontro com os seus perseguidores acaba por se dar, conduzindo à sua morte mas também ao desaparecimento do seu segredo nas mãos da pequena Jacquot, filha do dono do café, recém-órfã de mãe e pai.
Na continuação, tal como uma ilha no meio de um bairro suburbano, aquele estaleiro vai ser alvo do confronto entre dois grupos, um ligado à sociedade que quer recuperar o seu dinheiro, outro formado por habitantes locais que querem com ele refazer as suas vidas. Mesmo que isso possa não passar de uma ilusão ou ter um preço – em memórias e vidas humanas – demasiado alto a pagar.
Entre estes últimos está a pequena Jacquot, que vai descobrir como a vida pode ser dura e negra. Tão negra como a sua pele. Tão negra como os tons escuros e sombrios que Stassen escolheu para tratar a trama que Venayre lhe confiou, tornando mais duro e agreste o traço linha clara que é a sua imagem de marca, mas que aqui surge (quase) despojado das cores quentes e vivas que noutras obras o têm tornado mais agradável. Mas revelando-se igualmente eficaz na condução do leitor ao longo da história, durante a qual vai descobrindo – com surpresa – os paralelos entre a trama original e a que agora desfruta, sem o deixar esquecer que, apesar deles, esta é uma história – dura, violenta - nova, bem ancorada no nosso tempo.

A reter
- A interessante transposição da obra de Stevenson – das suas personagens, da sua estrutura original – para os nossos dias, colando-a a uma temática bem actual.
- O trabalho gráfico de Stassen, de planificação simples e tradicional, mas de uma elevada eficácia e legibilidade.

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