Colecção écritures
Frédéric Boilet e Kan Takahama (argumento
e desenho)
Casterman (França, 12 de Setembro de
2003)
173 x 240 mm, 184, pb e cor (12 p.), brochada com badanas
13,50 €
De que são feitas as
relações? O que as alimenta? O que as mantém? O que as mina? O que as destrói?
“Mariko Parade”, de Frédéric Boilet e Kan Takahama, responde a estas perguntas. Ou melhor, indica pistas, adianta hipóteses. Boas ou más, depende de quem as lê e de como as interpreta.
“Mariko Parade”, de Frédéric Boilet e Kan Takahama, responde a estas perguntas. Ou melhor, indica pistas, adianta hipóteses. Boas ou más, depende de quem as lê e de como as interpreta.
Porque o livro, diga-se
desde já, assume-o Takahama no prefácio, não conta nada, não tem princípio,
meio e fim. Ou melhor, tem meio, pois apanhámos a história em andamento e somos
apeados antes que ela acabe.
Por isso, também,
“Mariko Parade” é um livro estranho. E também pela forma como são encadeadas na
sua narrativa principal, as histórias curtas que Boilet foi publicando no Japão
ao longo dos anos, como se assim tivessem sido concebidas.
Obra de contornos
autobiográficos, conta a relação de um autor de BD (Boilet, francês, radicado
no Japão há alguns anos) com a sua modelo (e companheira, Mariko) vinte anos
mais nova. E conta-nos como esta, no seguimento de uns dias de férias anuncia
que vai partir para os Estados Unidos, para estudar durante dois anos. Que vai
partir no dia seguinte.
E o “nada” que nos é contado, são esses dias de férias. Calmos sossegados,
aparentemente apaixonados às vezes, vazios outras. Um “nada” realçado pela
forma lenta como a história flui. Lentidão consciente, que é acentuada pelos
inúmeros pormenores que são objectos de vinhetas. Como um anúncio num jornal,
uma folha, uma flor, um pé, descalço ou calçado, uma nuvem.
Tudo “nadas”, pequenos
nadas, que às vezes se tornam tão importantes. Como os pequenos nadas que
(também) mantêm as relações, embora possam parecer insignificantes.
(Texto publicado no Jornal
de Notícias de 18 de Outubro de 2003)
- Este é mais um tomo da colecção écritures, já diversas vezes presente aqui As Leituras do Pedro, que completou 10 anos de bons serviços no passado dia 14 de Março. Conto voltar a ela, repetidamente, nas próximas semanas.
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