D'après le roman de Robert Louis Stevenson
Sylvain Venayre
(argumento)
Jean-Philippe Stassen (sesenho)
Futuropolis (França, 9 de Fevereiro de
2012)
215 x 290 mm, 96 p., cor, cartonado
17,00 €
Resumo
A procura de uma fortuna em dinheiro, no estaleiro de uma obra parada, é
o mote desta história actual, decalcada de “A Ilha do Tesouro”, de Robert Louis Stevenson.
Desenvolvimento
Um dos mais
célebres romances de aventuras, “A Ilha
do Tesouro”, de Robert Louis Stevenson, ao longo dos anos foi por
diversas vezes objecto de adaptações aos quadradinhos, incluindo – pelo menos
uma – em português, pelo mestre Fernando Bento.
Mais ou menos
fiéis, mais ou menos possuídas do espírito original da obra, todas elas –
acredito eu – se ativeram às personagens, à localização e à época que Stevenson
definiu no original.
Até agora.
Porque esta L'île au Trésor transporta
para a actualidade a trama base do romancista, embora mantendo os nomes dos
intervenientes bem como o seu objectivo: encontrar um tesouro. Só que enquanto
aquele era um “tesouro” tradicional – arcas cheias de ouro e jóias, esquecidas
numa qualquer ilha (mais ou menos) deserta – agora trata-se de malas cheias de dinheiro
que deveria ser utilizado para pagamento de luvas e financiamento ilegal de partidos,
esquecidas num imóvel que deveria já ter sido destruído para dar lugar a outro,
mas cujas obras foram suspensas.
Tudo começa quando um estranho viajante chega a um pequeno café-restaurante
onde aluga um quarto e pede para o avisarem se aparecer alguém a perguntar por si.
Só que o acaso gosta de frustrar as convenções humanas e o (re)encontro com os
seus perseguidores acaba por se dar, conduzindo à sua morte mas também ao
desaparecimento do seu segredo nas mãos da pequena Jacquot, filha do dono do
café, recém-órfã de mãe e pai.
Na continuação, tal como uma ilha no meio de um bairro suburbano, aquele
estaleiro vai ser alvo do confronto entre dois grupos, um ligado à sociedade
que quer recuperar o seu dinheiro, outro formado por habitantes locais que
querem com ele refazer as suas vidas. Mesmo que isso possa não passar de uma
ilusão ou ter um preço – em memórias e vidas humanas – demasiado alto a pagar.
Entre estes últimos está a pequena Jacquot, que vai descobrir como a vida
pode ser dura e negra. Tão negra como a sua pele. Tão negra como os tons
escuros e sombrios que Stassen escolheu para tratar a trama que Venayre lhe
confiou, tornando mais duro e agreste o traço linha clara que é a sua imagem de
marca, mas que aqui surge (quase) despojado das cores quentes e vivas que
noutras obras o têm tornado mais agradável. Mas revelando-se igualmente eficaz
na condução do leitor ao longo da história, durante a qual vai descobrindo –
com surpresa – os paralelos entre a trama original e a que agora desfruta, sem
o deixar esquecer que, apesar deles, esta é uma história – dura, violenta - nova,
bem ancorada no nosso tempo.
A reter
- A
interessante transposição da obra de Stevenson – das suas personagens, da sua
estrutura original – para os nossos dias, colando-a a uma temática bem actual.
- O trabalho
gráfico de Stassen, de planificação simples e tradicional, mas de uma elevada
eficácia e legibilidade.
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